Em vésperas de campanha eleitoral, vejo por aí multiplicarem-se os apelos para que se evite aquilo a que se chamam “campanhas sujas”, “ataques pessoais” e por aí fora. Muito bem, mas convém ter em atenção duas questões:
Em primeiro lugar, a tendência para as tais “campanhas sujas”, “ataques pessoais” e “baixa política” será tanto maior quanto menos for a diferença entre projectos políticos concorrentes. Quanto menos a ideologia se puder expressar, em suma, mais a tal “baixa política” assume o seu lugar. Ora por via dos constrangimentos gerados pela “crise económica”, necessidade de redução do “déficit”, “defesa da zona Euro”, “imposições de frau Merkel” e etc e tal - neste etc e neste tal se incluindo o medo do PSD se revelar demasiado liberal - não me parece os dois principais partidos possam apresentar projectos suficientemente contrastantes. Acresce ainda o facto da luta política contra os governos de José Sócrates se ter quase sempre fulanizado e centrado em demasia nas tais “campanhas sujas” contra o ainda primeiro-ministro, pelo que não será de admirar um resposta em tom semelhante. Não bastam, pois, declarações e solicitações piedosas, do tipo “orações pela paz”: há que levar em linha as condições em que a campanha se vai desenvolver e tal não augura nada de especialmente positivo.
Em segundo lugar, nesta questão dos “ataques pessoais” e das “campanhas sujas” há que distinguir entre duas coisas bem distintas: aquilo que é do foro privado dos cidadãos-candidatos e assim deve permanecer e o que tem efectivo interesse e impacto político. Exemplos? Os ataques feitos no final dos anos 70 do século passado a Sá Carneiro e à sua relação com Snu Bonnier Abecasis, bem como as alegações sobre a orientação sexual de José Sócrates (também já as houve em relação a Paulo Portas) surgidas há uns anos são, de facto,uma intromissão inqualificável na sua vida privada e não têm qualquer relevância política. Já as dúvidas levantadas sobre a legalidade e/ou legitimidade de algumas transações mobiliárias e imobiliárias de Cavaco Silva, principalmente tendo em conta o carácter unipessoal do cargo de Presidente da República, o facto de Cavaco Silva sempre ter brandido a “honestidade” como arma política e envolverem empresas, negócios e pessoas sob investigação criminal, não penso tenham algo de “campanha suja”: são assuntos politicamente relevantes para a decisão política dos cidadãos. Existirão, com certeza, muitos mais exemplos. Quem pretenda misturar casos de cariz tão díspar, “fazer um molhinho” e chamar tudo pelo mesmo nome tem apenas “um e só um” objectivo: impedir, sob a desculpa da tal “campanha suja”, que sejam discutidas algumas matérias que possam ser consideradas politicamente relevantes.
Em primeiro lugar, a tendência para as tais “campanhas sujas”, “ataques pessoais” e “baixa política” será tanto maior quanto menos for a diferença entre projectos políticos concorrentes. Quanto menos a ideologia se puder expressar, em suma, mais a tal “baixa política” assume o seu lugar. Ora por via dos constrangimentos gerados pela “crise económica”, necessidade de redução do “déficit”, “defesa da zona Euro”, “imposições de frau Merkel” e etc e tal - neste etc e neste tal se incluindo o medo do PSD se revelar demasiado liberal - não me parece os dois principais partidos possam apresentar projectos suficientemente contrastantes. Acresce ainda o facto da luta política contra os governos de José Sócrates se ter quase sempre fulanizado e centrado em demasia nas tais “campanhas sujas” contra o ainda primeiro-ministro, pelo que não será de admirar um resposta em tom semelhante. Não bastam, pois, declarações e solicitações piedosas, do tipo “orações pela paz”: há que levar em linha as condições em que a campanha se vai desenvolver e tal não augura nada de especialmente positivo.
Em segundo lugar, nesta questão dos “ataques pessoais” e das “campanhas sujas” há que distinguir entre duas coisas bem distintas: aquilo que é do foro privado dos cidadãos-candidatos e assim deve permanecer e o que tem efectivo interesse e impacto político. Exemplos? Os ataques feitos no final dos anos 70 do século passado a Sá Carneiro e à sua relação com Snu Bonnier Abecasis, bem como as alegações sobre a orientação sexual de José Sócrates (também já as houve em relação a Paulo Portas) surgidas há uns anos são, de facto,uma intromissão inqualificável na sua vida privada e não têm qualquer relevância política. Já as dúvidas levantadas sobre a legalidade e/ou legitimidade de algumas transações mobiliárias e imobiliárias de Cavaco Silva, principalmente tendo em conta o carácter unipessoal do cargo de Presidente da República, o facto de Cavaco Silva sempre ter brandido a “honestidade” como arma política e envolverem empresas, negócios e pessoas sob investigação criminal, não penso tenham algo de “campanha suja”: são assuntos politicamente relevantes para a decisão política dos cidadãos. Existirão, com certeza, muitos mais exemplos. Quem pretenda misturar casos de cariz tão díspar, “fazer um molhinho” e chamar tudo pelo mesmo nome tem apenas “um e só um” objectivo: impedir, sob a desculpa da tal “campanha suja”, que sejam discutidas algumas matérias que possam ser consideradas politicamente relevantes.
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