Nada mais se poderia esperar de José Sócrates na ressaca da derrota eleitoral do PS do que a afirmação de que o governo se iria manter fiel à sua linha política. Afirmar ou mesmo sugerir o contrário seria assumir o erro das políticas implementadas até então pelo governo, ou concordar com os que, na oposição, afirmaram a importância e reflexos “legislativos” (vamos chamar-lhe assim) destas eleições europeias. Mas ficamos não só sem saber a que “linha política” se queria referir José Sócrates nessa noite (se a de antes ou depois da demissão de Correia de Campos), como também qual será a distância que vai das palavras (ou seja, desta declaração) aos actos. Resta-nos aguardar, claro está.
Mas que podem e devem fazer o PS e governo? Bom, em primeiro lugar pedirem aos altos céus que o tempo passe depressa até ao Outono, os portugueses tenham boas férias, o Benfica e o Cristiano Ronaldo forneçam temas para os “media”, Portugal não vá ao Mundial porque o árbitro marcou um "penalty" inexistente contra nós no último minuto, os números do desemprego não aumentem (o incremento sazonal da actividade económica pode dar aqui uma pequena ajuda) e as previsões económicas permitam pensar que a luz ao fundo do túnel não é a do combóio no sentido contrário. Também que as vagas de incêndios, de criminalidade e tudo o que possa contribuir para que o governo não tenha de sair de uma espécie de hibernação onde sugiro, tanto quanto possível, se mantenha não façam a sua triunfante entrada no Verão português. E isto porquê? Porque no estado actual das coisas o ideal seria o governo desaparecer mesmo por uns tempos, já que ao seu primeiro movimento menos consensual “aqui d’el rei” que está a ser populista - quando e se ousar distribuir benesses - que “não pode tomar decisões a médio e longo-prazo”, ou “lá está ele a afrontar os professores, juizes, polícias, etc”. Ou seja: se mexe, pode estar certo que leva!
Por isso, sugiro tome umas decisões mais ou menos consensuais para mostrar apenas que (ainda) existe, finja que decide sobre o TGV sem na realidade o fazer, pergunte a Mário Soares como se conquista a imprensa, ponha os seus militantes a telefonar para os fóruns, arranje um escândalozinho a envolver o PSD assegurando-se previamente que ninguém lhe entra pela porta das traseiras (cuidado, muito cuidado!), aproveite bem as férias escolares para dizer que vai consolidar as reformas feitas no sector, ou seja, que está quieto. Mas diga sempre que vai manter-se fiel ao programa do governo, pois sabe que o “povo da SIC” mais depressa vota num qualquer tipo honesto que governe contra ele do que num trafulha seu amigo. E depois? Bom, para além de ser talvez o momento ideal para José Sócrates se casar, espere que os abstencionistas de agora voltem ao redil em Setembro e que o temor de uma vitória PSD/CDS faça o seu papel junto dos que votaram PCP e, principalmente, “Bloco” nas europeias (entre as duas coisas pode ganhar umas centenas de milhar de votos bem contados). Mas, por favor, não acene demais com a governabilidade, pois o tal “povo da SIC” não gosta lá muito de chantagens e pode virar-se o feitiço contra o feiticeiro.
É arriscado?, já que governo e PS não poderão controlar a maioria das variáveis? Pois é, pois é. Mas, como dizem os políticos quando se querem dar ares de dialogantes mas já decidiram tudo antes disso, aceito de bom grado melhores sugestões!
Mas que podem e devem fazer o PS e governo? Bom, em primeiro lugar pedirem aos altos céus que o tempo passe depressa até ao Outono, os portugueses tenham boas férias, o Benfica e o Cristiano Ronaldo forneçam temas para os “media”, Portugal não vá ao Mundial porque o árbitro marcou um "penalty" inexistente contra nós no último minuto, os números do desemprego não aumentem (o incremento sazonal da actividade económica pode dar aqui uma pequena ajuda) e as previsões económicas permitam pensar que a luz ao fundo do túnel não é a do combóio no sentido contrário. Também que as vagas de incêndios, de criminalidade e tudo o que possa contribuir para que o governo não tenha de sair de uma espécie de hibernação onde sugiro, tanto quanto possível, se mantenha não façam a sua triunfante entrada no Verão português. E isto porquê? Porque no estado actual das coisas o ideal seria o governo desaparecer mesmo por uns tempos, já que ao seu primeiro movimento menos consensual “aqui d’el rei” que está a ser populista - quando e se ousar distribuir benesses - que “não pode tomar decisões a médio e longo-prazo”, ou “lá está ele a afrontar os professores, juizes, polícias, etc”. Ou seja: se mexe, pode estar certo que leva!
Por isso, sugiro tome umas decisões mais ou menos consensuais para mostrar apenas que (ainda) existe, finja que decide sobre o TGV sem na realidade o fazer, pergunte a Mário Soares como se conquista a imprensa, ponha os seus militantes a telefonar para os fóruns, arranje um escândalozinho a envolver o PSD assegurando-se previamente que ninguém lhe entra pela porta das traseiras (cuidado, muito cuidado!), aproveite bem as férias escolares para dizer que vai consolidar as reformas feitas no sector, ou seja, que está quieto. Mas diga sempre que vai manter-se fiel ao programa do governo, pois sabe que o “povo da SIC” mais depressa vota num qualquer tipo honesto que governe contra ele do que num trafulha seu amigo. E depois? Bom, para além de ser talvez o momento ideal para José Sócrates se casar, espere que os abstencionistas de agora voltem ao redil em Setembro e que o temor de uma vitória PSD/CDS faça o seu papel junto dos que votaram PCP e, principalmente, “Bloco” nas europeias (entre as duas coisas pode ganhar umas centenas de milhar de votos bem contados). Mas, por favor, não acene demais com a governabilidade, pois o tal “povo da SIC” não gosta lá muito de chantagens e pode virar-se o feitiço contra o feiticeiro.
É arriscado?, já que governo e PS não poderão controlar a maioria das variáveis? Pois é, pois é. Mas, como dizem os políticos quando se querem dar ares de dialogantes mas já decidiram tudo antes disso, aceito de bom grado melhores sugestões!
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