segunda-feira, junho 15, 2009

O que muita gente ainda não entendeu sobre a transferência de Cristiano Ronaldo

Muita gente ainda não entendeu bem algumas das questões que envolvem e estão na base da transferência de Cristiano Ronaldo para o Real Madrid. Em primeiro lugar que só e apenas o mercado pode definir o valor da transferência e que, portanto, tudo o que se diga fora disso sobre o assunto tem tanto de rigoroso como (já que está na moda) as previsões da astróloga Maya. Pode até envolver questões morais que nos choquem , eventualmente, mais ou menos interessantes opiniões pessoais de políticos, treinadores, etc, em busca de popularidade fácil. Mas nada disso é relevante para a análise “pura e dura” do negócio. Se o Real Madrid de Florentino Perez pagou esse valor, mais o que se propõe pagar em salários e outras regalias ao longo de um contrato de seis anos, é porque, certamente, tem a expectativa de rentabilizar o negócio em função de análise previamente efectuada. O mercado – e apenas ele - dirá, pois, se essa expectativa se confirma e, consequentemente, se era esse o valor real do jogador.

Em segundo lugar, Cristiano Ronaldo não é apenas - ao contrário de Messi, por exemplo - um jogador de futebol. É uma pop star, uma vedeta do espectáculo e, enquanto tal e como tantas outras, o seu “modelo de negócio” não se restringe a que jogue bem futebol, mas exige e passa necessariamente por uma transferência deste tipo (a mais cara de sempre), pois isso é fundamental para manter e acentuar o “hip” que o lança para as páginas dos jornais, das revistas cor-de-rosa, das objectivas dos paparazzi, para os braços de todas as Paris Hilton deste mundo. Por muito que nos custe admiti-lo, se deixar de “aparecer” e ser notícia por essas razões e se limitar a jogar futebol o seu valor de mercado decrescerá vertiginosamente.

Por último, para o “modelo de negócio” do Real Madrid de Perez estas contratações milionárias de jogadores de futebol que sejam também vedetas do espectáculo são também elas indispensáveis, porque também são elas e o “glamour assim criado que estão na base das expectativas de rentabilização do negócio através das acções de merchandising, dos direitos de imagem, do incremento da facturação do clube através dos espectáculos e acções que promove. Sem os Ronaldos e Kakás deste mundo, contratados a preços que são notícia de primeira página e ousam escandalizar, o seu “modelo de negócio” não teria qualquer reason for beeing, qualquer suporte "ideológico".
Um casamento de conveniência, portanto, uma conjugação de interesses que mutuamente se apoiam.

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro JC
Receio que, optando-se por um modelo de futebol que integre as revistas côr-de-rosa e as Paris-Hilton deste mundo, a essência futebol fique mais a perder.No Manchester United futebol foi a regra, "core" onde Ronaldo mais se destacou.O resto era acessório.
Já o caso do Real Madrid me parece o inverso.É que as restantes "stars" madrilenas não gostarão de se sentir ofuscadas pelo brilho de um só "socialite" ou sentir que apenas servem uma estrégia comercial assente num jogador-espetáculo exímio no "show business".Pode ser um grande negócio comercial, bom para o clube e para o jogador, mas no final o que fica é a boa ou má imagem do futebolista que foi e, no tocante à equipa, se foi ou não, um grupo forte e vencedor.
O resto é uma "vanity fair" onde só mudam as moscas e onde as putativas virtudes ou proezas são apenas efémeras.
Com os cumprimentos.
JR

JC disse...

Não é um modelo de futebol, caro JR, é um modelo de negócio que tem o futebol como base. Neste caso, é isso que está em causa, independentemente das nossas preferências pessoais.
Cumprimentos