Confesso não ter entendido muito bem as razões do encontro de ontem entre Pedro Passos Coelho e António José Seguro, a pedido deste último. Ou melhor: não entendo as razões do pedido de audiência por parte de Seguro. Para recordar os tempos das "jotas"? Bom, para tal parecer-me-ia bem mais adequado um convite para uma bebida nas "Docas" ou para um jogo de golfe, não fora o caso deste ser visto como desporto caro e de elite, logo, politicamente incorrecto nos tempos de austeridade que vão correndo. Para Seguro "dar uma" de homem de Estado, moderado e responsável? Bem, pode fazê-lo publicamente em local e ocasião bem mais apropriados, isto é, nos debates quinzenais na Assembleia da República (e o próximo é já amanhã), tudo dependendo do "mood and tone" utilizado e da justeza e relevância para o país das questões colocadas. Além disso, parece-me terá sido Passos Coelho, ao receber pronta e longamente o líder do maior partido da oposição, quem melhor reflectiu essa imagem de estadista interessado nos tais, e por vezes tão necessários, "amplos consensos".
O que me parece tal encontro terá reflectido é, isso sim, o facto de António José Seguro ainda não ter entendido que a única maneira de mobilizar o país em torno de uma alternativa ao actual governo seria demonstrar que ao ter assinado o MoU o terá feito apenas por não existir, ao tempo, outra opção - por "dever patriótico" (seja lá o que isso for), digamos assim - mas que, apesar de honrar esse compromisso, a opção do PS (aquela em que acredita) para o futuro da UE e do país está longe de passar, em termos gerais, pelas políticas expressas no documento que o governo do seu partido assinou com a "troika". Por não ter entendido tal coisa - ou não lhe interessar entendê-lo - o PS (com poucas excepções) e António José Seguro lá se vão entretendo com estas pequenas questões que apenas terão um resultado visível: a consolidação dos resultados eleitorais do PSD expressos em actuais e próximas sondagens.
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