Pronto, vou arriscar. Face ao aumento da TSU de 7% para todos os trabalhadores, o "enorme" aumento de IRS agora anunciado, "soit disant" em sua substituição, oferece pelo menos algumas vantagens no modo como vai ser percepcionado pelos contribuintes e opinião pública e, logo, na amplitude das reacções negativas que possa vir a gerar:
- Não se trata de uma transferência directa, nua e crua, de trabalhadores para as empresas (leia-se, "patronato"), o que tenderá a "suavizar" as reacções e terá menos hipóteses de perturbar a "paz social", um ponto importante na reacção negativa das associações patronais ao agravamento da TSU para os trabalhadores.
- Ao contrário da TSU, o IRS é um imposto progressivo, portanto quem ganha mais paga mais. Será visto como mais "justo" e "equitativo" (e de facto é).
- Há o rebuçado (embora envenenado, porque será total ou parcialmente retirado) da devolução de um (ou 1,1) subsídio, o que pode vir a gerar entre servidores do Estado e pensionistas uma reacção tipo "wait and see" e a esperança em cada um de melhorar a sua situação. E quando se consegue diferir uma reacção popular ela poderá ter mais hipóteses de enfraquecer.
Claro que as medidas agora anunciadas, que em nada alteram a estratégia do governo, irão ter o impacto recessivo habitual na economia, com todas as suas consequências no crescimento, orçamento e emprego. Claro que também no mais do que esperado incumprimento futuro. Mas não é isso que está em causa nesta pequena análise e, pelo menos da parte do governo, as medidas anunciadas foram mais inteligentemente pensadas e estruturadas para não sofrerem de rejeição imediata. E inteligência tem sido bem escasso neste governo.
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