A aparentemente extravagante cláusula de rescisão de mil milhões de euros do contrato de Cristiano Ronaldo com o Real Madrid nada mais é do que apenas um elemento adicional na construção de um modelo de negócio consistente que só desse modo pode ter qualquer hipótese de vir a ser bem sucedido. Gostemos ou não gostemos, estamos aqui perante algo de muito semelhante ao chamado “efeito-ostentação”: quanto mais elevados os valores pagos ou atribuídos ao jogador, maiores receitas irá gerar e mais rentável será o negócio.
4 comentários:
Exacto, JC, exacto. Leitura lúcida do "facto": é publicidade, bem feita mas publicidade.
Exacto, mas não sou dauqeles que vê neste tipo de publicidade um mal para o futebol. Na verdade até serve para publicitar o futebol em geral e buscar mais espectadores para a modalidade! Existem muitos desportos que se massificaram através da ostentação (exemplo claro disso é a fórmula 1). Também não vejo o problema do Ronaldo ganhar 12 M€/ano, o Tiger Woods, o Michael Jornal e o Mi. Schumacher ganhavam (sem contratos publicitários) muito mais!
Atenção: não vejo qualquer problema moral, claro, nem em termos promocionais ou publicitários. Mas não estou assim tão certo a indústria beneficie, no seu todo, em termos de aumento da competitividade e subsequente adesão de público. Woods e Schumacher são desportistas que competem em desportos individuais e no caso de Michael Jordan uma boa parte do seu rendimento advém de direitos de imagem. E, como bem sabe, na NBA existem regras quanto a contratações, salários, etc, de modo a manter algum equilíbrio entre as a equipas e, logo, a competitividade da indústria. Há tb que distinguir entre retribuição ao atleta e pagamento de transferências, que não existem da F1 e no golf e na NBA são controladas. Outro exemplo: quando, na F1, uma ou duas equipas começam a ganhar consecutivamente, as regras são de imediato alteradas para o evitar, com o objectivo de manter a competitividade e o interesse dos espectadores. Não pondo de modo nenhum em causa os valores pagos ao CR (O RM saberá se os pode rentabilizar com a ajuda ou não do Ayuntamiento de Madrid) e não sendo adepto de um retorno ao passado (com a regra 6+5, por exemplo) acho que a FIFA e a UEFA deveriam pensar um pouco s/ o assunto, que é bem menos simples do que parece, no sentido de defender a indústria.
Deixem-me acrescentar mais uma coisa. A prova de que a UEFA vê a questão da competitividade, de poderem "ser sempre os mesmos a ganhar", como um possível problema para a indústria, para a sua popularidade e a adesão de espectadores, está nas meias-finais da Champions deste ano: perante o perigo de repetição da final do ano anterior, encarregou uma arbitragem claramente encomendada de resolver o assunto.
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