“Não podemos permitir que todos aqueles que estão nas empresas privadas ou que estão no Estado fixem objectivos e não os cumpram." - Pedro Passos Coelho, primeiro- ministro de Portugal
- Bom, ora pensava eu que no Estado existiam modelos de avaliação credíveis e que a progressão na carreira dos seus servidores se realizava em função dessa mesma avaliação... Também pensava que quem não cumprisse sistematicamente objectivos determinados conjuntamente se arriscava a sofrer penalizações salariais e, no limite, a perder o seu emprego. Mas, segundo Passos Coelho, parece que não será bem assim... E, infelizmente, também eu sei que não é. Compete-me então perguntar: em vez de vir para um jantar de militantes "mandar este género de palpites", queixar-se como um qualquer "piegas", sendo primeiro-ministro, porque não implementa no Estado um sistema credível de planeamento e avaliações de desempenho e progressão nas carreiras que permita reduzir e minimizar os casos de incumprimento dos objectivos fixados? Já agora, que penalizações irão este seu governo, o seu primeiro-ministro e o ministro Vítor Gaspar sofrer pelo incumprimento das metas orçamentais e cenário macro-económico traçados para este ano? Ou estaremos perante a "lei do funil" que estreita em função dos destinatários?
- E lá vem novamente o populismo desbragado da "penalização criminal", tentando atirar areia para os olhos do "povo da SIC" e assumindo Passos Coelho o seu momento Teixeira da Cruz. Escusado dizer que este país já tem leis que prevêem a responsabilização civil e criminal de quem as não cumpre e ninguém respeitável - repito: ninguém - estará disposto a assumir um cargo público se correr o risco de ser responsabilizado criminalmente apenas por falhar objectivos E a não ser que Passos Coelho e alguns dos seus ministros pretendam vir a ser encarcerados por não cumprirem as metas orçamentais fixadas (sou o primeiro a pedir-lhes responsabilidades políticas e serei igualmente o primeiro a lutar contra a sua responsabilização criminal caso não tenham infringido a lei), onde quer o primeiro-ministro chegar? Ou acha que num jantar de militantes pode dizer as barbaridades que entende porque, por obra e graça divina, deixa momentaneamente de ser primeiro-ministro de Portugal? O que está aqui novamente implícito é uma tentativa de subversão da democracia por parte de um governo que se assume como vanguardista e ungido por uma qualquer espécie de mandato divino ou "científico" para mudar os destinos do país. E, note-se, tal é ainda mais evidente se passarmos ao ponto seguinte.
- "Não podemos permitir que todos os que estão nas empresas privadas... fixem objectivos e não os cumpram". E, senhor primeiro.ministro, se tentasse não se meter onde não é chamado? Ou temos agora de volta os "planos quinquenais" soviéticos ou um regime totalitário onde não existe liberdade empresarial ou de espécie alguma? Pronto, se dúvidas existissem esta afirmação deu já para perceber que Passos Coelho apoia as afirmações do seu para-ministro António Borges e o grande sonho deste governo, que nem sequer consegue gerir a contento as contas do Estado, é também mandar nas empresas, nos empresários e na esfera privada de cada um. Tem bom remédio, senhor primeiro ministro: leve um caldeirão, um balde com umas brasas e volte lá para de onde veio, vá estabelecer o seu inferno privativo nas empresas do seu companheiro de partido Ângelo Correia. O problema é que parece já nem ele o quer. Olhe que é bem triste.
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