quarta-feira, outubro 03, 2012

O novo "Circo Vilanova" e os seus jogadores amestrados

Eu paguei bilhete (€55 para três jogos da Champions League e o bilhete "avulso" para sócios e para o meu sector custava €30) para ver ontem o SLB - Barça porque sou benfiquista e gosto de ver e apoiar o meu clube sempre que posso. Mas agora digam-me lá uma coisa: haverá quem, não sendo "culé" ou adepto do clube adversário, pague bilhete para ver aquele género de circo com bola, quais cãezinhos amestrados ou Harlem Globetrotters com os pés? Haverá assim tantos masoquistas dispostos a verem o FC Barcelona matar o futebol? Então aquela segunda parte foi um imenso e demasiado caro bocejo ao qual deveríamos ter sido poupados.

14 comentários:

Anónimo disse...


Desta vez não paguei os 45€ (pacote) para ver os jogos da champions. Fiquei em casa. Sinceramente não esparava nada de diferente do que vi (daí não ter ido ao estádio).
Pode não gostar-se do barça (eu até gosto), mas aquele é o jogo deles. Ponto. Será mais um jogo de rabia. Talvez. O glorioso até que nem jogou mal, do meu ponto de vista, a espaços (depois do segundo golo...acabou o jogo).
Uma coisa é certa contra o barça, o mais pequeno erro é fatal.

Cumprimentos

JC disse...

Sinceramente, caro anónimo, aquilo pode ser o que se quiser ou lhe quiserem chamar, mas futebol é que não é com certeza.

Queirosiano disse...

A versão desportiva dos filmes do Oliveira. Excitante para os críticos. E os críticos "desportivos" têm o nível de literacia que todos sabemos.

JC disse...

Bom, caro Queirosiano, eu até gosto de um ou outro filme de Manuel de Oliveira. Um ou outro, como "Vale Abraão", por exemplo. E não consigo gostar de nenhum jogo do Barça. Mas, devo dizer, evito-os sempre que posso...

Queirosiano disse...

É o que eu faço com os filmes do Oliveira: evito-os sempre. A velha história do gato escaldado (não é Gato Maltês, atenção!)...

Nesse particular, cheguei à fase em que subscrevo a máxima de um amigo brasileiro: "Não vi e não gosto" (devo dizer que vi um pouco do mais recente opus, o suficiente para reforçar a minha convicção).

Com o Barcelona não é bem isso. Às vezes tenho o azar de ver, mas o resultado é o mesmo. Não gosto. E fico furioso comigo por ter visto.

A explicação para eles ganharem quase sempre é talvez simples: não jogam futebol, jogam outro desporto inventado por eles, que se baseia no pressuposto de que o adversário vai tentar jogar futebol. No dia em que o adversário decidir fazer igual, ou seja, um jogo de passinhos para trás e para o lado à espera de que o tempo passe, o Barcelona passará a ser bastante menos impressionante. Mas aí já não é futebol, é outra coisa.

Cumprimentos

Vic disse...

Bom, eu não diria tanto JC. No futebol, tal como em alguns desportos, um objectivo é marcar golos. No futebol, tal como em todos os desportos, o objectivo final é ganhar. É isso que o Barça faz: ganha jogos e ganha troféus.
Pode não se gostar (e eu nem gosto), mas o que é certo é que atingem os objectivos.
Já agora, e deixando o Barça, pareceu-me que Maxi fez um jogo desastroso, e que foi ele o principal culpado da derrota. Tal como me parece que Matic não é jogador para o SLB.

Abraço

gin-tonic disse...

Que alternativa?
Proibir o Barcelona de jogar futebol?
Mas logo saltará alguém que diz:
“Deus Rá seja louvado, nunca impedi animal algum na sua procriação!”
O petróleo, outras coisas, deram cabo do futebol!
Para esta época o orçamento familiar só deu para comprar o red pass para fins caseiros.
Pelo (des)andar da carruagem para o ano nem isso!…

gps disse...

o Barcelona joga ao "meiinho". Gostei da primeira vez que vi, mas cedo passei a detestar pois aquilo não é bem futebol.

JC disse...

Duas notas para o Vic, sem desprimor para o Gin-Tonic ou o gps pois nada tenho a acrescentar ao que dizem: Maxi fez, de facto, um jogo mtº mau; está em péssima forma. Mas Matic foi o melhor jogador do SLB.

Anónimo disse...

Sir Ferguson, após uma histórica final da Champions em Wembleye na sequência da goleada sobre a sua equipa declarou que o Barça tinha sido a melhor equipa a jogar futebol que alguma vez na vida tinha presenciado.

Quando uma vez um famoso pintor quis vender por uma exorbitância um rabisco que havia desenhado na presença dos interessados, estes contestaram valor por exagerado, alegando que tinha bastado uns meros minutos, ao que o pintor retorquiu que não tinha demorado esse tão curto tempo, mas sim mais de quarenta anos, o tempo da sua carreira de pintor. Da mesma forma, aquele futebol do Barça não se faz num par de épocas mas sim ao longo de mais de uma década de treino consistente de exímios executantes, como Xavi, Iniesta, Puyol, Busquets, Piquet, Abidal , etc, relíquias pessoais e intransmissíveis do Barça, encimados pela jóia da coroa, Messi, todos eles burilados e aprimorados ao nível de “sate of art”.

Que JC não goste deste “sate of art” , assiste-lhe todo o direito. Mas então o que foi uma vez, o assim intitulado “enviado especial” do “Gato Maltês” fazer a Barcelona na companhia de uma maigo “culê” deixando-nos aqui a sua preciosa crónica do evento.Ossos do ofício ?

Mas que diga que aquilo não é futebol já não alcanço. Se aquilo não é futebol será que desporto? Bilhar às três tabelas ?

Eu também tive na Luz e bem gostaria que o Benfica contasse com jogadores daquele quilate e jogasse daquela maneira.

Cumprimentos
JR

Anónimo disse...

Errata:
Wembley em vez de Wembleye
amigo em vez de maigo
estive em vez de tive.

É o que faz o rolar rápido nas teclas e não tão preciso como os passes dos jogadores do Barça.

JR

Anónimo disse...

Só mais uma nota.

Aquele futebol do Barça não é novidade em Portugal.
Nso princípios de setentas, Pedroto fazia furor em Portugal e até na Europa com o seu Vitória de Setúbal a praticar um futebol de contínuas sequências de passes curtos e precisos, de longa posse de bola e pressão sobre o adversário, servido por jogadores muito dotados e habilidosos como Octávio, Jacinto João, Conceição, Jaime Graça, José Maria, os quais confundiam e enleavam os adversários, no plano nacional apenas suplantados pelo recordista e saudosos Benfica de Jimmy Hagan e de Eusébio, Néné e Jordão, o tal dos dois empates e o resto em vitórias .

É evidente que aqueles jogadores do Vitória não tinham a preparação física ou a qualidade dos actuais jogadores do Barça ou sequer a dos benfiquista de então.
Mas quem não pode caçar com cão caça com gato. Os referidos princípios de jogo eram idênticos salvaguardadas que sejam as devidas distâncias e poderio que separam o Vitória do Barça, ou, falando de circo, a diferença que vai do palhaço rico ao palhaço pobre, este que, ainda assim, causou muita mossa.

E, adaptando a famosa frase de Deng Xiaoping, não importa se o gato é futebol ou é circo, o que importa é que mate ratos.
E o Barça actual assim como Vitória de então mataram muitos.Que o digam o Leeds United (campeão da então maior potência clubística ) ou a Fiorentina, que por aquelas alturas também logrou ser campeã de Itália, ambos eliminados pelo circo de província vitoriano.

JR

JC disse...

Mtº bem, caro JR, mas eu posso é não gostar. Em todos os espectáculos e artes há autores e obras considerados de grande nível mas que eu abomino. O Queirosiano citou aqui o caso de Manuel de Oliveira, onde eu só parcialmente o acompanho (gosto de alguns filmes e abomino outros). Mas, por exemplo, odeio "rock sinfónico", a pintura dos naturalistas portugueses do séc. XIX (Malhoa, p. ex), não gosto de Brahms ou Mahler, achei o último filme de Terence Malick intragável, etc, etc. Mas não deixo de lhes reconhecer valor. É assim o futebol do Barça: maça-me e como numa ópera barroca (são uma chatice) torço-me na cadeira à espera que acabe.
Já agora, comparar o Barça c/ o tão elogiado VFC de Pedroto, que mesmo aproveitando o "boom" económico da península de Setúbal nos anos 60 e a famigerada "lei da opção" nunca passou dos 1/4 de final de uma competição europeia, é uma ofensa para o Barça. O VFC e Pedroto são "mitos urbanos" e Pedroto, que na selecção tem um curriculum medíocre, o responsável por 30 anos de atraso no futebol português. Era o rei do futebol sem balizas. Jogava "fora" sem pontas de lança e c/ o !autocarro" - e por vezes até conseguia empatar, mas depois em "casa", viciado num futebolzinho de quintal, fazia o mesmo resultado ou pior.
Cumprimentos

Queirosiano disse...

Pedroto foi um dos maiores logros do futebol português e a herança que deixou continua a fazer estragos regularmente. Se é ele o exemplo com que se quer comparar o actual Barcelona (em termos futebolísticos, claro, porque do resto, que se vê domingo a domingo e até durante a semana, manda a decência que não se fale)perguntaria apenas que mal fez o Barcelona para se ver em tal companhia.