Lamento dizê-lo, mas a resposta do PS, ontem, à conferência de imprensa do ministro Vítor Gaspar, foi das coisas mais pobrezinhas, confrangedoras, mesmo, a que me foi dado assistir em termos políticos. Em primeiro lugar, porque o local foi mal escolhido: tendo a conferência de imprensa do ministro decorrido no Ministério das Finanças o PS deveria ter respondido da sua sede, no Largo do Rato. Depois, porque a resposta teria merecido um cenário mais formal, e não um arremedo de conferência de imprensa, na Assembleia da República, sem qualquer símbolo partidário ou lema identificável. Terceiro, a comunicação deveria ter sido entregue a alguém com peso político reconhecido na área da economia e das finanças públicas (porque não João Galamba? Por ter um discurso e uma imagem tidos por demasiado radicais e usar brinco?), e não a uma figura, com uns "alas" para enfeitar, praticamente desconhecida do grande (pequeno) público. Por último, o conteúdo da resposta foi também ele próprio demasiado pobre, genérico, quase titubeante, transmitindo uma ideia de impotência face às decisões governamentais. Amadorismo, em suma.
Digamos que o problema do PS parece não ser apenas a posição difícil em que se encontra por ter assinado o MoU. Nem sequer a falta de carisma e conteúdo político de António José Seguro. O problema é que o PS parece ter-se transformado num corpo amorfo, que vai sobrevivendo, à espera que o poder lhe caia em cima, apenas à custa de alguns ex-dirigentes e deputados da era José Sócrates, como Silva Pereira (principalmente), Assis (um pouco) ou o próprio Galamba. O PS está a tornar-se assim parte do problema, em vez de contribuir para a sua solução. E a falta de sentido de Estado, a coberto de palavras como "responsabilidade" e "respeitabilidade", sopradas aos quatro ventos, essa chega mesmo a meter dó... É que quem é mesmo "respeitável" e "responsável" não precisa de o dizer.
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