terça-feira, junho 30, 2009

Uma "greve" da PSP?

Desde sempre pugnei pela “civilização” da PSP; isto é, para que deixasse de ser uma instituição militarizada, dirigida por oficiais do exército e um Comandante-Geral, sujeita a um regulamento ao estilo RDM, e passasse a ser uma polícia civil, com quadros próprios e dirigida por um Director Geral, tal como acontece na grande maioria dos países democráticos e civilizados. Felizmente, isso concretizou-se.

Também desde sempre defendi a liberdade de associação dos seus membros, apenas com as limitações de estatutos e direitos inerentes à especificidade da função enquanto força de segurança e de apoio aos cidadãos. Nessas limitações incluo, como não poderia deixar de ser, o direito à greve.

Espantosamente, vejo uma das associações da PSP (acho que a mais representativa) apelar, de facto, com recurso a um muito pouco dúbio "palavreado" do género “rabo escondido com gato quase todo de fora”, à efectivação de uma greve no próximo dia 2, quinta-feira, numa clara violação dos seus estatutos e deveres.

Fico a aguardar a única reacção possível da sua direcção e do governo: manter a legalidade democrática e punir os prevaricadores.

7 comentários:

Anónimo disse...

O senhor Gato Maltês tem a noção de que meter um dia de férias ainda não é algo considerado ilegal? Chame-lhes prevaricadores... e toca a malhar, pois claro.

JC disse...

Em condições normais não é. Mas o que dizer se um nº significativo de agentes o fizer no mesmo dia e depois do comunicado da Associação Sindical? Por princípio, abomino quem tente fazer de mim estúpido!
Cumprimentos

Rui Cunha disse...

Sr. Gato Maltês, mal está V.ª Ex.ª quando assim pensa!
Se um dos meus direitos assegurados é o gozo do período de férias, então porque é que não posso gozar esse dia no próximo dia 02?
Assim até aproveito para visitar a Metrópole, logo em dia de aniversário da PSP!
Chame-me prevaricador que eu não me importo,da minha parte não tem que se preocupar, se a caminho do local de reunião acontecer algo de grave, dita-me a minha consciência que o cidadão estará sempre em 1.º lugar e em vez de comparecer num local previamente agendado para lutar pelos meus direitos, posso é ter que comparecer em Tribunal num dia de férias ou numa folga, com os prejuízos daí decorrentes para a minha pessoa e sobejamente conhecidos daqueles que seguem as notícias na Comunicação Social, conforme julgo V.ª Ex.ª ter conhecimento.
Um bem haja para aqueles que se sentem bem no seu PAÍS e se sentem de BEM com a sua Polícia!

Vic disse...

"Se um dos meus direitos assegurados é o gozo do período de férias, então porque é que não posso gozar esse dia no próximo dia 02?"

Ora aí está um argumento que nao colhe. Em qualquer emprego, os dias de férias são marcados de comum acordo entre empregado e empregador, a não ser naqueles em que o empregador encerra a firma em determinado mês. Não me recordo nenhum - e tenho alguma experiência de direitos sindicais - em que o empregado meta férias quando lhe apetece.
Mas claro que este caso é nitidamente um exemplo daqueles a que chamamos de esperteza saloia, ou como diz o gato Maltês, de rabo escondido com quase todo ele de fora.
E eu até sou dos que se sentem bem no seu País e se sentem bem com a sua polícia, e até acho que essa polícia tem razão em muitas das reivindicações que fazem
O que não quer dizer que me sinta bem com o facto de me quererem comer por lorpa.

JC disse...

Caro Rui Cunha:
Quanto à marcação e gozo de férias, remeto-o para o comentário de VdeAlmeida.
Devo acrescentar que, em mtºs aspectos, aprecio a evolução da PSP nos últimos anos, mais profissional, bem preparada e "amiga do cidadão". Mas tb me reconheço nas críticas em tempos expressas pelo antigo responsável do IGAI, Clemente Lima, e nos relatórios da Amnistia Internacional. Não discuto a "bondade" das reivindicações, pois não conheço o assunto em pormenor, mas apenas a ilegalidade dos métodos utilizados. Ou até o mau gosto, desprezo pelos cidadãos e desprestígio que acarreta para a instituição, como foi o caso da "cena" dos bonés.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Senhor JC, se por principio abomina quem o tenta passar por estúpido, óptimo, eu tenho exactamente a mesma postura. Mas acrescento, abomino também quem tenta fazer passar os outros por estúpidos, ou... por "prevaricadores", e muito mais quando são pessoas que estão a lutar pela sua dignidade profissional e, consequentemente, pessoal.

Depois de consultar o calhamaço do Código do Trabalho que tenho em cima da minha secretária é um argumento que não colhe, e ninguém estará (pelo menos EU não estou) a tentar comer outrem por lorpa (que linguagem agressiva a utilizada por vossas excelências, não tenham medo que ninguém vos quer fazer mal), o que se defende é a possibilidade de luta da parte destas classes profissionais, sejam eles da GNR, PSP ou outra estrutura militar, porque também eles são seres humanos e têm o direito de lutar por aquilo em que acreditam. O argumento do "estás mal, muda-te" também não faz o menor dos sentidos. Aliás, num Portugal cinzento e conformado faz todo o sentido. "Não lutes, deixa-te consumir pelos números, eles são mais fortes do que tu, não vale a pena!", e através desta falácia os senhores que estão no Governo vão conseguindo empobrecer tudo e todos, enquanto desbaratam milhões de euros do erário público em obras que não fazem o menor sentido no panorama actual ou a salvar bancos que deveriam ter falido!

Continuação de uma boa tarde.

JC disse...

Mas, caro anónimo, onde nego eu, no meu "post", a possibilidade de luta reivindicativa à PSP, enquanto polícia civil? Afirmo, inclusivamente, o seu direito a constituirem associações profissionais de carácter sindical, carácter que as legítimas associações profissionais da GNR já não podem assumir pois, neste caso, estamos perante uma força militarizada.Aliás, já neste "blog" tenho defendido a fusão de ambas as forças políciais numa única polícia civil a que se agregaria posteriormente a PJ como ramo de investigação criminal. Nego apenas o seu direito à greve (ou será que as Associações Sindicais da PSP o defendem? Se sim, digam-no abertamente), de forma clara ou encapotada como parece quererem fazer ultrapassando os regulamentos e fazendo de todos parvos. Acha que, de repente, qualquer estrutura dirigente da PSP pode aceitar, mais a mais depois do v. comunicado, que centenas ou milhares de agentes marquem férias para um mesmo dia? Será que não está no direito de, pura e simplesmente, determinar que por conveniência de serviço não podem ser aceites marcações de férias para essa data?
Lutem, pois, por aquilo que consideram justo; aceito-o sem problemas. Mas respeitando a legalidade, os cidadãos e a instituição a que pertencem que tem como objectivo apoiar os v. concidadãos e manter a legalidade democrática. A PSP não é uma empresa nem se limita a ser um serviço público como qualquer outro. Os portugueses cá estarão para julgar da justeza ou não justeza das v. reivindicações e da natureza da v. luta.
Cumprimentos