O governo conseguiu ontem à noite a sua primeira vitória. Enfim, não dá para grande foguetório, mas é, indiscutivelmente, uma vitória.
Ao conseguir o acordo da FNE para o sistema de avaliação de professores sem abdicar de duas questões essenciais e que sempre tinham sido rejeitadas pelos sindicatos (quotas e reflexo na progressão das carreiras), o governo não só resolve um dos problemas deixado pendente pelo executivo de José Sócrates, e que tinha estado na origem do seu enfraquecimento, como, em certa medida, consegue neutralizar uma FENPROF colaborante q.b. e evitar a repetição de um ambiente de crispação e de manifestações de rua entre a classe. A pergunta que se deve fazer é pois a seguinte: porque não foi possível tal acordo durante os dois executivos anteriores? Por clara inépcia política e negocial da equipa dirigida por Maria de Lurdes Rodrigues (ministra cuja acção sempre por aqui elogiei) ou porque, apanhado o governo do PS numa armadilha "em tenaz" entre o PSD/CDS, por um lado, e o PCP/BE, por outro, o que era na altura essencial para a oposição, em acção conjugada, era o enfraquecimento e queda do governo? Isto remete-nos para uma outra pergunta, que, em certa medida, responderá à anterior: para a estratégia do PCP, onde o resultado eleitoral assume um papel relativamente subalterno face à sua estratégia que privilegia a influência sindical e a luta de "massas", é preferível um PS no governo ou entregar este a uma maioria de direita?
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