quinta-feira, outubro 21, 2010

Jornalismo de taxista

A demagógica campanha anti-regime conduzida pela comunicação social - mascarada de campanha anti-governo - está a atingir os limites do intolerável. Agora, a propósito do Orçamento de Estado, somos literalmente “apedrejados” (é o termo) pelos “media” com a despesa dos gabinetes ministeriais. Para além de generalidades (X para gasolina, Y para comunicações, etc), que nada revelam para além dos respectivos valores globais, nada de substancial também nos é dito sobre o modo como são utilizadas essas verbas, sobre a sua necessidade ou inutilidade para o normal funcionamento dos gabinetes ministeriais e do governo (deste ou de qualquer outro no passado), sobre a existência ou não de desperdícios, etc, etc. Nada, enfim, que nos permita ajuizar sobre a proficiência na utilização dos dinheiros públicos, como se governos e orgãos de soberania devessem e pudessem ser financiados pelo ar que respiramos. Mas como as verbas são da ordem dos milhões, o que sempre impressiona, atiram-se para títulos de jornal ou frase de abertura de noticiário televisivo esperando que o efeito resulte.

Claro que, mais tarde, esta autêntica “intinfada” de atiçamento da opinião pública contra a política e os políticos é devolvida a esses mesmos “media”, com juros, pelo “povo da SIC” nos fóruns de opinião e nas caixas de comentários dos jornais electrónicos, contribuindo assim para o aumento das audiências, mas também fazendo jus àquilo de que realmente se trata: do mais baixo e reles jornalismo de taxista, pois claro.

2 comentários:

Queirosiano disse...

Ao imputar a essa gente uma campanha anti-regime está implicitamente a creditá-los de uma inteligência que não têm.

A meu ver, aquilo a que se está a assistir é a conjugação da mediocridade profissional com a mesquinhez que infelizmente ainda é atávica em Portugal. Se ela se manifesta pujantemente em períodos de relativo desafogo, na vontade de se ter e se querer aparentar mais que os "outros", agudiza-se em momentos de crise, na impotência de ver "outros" disporem de meios que não estão ao nosso alcance. Se esses "outros" são os que estão no poder, pior ainda.

É nestas alturas que uma pedagogia e alguma civilização se tornam indispensáveis. Mas não se pode pedir isso a "jornalistas" formados na superficialidade, que não sabem pensar e que, na incapacidade de assumir as suas responsabilidades sociais e profissionais, se identificam com as frustrações difusas e com o primarismo de reacção daquilo a que chama "povo da SIC".
Cumprimentos

JC disse...

Não deixo de lhe dar toda a razão no seu raciocínio, caro Queirosiano, mas na prática acaba por funcionar como uma campanha anti-regime. já agora: fala-se sempre mtº - e bem - na função social das empresas. Pergunto: a função social das empresas de "media" não deveria incluit tb alguma pedagogia política?