José Pacheco Pereira já o disse bem melhor do que eu o poderei alguma fez fazer. Mas as televisões escreveram hoje uma das mais negras páginas do jornalismo e da democracia portuguesa. De repente, senti-me de volta aos tempos de Manoel Caetano e das transmissões do 10 de Junho da ditadura ou das “manifestações da mais veemente repulsa pelo cobarde ataque efectuado pelas forças da União Indiana aos territórios portugueses de Goa, Damão e Diu”. Se “media” significa “mediatismo” (que é o contrário de “imediatismo”), a função de alguém que age como “mediador”, foi exactamente disso que as televisões abdicaram na manifestação de hoje da “geração à rasca”, colocando de lado qualquer distanciamento, qualquer capacidade crítica e funcionando apenas como um gigantesco megafone propagandístico das intenções e objectivos da “manif”. Só faltou mesmo o apelo explícito dos repórteres à participação – ou se calhar nem mesmo isso esteve em falta.
E se não existe democracia, tal como a conhecemos, sem “mediatização”, o que hoje aconteceu foi um passo muito perigoso no caminho de uma sociedade totalitária. Tenham medo; tenham muito medo!
E se não existe democracia, tal como a conhecemos, sem “mediatização”, o que hoje aconteceu foi um passo muito perigoso no caminho de uma sociedade totalitária. Tenham medo; tenham muito medo!
2 comentários:
Caro JC
Com um governo rasca (para ser tolerante) que pôs um país (e não apenas uma geração) mais do que à rasca só podemos ter reporteres rascas (se calhar às vezes também à rasca).
Isto ainda vai acabar mal.
Depois do que os rascas que nos desgovernam e têm desgovernado têm feito, há que ter mêdo do quê ?
Cumprimentos
Dou por mim a pensar que o meu caro leitor nunca viveu em ditadura...
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