Alain Romans - "Quel Temps Fait-Il À Paris", tema do filme "Les Vacances de Monsieur Hulot", de Jacques Tati (1953)
"Les Vacances de Monsieur Hulot" (trailer)
Vi “Les Vacances de Monsieur Hulot” (1953), o meu primeiro Tati (só mais tarde vi “Jour de Fête”), jovem adolescente, por sugestão do meu pai, no cinema Alvalade onde o filme repunha numas férias de Verão, a época das ditas reposições. Depois disso, terei visto o filme, entre cinema e TV, uma boa meia dúzia de vezes, senão mesmo mais, e, posso dizê-lo, sempre com igual agrado e cada vez mais com ponta de nostalgia acrescida por um tipo de férias “que já não há”, quando se ia para a praia de manhã, dormia a sesta à tarde, nos vestíamos de ”ponto em branco” para ir depois das 5 da tarde ao pinhal e à noite era tempo de camisola de lã.
Com nostalgia ou sem ela, ficou-me para sempre a música que só mais tarde soube de Alain Romans (1905-1988), um francês de origem polaca (como tantos outros imigrantes do princípio do século XX - o célebre futebolista Raymond Kopa, por exemplo), compositor de jazz que trabalhou com Josephine Baker e Django Reinhardt. O tema chama-se “Quel Temps Fait-Il À Paris" e Romans também compôs o tema de um outro filme de Tati, “Mon Oncle”, que se seguiu na ordem cronológica. Mas, de todos eles e talvez por ter sido o meu primeiro, “Les Vacances de Monsieur Hulot” é o meu favorito e Tati, por muitos acusado de algum reaccionarismo (é claramente nos seus valores, no elogio de uma França do bairro, da aldeia, anti-cosmopolita e que confunde identidade com passado um cineasta da França que se irá rever em De Gaulle), alguém ao qual volto sempre com o entusiasmo da primeira vez. Talvez com a nostalgia de reviver aquilo que era a França da minha avó: de Poulidor, do Renault 4CV, do Marie Brizard e do Cointreau, do Paris Match e dos Gauloises. Mas será que essa França existiu mesmo?
Com nostalgia ou sem ela, ficou-me para sempre a música que só mais tarde soube de Alain Romans (1905-1988), um francês de origem polaca (como tantos outros imigrantes do princípio do século XX - o célebre futebolista Raymond Kopa, por exemplo), compositor de jazz que trabalhou com Josephine Baker e Django Reinhardt. O tema chama-se “Quel Temps Fait-Il À Paris" e Romans também compôs o tema de um outro filme de Tati, “Mon Oncle”, que se seguiu na ordem cronológica. Mas, de todos eles e talvez por ter sido o meu primeiro, “Les Vacances de Monsieur Hulot” é o meu favorito e Tati, por muitos acusado de algum reaccionarismo (é claramente nos seus valores, no elogio de uma França do bairro, da aldeia, anti-cosmopolita e que confunde identidade com passado um cineasta da França que se irá rever em De Gaulle), alguém ao qual volto sempre com o entusiasmo da primeira vez. Talvez com a nostalgia de reviver aquilo que era a França da minha avó: de Poulidor, do Renault 4CV, do Marie Brizard e do Cointreau, do Paris Match e dos Gauloises. Mas será que essa França existiu mesmo?
4 comentários:
Abençoadas nostalgias, caro JC.
Filme delicioso, aliás como todos os de Jaqques Tati, um dos mais espantosos humoristas do cinema: "O Meu Tio", "Há Festa na Aldeia", esse incompreendido "Play Time".
Vou tentar, junto de Mr. Ié-Ié, um Bilhete Postal de quando estive, juntamente com o Luis Mira, na Praia do Sr. Hulot.
Quantas vezes já vi "As Férias do Sr. HUlot"? Muitas. A última numa matinée infantil da Cinemateca Nacional no Palácio Foz. Ter o DVD nunca me chega. Quando possível sempre a salinha escura.
Um abraço
gostei bastante do "Playtime", mas já não gostei tanto do "Trafic". a praia e na Bretanha, penso. Será?
Tem graça a coincidência mas as "Férias..." também foi a minha introdução ao universo peculiar de Monsieur Hulot e permance como o meu favorito. Desde o início, com aquela fabulosa sequência no cais dos comboios.
Os filmes do Tati nunca me fizeram rir às gargalhadas (nem seria essa a intenção) mas sinto-me sempre estranhamente feliz quando os revejo. É um cinema que apetece saborear prazenteiramente, sempre com um sorriso nos lábios.
É natural que os cinéfilos da n/ geração tenham visto primeiro "Les Vacances...", pq provavelmente terá sido 1º a ser reposto. Na estreia de ambos ainda não teríamos idade.
Sabes, Rato, de cada vez que tenho de apanhar um combóio numa estação c/ mais de dois cais, lembro-me sempre da cena!
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