Sem uma origem e inserção operárias (ao contrário da maioria dos seus partidos-irmãos europeus), apanhado na voragem do PREC e da subsequente normalização democrática, alcandorado ao poder de modo mais estável em plena vertigem da terceira-via, o PS foi quase sempre vítima das circunstâncias. Com o seu discurso de hoje, António José Seguro parece querer tentar inserir o PS na tradição e valores mais genuínos da social-democracia europeia, onde o partido nunca esteve e para onde Mário Soares o tem tentado projectar nos últimos tempos. Veremos se ao fim de quase quarenta anos, num mundo já muito diferente do da sua fundação, moldado pelo poder autárquico e pela distribuição dos lugares do poder, o projecto terá alguma viabilidade. Parece-me ser esta a questão-chave que o primeiro dia do congresso suscita.
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