Tal como aconteceu durante os governos de José Sócrates, o PS está novamente a sofrer o "efeito tenaz", entalado entre a esquerda radical e comunista e a direita do PSD e CDS, o levou à queda do governo minoritário de José Sócrates e torna praticamente inviável um seu regresso ao poder sem ser incluído numa qualquer versão de "bloco central" ou governo de "salvação nacional". Agora, a tentativa da esquerda radical e comunista para liderar o movimento popular de contestação, que esteve na base da manifestação do passado sábado, tende novamente a colocar o PS, de forma aguda, nessa desconfortável posição, face a uma moção de censura à qual Seguro só poderá responder pela abstenção. Num cenário de extrema radicalização de posições, sendo essa a única opção possível ela reflecte também alguma ambiguidade, pelo que tornará necessário ao PS, não só um inequívoco voto "não" no orçamento de Estado, como que o partido pense a sério na hipótese de numa futura moção de censura própria. Quanto ao resto, sobra-lhe apenas a hipótese de trabalhar a prazo para o surgimento à sua esquerda de um pequeno partido respeitador da democracia liberal representativa, do Estado de Direito, que não tenha como objectivo último a quase total estatização do país e que possa "pescar" nas actuais águas de PCP e BE. Digamos que se em condições normais esta já seria uma verdadeira "hell of a task", na actual situação torna-se missão quase impossível. Mas é também nas situações de crise que o mundo muda mais depressa.
2 comentários:
Foi o próprio PS que se colocou nessa situação. Acha mesmo que o PS vai pescar nessas águas ou será que a tendência é a exactamente oposta, a destes partidos pescarem nas águas do PS? É que o "memorando" não leva a lado nenhum e o PS já devia ter entendido isso. No final do ano o actual défice de 6,8% estará provavelmente nos 8 ou 9%, a recessão em 5%, o desemprego em 18 ou 19. Isto é insustentável e decorre da uma lógica profundamente errada.
Caro Mário Teixeira: pese todos os seus mtºs erros, o PS, salvo circunstâncias mtº, mas mtº excepcionais, nunca poderia votar uma moção de censura de BE e PCP, confundindo-se com partidos que têm uma concepção de sociedade que nada tem a ver com a do PS. E isto nada tem a ver tb com o memorando levar ou não a lado algum (dificilmente levará a algo de positivo).
E se o PS quer ter futuro como partido do governo terá, não que pescar nas águas à sua esqª, mas ter à sua esqª um partido democrático com o qual sejam possíveis alianças ou acordos de governo. E esses nunca serão o PCP e o BE actuais.
Cumprimentos
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