Sempre tive de Francisco Van Zeller a ideia de pessoa sensata e, fruto da sua passagem pela presidência da CIP, politicamente experiente. Para além disso, nunca notei enfrentasse dificuldades em termos de comunicação, nem fosse um radical nas suas ideias ou propostas. Exactamente por isso me causam alguma perplexidade estas suas afirmações em entrevista ao Diário de Notícias. Por achar não tem razão? Enfim, não conhecendo de perto o problema não me custa acreditar que exista nos estaleiros de Viana do Castelo uma maioria de mão de obra "muito antiga, muito desactualizada e cheia de maus hábitos". Mais ainda, também é notória a existência de uma núcleo sindical combativo e, provavelmente, demasiado identificado com o tipo de sindicalismo radical, nada dado à negociação e muito menos aberto ao futuro praticado pela maioria da CGTP, embora chamar-lhe "violento", como o faz Van Zeller, constitua quanto a mim um claro exagero.
Mas é óbvio que, mesmo partindo do princípio possa existir alguma dose de verdade nas afirmações do ex-presidente da CIP, aquilo que disse só poderia ter como resultado a sua demissão. E das duas uma: sendo um homem sensato e politicamente experiente, Van Zeller, depois de ter conhecido de perto ao que ia, quis forçar essa sua demissão e ver-se livre da alhada em que se tinha metido; ou o actual governo possui o estranho dom, contrário ao de Midas, de desvalorizar tudo aquilo em que toca e todos aqueles que com ele ousam colaborar. Embora reconhecendo a segunda premissa como verdadeira, neste caso permito-me inclinar mais para a primeira.
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