domingo, outubro 17, 2010

Os "cortes" de Nogueira Leite

António Nogueira Leite é de opinião que embora o Orçamento de Estado vá no sentido correcto, o governo está a ser “tímido” e ainda haveria lugar para mais cortes na despesa. Certo, é uma opinião a ter em conta que vinda de um ex-Secretário de Estado do Tesouro esperava-se baseada em argumentação sólida e relevantes exemplos concretos. Infelizmente, tal não acontece e o único caso concreto citado é um agravamento em 20% das verbas inscritas para publicidade, como se publicidade fosse igual a lixo ou desperdício e o valor total (que não indica) pudesse ter alguma relevância no total da despesa.

Sim, eu sei que a luta política tem destas coisas e que Nogueira Leite foi membro de um governo de António Guterres, o que lhe deve acarretar alguns problemas de consciência... Mas não será já tempo de discutir estas coisas com seriedade ou, em alternativa, indicar claramente quando se está a pretender fazer humor?

Já agora, sem mais comentários fica aqui* a lista de cargos actuais exercidos por António Nogueira Leite. Será também possível pensar em dar o exemplo e decidir eliminar algum?

*Professor Catedrático (desde 1995), Faculdade de Economia,
Universidade Nova de Lisboa
Administrador executivo da CUF, SGPS, S.A.
Administrador (não executivo) da Reditus SGPS, SA
Administrador (não executivo) da Brisa, SA
Administrador (não executivo) da Quimigal, S.A.
Presidente do Conselho Geral da OPEX, SGMVM, SA
Membro do Conselho Nacional do Mercado de Valores Mobiliários
Vice-Presidente do Conselho Consultivo do Banif Banco de Investimentos
Membro do Conselho Consultivo da APDC
Vogal da Direcção do IPRI

3 comentários:

gps disse...

Já agora o JC também poderia discutir com seriedade e explicar-nos quais destas funções são ou não remuneradas

JC disse...

Nem todas serão remuneradas, pelo menos através de um salário: mas é uma questão de principio.

JC disse...

Caro gps - Acrescento:mesmo as não directamente remuneradas (e mtªs são-no através de senhas de presença) contribuem para "engordar" o Estado e apenas são preenchidas pelo facto de ANL ter sido secretário de estado. Não tenho nada de princípio contra isso (é assim em todos os regimes, nas ditaduras ainda é pior e ANL até tem um CV adequado), mas convém ter alguma coerência. Mas isto não é o aspecto fundamental. Esse é o facto de ANL vir afirmar que é possível cortar mais nas despesas (do que não discordo como princípio) e apenas citar como exemplo uma pequena verba de publicidade, como se tal coisa fosse desperdício. Não é sério.
Cumprimentos