terça-feira, outubro 30, 2012

Fernando Ulrich: o banqueiro "pop star"

Fernando Ulrich sempre cultivou a imagem do banqueiro "informal", "terra a terra". Talvez por personalidade ou por necessidade estratégica de contrastar com a sobriedade formal e o recato que são normalmente, e quanto a mim bem, paradigma dos seus pares. É esta última atitude que esperam os cidadãos daqueles a quem dão a gerir o seu dinheiro. Durante muito tempo tal imagem funcionou, e Fernando Ulrich quase se tornou estrela "pop", animador convidado de debates e fóruns televisivos, arriscando mesmo incursões na antecâmara do comentário político. Acontece que hoje terá perdido o controle sobre essa sua imagem e a criatura usurpou finalmente o lugar do criador. É frequente tal acontecer quando sistematicamente se joga no risco, se caminha no fio da navalha, se arrisca em equilíbrios à beira do abismo, coisa que banqueiros avisados e experientes sempre evitaram fazer. Se tal fosse ainda necessário, ficou hoje provada a sua razão. 

20 comentários:

Anónimo disse...

Este senhor devia ter vergonha na cara. Nem os seus accionistas acompanharam as necessidades de Capital do banco que administra.
Foram os contribuintes Portugueses que o salvaram
Quando os portugueses comecarem a retirar o dinheiro das suas poupanças do Bpi e outros vamos ver se o sr fernando do bpi se aguenta...

Cumprimentos

Unknown disse...

Por estas e por outras é que os judeus sofreram o holocausto. O judeu Ulrich que se cuide e não abuse da sorte.
E, só para começar, os PORTUGUESES deviam mudar de banco.

JC disse...

Fernando Souza: comentários como esse, de índole racista e anti-semita, serão de futuro apagados. Deixo apenas aqui o seu como mau exemplo.

Anónimo disse...

Aqui está um conselho para Passos Coelho, mais austeridade para a Banca que eles aguentam, aguentam, eles estão aí.
Devia ter vergonha, pelos vistos quer ter mais casas na carteira de imóveis em dação e mais crédito mal parado

Unknown disse...

JC: Não lhe reconheço autoridade para adjectivar o meu comentário "como mau exemplo".
Só por gritante ignorância se poderá especular da forma como fez, procurando assim apagar a História com moralismos estéreis. Deveria saber que, embora em circunstâncias diversas, a "mestra da vida" vai-se repetindo através dos tempos, como aliás se comprova pelos Torquemadas, julgados mortos e enterrados, mas que, afinal, continuam bem vivos e actuantes.

gin-tonic disse...

Caro JC,
Este teu comentário foi citado na íntegra,no jornal das 22,00 horas da SIC notícias.
A minha esmerada educação não permite comentar a afirmação do banqueiro.
Apetece não sei o quê, qualquer coisa à beira do despero, nestes tempos tão desesperados...
Um abraço

Pedro disse...

O FUlrich tem razão: os portugueses podem e vão ter de aguentar muito mais austeridade: ninguém ainda parece ter percebido que não podemos continuar a ter 70,5 mil milhoes de receitas e 78,1 mil milhoes de despesa do Estado! Apesar da enorme austeridade!
É bom que nos preparemos para:
- ainda mais cortes nos subsidios e pensoes
- ainda mais desemprego: 20 a 25%

e isto porque com a histeria colectiva por causa de cortes de 5-10% no rendimento da classe média e alta, vai levar a que ninguém queira investir em Pt e assim não param as falências, o desemprego, etc.

E de resgate em resgate a situacao vai ser pior - morte lenta. E a alternativa à la Bloco Esquerda/PC é acabam-se os resgates, mas acaba o dinheiro. Primeiro serao funcionarios e pensionistas "em atraso" e rapidamente colapso das importacoes, racionamentos e de volta ao 3o mundo dos anos 60 e 70.
Sim, o Ulrich tem razão: ainda pode ser muito pior se não ganharmos juízo.

Scorpion disse...

Pedro, lamento que haja gente passiva e conformada como você.
Compreendo que o JC tenha chamado a atenção de um comentário pelo seu conteúdo e destacá-lo como um mau exemplo e, a mim, apetece-me utilizar o seu como o exemplo de conformismo que NENHUM português deve seguir mas que, infelizmente, é o mais comum e nos trouxe até este estado de coisas.
Para pessoas como o Pedro, a recuperação da crise deve continuar a ser suportada á custa da eliminação do estado social e do "saque" a quem pouco, ou nada, tem...
É muito fácil "cantar de galo", como o faz o (...) ulrich, quando se tem, como é o caso dele, meios para enfrentar a austeridade que só meia dúzia de portugueses possuem por conta de explorarem o trabalho e sacrifícios de 10 milhões de portugueses...
Não! Não sou, de todo, apologista da teoria do BE/PC, mas é chegada a altura de os actuais políticos terem a coragem de levar a tribunal quem roubou o país com - citando apenas um dos "milhentos" exemplos - obras públicas em "catadupa" e completamente desnecessárias e fazê-los devolver o dinheiro ao país. E se eles (políticos) não têm coragem, ou não lhes convem por terem o "rabo preso", então que seja o povo a tomar as "rédeas" e fazer esses ladrões sentar o "cú no mocho". Agora essa conversa do "ganharmos juizinho" quando há idosos que, quando vão á farmácia, têm que escolher qual dos medicamentos vão prescindir porque não têm dinheiro para levar todos os que necessitam é, no mínimo, estar, como o ulrich, desfasado da realidade...
A si, Pedro, eu digo: Tenha VOCÊ juizinho!

Pedro Ramalho Carlos disse...

Scorpion:
1. O que eu escrevi foi que o "Ulrich tem razão": Infelizmente vamos ter de aguentar com muito mais austeridade e não é por isso que vamos morrer.
No seu comentário não encontro nada que indicie que ele não tenha razão.

Em relação aos outros temas que levanta:

2. Já que me classifica na categoria de "pessoas como o Pedro" e como "passivo e conformado" sem me conhecer, não me parece que valha a pena explicar-lhe alguns dos caminhos que vejo para sair da crise, mas mesmo assim vou dar-lhe o benefício da dúvida e tentar:

Reformar o Estado Social: a) o Estado só deve pagar a saúde e educação dos que realmente precisam... e não de todos. Os que podem devem pagar. (já reparou que este estado social faz com que o Ulrich tenha os mesmos subsídios nos medicamentos que um reformado de salário mínimo)? b) criar concorrência em todos os serviços que não sejam monopólios naturais - regulando de forma eficaz (porque é que há empresas privadas de transportes rentáveis e sem greves e temos um sector público recordista em greves, salários altos, e mau serviço?) c) limitar a camada "política" do aparelho de Estado e das administraçoes publicas (acabando com duplicaçao das funçoes técnicas pelos "assessores" políticos - vulgo boys - que a cada ciclo laranja-rosa parasitam o Estado social.) No máximo 100 ou 200 decisores e assessores políticos em toda a Adm Publica.

Fomento da Economia:
- Criar um conjunto de Princípios base das regras de jogo para as empresas em Portugal: a) cenário fiscal PREVISÍVEL a LONGO PRAZO e preferencialmente competitivo a nível global (as empresas não tem de ser comparadas com pessoas para efeitos fiscais - em tempos de crise e desemprego o que faz sentido é desagravar os seus custos - para que sobrevivam e cresçam e voltem a criar empregos) b) melhorar a eficácia e rapidez da Justiça (para deixarmos de ser um País de 3o mundo em termos de prazos). Temos de estar no top 5 da competividade empresarial em vez de top 40 para inverter o ciclo de desinvestimento.

3. Há-de me explicar em que é que um País na bancarrota, com uma moeda irrelevante e desvalorizadíssima, ajudaria o idoso a comprar todos os medicamentos de que putativamente necessitará.

4. Em relação aos desvarios dos últimos 15 anos em obras faraónicas, penso que será difícil pedir aos trabalhadores que legitimamente receberam pelo seu trabalho, para devolverem o que receberam só porque a obra era desnecessária... E o julgamento dos políticos, em democracia e liberdade, faz-se em eleições... não nos tribunais e ainda menos na rua.
O que é assustador é a rapidez com que nos esquecemos enquanto Povo: a) dos responsáveis b) do discurso de facilidades com que nos enganavam e com que continuam a enganar-nos.

5. Para finalizar, em relação ao meu conformismo e passividade lamento desapontá-lo, mas falhou na avaliação. E sim, tenho juízo... felizmente há muito tempo: nunca acreditei no discurso das facilidades e nunca contei que fosse o Estado a resolver os meus problemas. Nem foi no passado nem será no futuro.

Anónimo disse...

Scorpion

Concordo integralmente com o seu comentário.
Apenas recordar que o banco que o senhoir fernando dirige recebeu do estado 1.500 milhões de euros. Dinheiro que é pago pelos contribuintes portugueses.

Com o estado actual da europa cada vez estou mais convencido que só a sáida do euro nos pode vir a salvar. Com o estado actual das coisas e com a estratégia (ou ausência da mesma) europeia cada vez ficaremos pior.
Passivismo e conformismo nunca.

JC disse...

Peço desculpa de não responder a todos, até oq a grande maioria dos comentários são "self explanatory" e geraram entre eles uma saudável discussão. Agradeço a todos.
Duas excepções: ao Gin-Tonic, que é meu amigo, a quem agradeço a informação (não vi) e envio um grande abraço e saudações benfiquistas; ao Fernando Souza para lhe reafirmar que comentários de teor racista e ofensivo não são por aqui tolerados. E chamar "judeu" a Fernando Ulrich (que tem de facto ascendência judaica)e dizer que "foi por essas e por outras que os judeus sofreram o holocausto", como se houvesse algo que pudesse justificar a barbárie, são afirmações que considero intoleráveis e que não autorizarei tenham lugar neste "blog". Cumprimentos a todos.

Anónimo disse...

"E o julgamento dos políticos, em democracia e liberdade, faz-se em eleições... não nos tribunais e ainda menos na rua."

Devia fazer-se nos tribunais sim. O facto de serem políticos não os isenta de responsabilidades e de responder criminalmente quando agem contra a lei. Apesar do que dizem responsáveis pela justiça todos sabemos que há corrupção, favorecimento e enriquecimento ilícito. Porque é que o Parlamento nunca aprovou leis contra a corrupção e o enriquecimento ilícito? Muitos seriam condenados. Todos o sabemos. Bastava alterar o "ónus da prova".

JC disse...

Caro anónimo das 6.20pm: já existem leis para julgar quem comete ilícitos criminais, sejam ou não políticos. Aliás, os cidadãos são todos iguais perante a lei, não podendo existir leis especiais para cidadãos que num dado momento exercem ou exerceram cargos políticos. Se não existem condenações é pq a investigação foi incompetente, mal conduzida ou não foi possível provar a infracção em tribunal competente, por as razões que citei ou pq nem sequer existiu. E se existe enriquecimento ilícito é pq algum crime foi cometido (não acha?) e é esse crime (roubo, peculato, tráfico de influências, etc) que deve ser julgado, já existindo leis para o fazer. Quanto ao ónus da prova, devo dizer-lhe a a presunção de inocência é um pilar fundamental do Estado de Direito Democrático e uma conquista civilizacional. Quando deixar de existir deixa de haver democracia e civilização.
Cumprimentos

Karocha disse...

JC

Num país aonde a justiça não funciona, nada funciona.

JC disse...

Ah, funciona, funciona, Karocha:-)

Karocha disse...

JC

Você deve saber de algo, que nem eu nem o José da portadaloja estamos ao corrente!

JC disse...

A Justiça, de facto, funciona mal, mas a justiça popular, que vai condenando quem lhe apetece nas páginas dos jornais, essa infelizmente funciona bem.

Karocha disse...

Não é dessa que eu estou a falar, JC!

ié-ié disse...

ex-jornalista do Expresso...

LT

JC disse...

Sim, Ié-Ié. Salvo erro, assinava uma coluna chamada "A Mão Invisível".