sexta-feira, junho 05, 2009

"La Caduta Degli Dei" e "Nachts ging das Telefon"

"La Caduta Degli Dei", de Luchino Visconti (1969)
Sequência final e tango " Nachts ging das Telefon" interpretado por Zarah Laender

"Nachts ging das Telefon" interpretado por Hilde Hildebrand
Tenho uma vaga ideia de “La Caduta Degli Dei” (“Os Malditos”, em português) ter sido um filme também ele maldito para a crítica cinematográfica. Por mim, só não direi é o meu Visconti favorito porque existe “Senso”, que me lembre, o mais operático filme da história do cinema. Independentemente de tudo o mais, é uma lição de História, da ascensão do nazismo e das alianças de classes que o moldam, do seu reflexo a nível das organizações de massas e militarizadas do regime. Também, claro está, do modo como um período conturbado da vida política alemã se reflecte e reproduz nas famílias (neste caso uma família ligada à grande indústria), nos seus comportamentos, mesmo os considerados desviantes, nos seus traumas. Também como estes de reproduzem a nível político, nas opções que se assumem.

Vi o filme primeiro no cinema - penso que não na sua estreia, já que não me espantaria tivesse sido exibido com cortes. Há uma dezena de anos, talvez, revi-o em televisão e a sua sequência final é daquelas que mais nitidamente me ficou, desde o primeiro momento, gravada na memória. Para isso, para essa memória que há muito me persegue, muito terá contribuído uma canção, um, aparentemente contra-natura, tango cantado em alemão que marca indelevelmente a sequência. Claro que não descansei enquanto não descobri, num sobressalto, do que se tratava. Assim, hoje deixo aqui, finalmente, “Nachts ging das Telefon”, um tango de 1937 da autoria de Walter e Willi Kollo, uma parceria familiar de pai e filho. No filme o tema é interpretado por Zarah Laender, ficando aqui um pequeno excerto incluído nessa sequência final, para mim inesquecível. Fica também a interpretação integral de Hilde Hildebrand - para não
dizerem o alemão não é uma língua lindíssima...

2 comentários:

Rato disse...

Helmut Berger, um actor deveras medíocre (para não dizer mesmo mau) tem aqui o papel da sua vida. Por duas razões: pelo personagem, que lhe assenta que nem uma luva, mas sobretudo pela direção de Visconti que quando enamorado dos seus actores (masculinos, entenda-se) os transfigurava por completo (vidé o Delon de "Rocco").
O filme só passou em Portugal depois do 25 de Abril, mais precisamente em Abril de 1975. Foi nessa altura que o vi pela 1ª vez, no Cinema Império. E, claro, ficou-me para sempre também como um dos Visconti favoritos.

JC disse...

Obrigado, Rato, pois não tinha a certeza de o filme ter passado antes ou depois do 25 de Abril. E esqueci-me de mencionar o nome dos actores da sequência: Helmut Berger e Ingrid Thulin.