Finanças dos "3 grandes" à "vol d'oiseau"

1. O prejuízo dos três primeiros trimestres do exercício 08/09 (o ano fiscal das SADs vai de Julho a Junho) apresentado pelo SLB Futebol SAD (18, 4 MM) prova que a presença na Champions League é essencial para um equilíbrio das contas, não só pelo aumento de receitas que permite como pela possibilidade acrescida da realização de receitas extraordinárias por via da venda de um ou outro passe de jogadores, dada a “montra” que constitui.
   
2. Não conhecendo a estrutura de custos, é difícil analisar se e como será possível fazer face a um "déficit" de exploração crónico por via da sua redução, mas não me parece qualquer actuação nessa área possa ter efeitos significativos sem perda de qualidade da equipa profissional de futebol, onde se situam os principais custos salariais, o que prejudicaria os objectivos enunciados no primeiro ponto. Mas uma cuidadosa análise custos/benefícios nesta área é muito importante.
   
3. Se a realização de receitas extraordinárias com a venda de passes de jogadores é essencial, parece-me errado que uma política de recursos humanos tenha o seu foco em jogadores de difícil valorização no mercado internacional - casos de Aimar e Reyes, no presente, ou Zahovic e Drulovic num passado recente. Mas a necessidade de presença permanente na Champions League pode torná-la, aqui e ali e num primeiro momento, necessária. Nunca, contudo, como elemento essencial dessa política. FCP e SCP, clubes que tem realizado maiores encaixes financeiros com a venda de passes de jogadores, nos últimos anos, seguem política diferente: formam ou compram barato e depois valorizam.
   
4. Não me parece criticável que, para o equilíbrio da estrutura financeira da SAD, se proceda á fusão à sua fusão com a Benfica Estádio - ou seja, que o estádio passe a constituir um activo da SAD – uma vez que o Estádio da Luz serve essencialmente para a realização de espectáculos desportivos de futebol profissional, “core business” da S.L.Benfica futebol SAD. Já opinião diversa teria em relação ao centro de estágio.
   
5. De qualquer modo, parece-me mais preocupante a situação do FCP, pois apresenta um prejuízo de exploração, em igual período, de 6,3MM, num exercício em que as receitas correntes se aproximarão da máximização (campeão, vencedor da taça e presença nos ¼ de final da Champions League). Mas a venda do passe de Bruno Alves, por exemplo, deverá ser suficiente para apresentar um resultado anual positivo. No entanto, e de acordo com as informações da própria SAD portista, fico com a ideia que o sucesso desportivo só consegue ser alcançado por via de uma estrutura salarial extremamente inflacionada, situação à qual o número elevado de jogadores sob contrato e emprestados (também treinadores?), base da política de satelização desportiva de outros clubes em que a estratégia do FCP se tem baseado nos últimos anos, não será alheia.