quinta-feira, setembro 01, 2011

Duas notas na "rentrée"

  1. Até admito assista ao primeiro-ministro alguma razão no que diz respeito ao chamado imposto sobre as "grandes fortunas". Pelo menos, antes de qualquer decisão é assunto que merece ser pensado com maior atenção e mais profundidade do que os permitidos pela demagogia e populismo reinantes. Por mim, digamos que tenho dúvidas não inteira e cabalmente esclarecidas. Mas por muita ou apenas alguma razão que possam assistir a Pedro Passos Coelho neste assunto, depois de conhecido o desvario madeirense e do anúncio de mais um aumento de impostos, tal de pouco ou nada lhe servirá. Como político experimentado, Passos Coelho sabe que não é a razão que faz mover o mundo, nem sequer o ter razão é condição necessária, muito menos suficiente, para se ser bem sucedido.
  2. Não foram apenas os políticos "à direita", de PSD, CDS ou das suas áreas ideológicas, que fizeram crescer aquilo que está prestes a transformar-se em mais um "mito urbano": as célebres "gorduras do Estado". Para a difusão de tal "mito" muito contribuíram jornalistas e comentadores de assuntos económicos, bem como outros que, não sendo da especialidade, partilhavam das mesmas opções ideológicas. Perante as evidências, quase me apetecia sugerir se retratassem, apresentando desculpas por se terem enganado. Mas, pensando melhor, sabemos não se tratou fundamentalmente de um engano: qualquer cidadão razoavelmente informado sabia o que estava em causa e o que, na realidade, valiam tais "gorduras". Tratou-se, isso sim, talvez da maior campanha mediática alguma vez conduzida neste país para levar alguém ao poder.

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