Na segunda metade dos anos oitenta do século passado trabalhei na filial portuguesa de uma multinacional alemã. Aliás, por pouco tempo, menos de dois anos completos. Tinha um lugar correspondente ao terceiro nível de management da empresa, digamos assim, sendo que o primeiro era o do presidente da subsidiária (um alemão) e o segundo correspondia aos directores de cada uma das divisões - que me lembre, mas já não estou assim tão certo, também todos eles alemães.
Apesar de já não ser propriamente um júnior, exercer uma função de responsabilidade e de ter trabalhado anteriormente, durante alguns anos, numa outra multinacional, embora de outra nacionalidade, a primeira coisa que me disseram depois das normais apresentações foi o seguinte: “sabe, aqui não se deixa o telefone tocar mais de duas vezes. Mesmo que não seja o nosso, se formos a passar qualquer um, mesmo o presidente, tem de atender e tomar nota do recado”. Mais: “vocês, portugueses, perdem muito tempo quando atendem o telefone. É assim: está? Estou. Quem fala? Quem? (e por aí fora...). Nós, alemães, a primeira coisa que fazemos é dizer o nome e não se perde mais tempo”!
Durante o tempo que por lá trabalhei era comum deslocar-me à Alemanha, por vezes durante toda, ou quase toda, a semana. O horário normal era das 8.30h às 17h e, salvo casos muitíssimo excepcionais (e não me lembro de nenhum), a partir dessa hora, 17.30h no máximo, toda a gente (toda, mesmo) arrumava a secretária e ia para casa.
É este o espírito alemão (com o qual, confesso, me dou muito bem) e lembrei-me de tal coisa a propósito das reacções de Angela Merkel ao chumbo do PEC IV. Independentemente de concordâncias ou discordâncias com o conteúdo do documento, que não vêm agora ao caso, apetece-me dizer: como eu a compreendo, frau Merkel!
Apesar de já não ser propriamente um júnior, exercer uma função de responsabilidade e de ter trabalhado anteriormente, durante alguns anos, numa outra multinacional, embora de outra nacionalidade, a primeira coisa que me disseram depois das normais apresentações foi o seguinte: “sabe, aqui não se deixa o telefone tocar mais de duas vezes. Mesmo que não seja o nosso, se formos a passar qualquer um, mesmo o presidente, tem de atender e tomar nota do recado”. Mais: “vocês, portugueses, perdem muito tempo quando atendem o telefone. É assim: está? Estou. Quem fala? Quem? (e por aí fora...). Nós, alemães, a primeira coisa que fazemos é dizer o nome e não se perde mais tempo”!
Durante o tempo que por lá trabalhei era comum deslocar-me à Alemanha, por vezes durante toda, ou quase toda, a semana. O horário normal era das 8.30h às 17h e, salvo casos muitíssimo excepcionais (e não me lembro de nenhum), a partir dessa hora, 17.30h no máximo, toda a gente (toda, mesmo) arrumava a secretária e ia para casa.
É este o espírito alemão (com o qual, confesso, me dou muito bem) e lembrei-me de tal coisa a propósito das reacções de Angela Merkel ao chumbo do PEC IV. Independentemente de concordâncias ou discordâncias com o conteúdo do documento, que não vêm agora ao caso, apetece-me dizer: como eu a compreendo, frau Merkel!
2 comentários:
Essa disposição germânica relembra o que Lenine sentenciou uma vez:
"A Europa nunca se fará. E no dia em que se fizer o comando será da Alemanha."
Já nessa época Lenine conhecia bem o espírito organizativo e a agressão economista germânicas.
O que JC acaba de relatar é uma pista, mas estamos a assistir, a cada passo que passa, como a Alemanha é o buraco negro dos restantes países comunitários.
A Alemanha perdeu as guerras convencionais, mas não perdeu as suas qualidades agressivas que aplica na Economia. E aí encontrou as desforras e as humilhações das derrotas.
Chegou a vez de pagarem as humilhações.
Cordialmente
Estão no c entro da Europa, não é assim?,e com uma série de países ali a volta (Áustria, Rep. Checa, Polónia, Eslovénia e até Croácia) que sempre foram a sua zona de influência.
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