Oiço e leio demasiadas vezes menções várias à classe política. Um erro. Em bom rigor os políticos não formam nenhuma classe social. São oriundos de classes sociais tão diversas como o proletariado urbano e rural, a pequena, média e alta burguesia, o campesinato, etc, etc. Aliás, tradicionalmente os partidos políticos formavam-se em torno das necessidades de representação das várias classes sociais: comunistas, socialistas e sociais-democratas representavam as aspirações revolucionárias ou reformistas do operariado, a democracia-cristã de uma parte da burguesia e proprietários rurais de diversa dimensão, os pequenos partidos do centro tendiam a identificar-se com pequenos proprietários urbanos, funcionários e profissões liberais (mais tarde também com uma certa tecnocracia emergente) e em alguns países existiam mesmo partidos cujos nomes rapidamente identificavam a sua origem classista (“agrários”, por exemplo).
Com a terciarização das sociedades modernas, pós-industriais, as diferenças entre classes sociais (nos seus comportamentos, interesses, modo de vida, etc) esbateram-se (atenção: não estou a falar das desigualdades de rendimentos, o que é bem outra coisa e, por si só, é insuficiente para definir uma “classe social”) e os partidos políticos mais importantes do espectro político tenderam a transformar-se nos “catch all parties” que encontramos hoje em dia, perdendo alguma da sua identificação classista. Consequência disso, os seus militantes e, principalmente, dirigentes fecharam-se sobre si próprios e tornaram-se, salvo algumas excepções mais radicalizadas que mantêm ainda alguma ligação aos interesses da sua classe social de origem (o PCP, por exemplo), numa verdadeira “corporação” que, como é normal nesses grupos, tende a unir-se e agir quase exclusivamente em função da defesa dos seus interesses. Esse é um pouco o “drama” (digamos assim) que está na origem do actual distanciamento entre governantes e governados, entre cidadãos e a impropriamente chamada “classe política”.
Como resolvê-lo? Bom, francamente não tenho qualquer mezinha ou poder mágico, mas, identificado o problema, é bom que que se comece a pensar a sério no assunto.
Com a terciarização das sociedades modernas, pós-industriais, as diferenças entre classes sociais (nos seus comportamentos, interesses, modo de vida, etc) esbateram-se (atenção: não estou a falar das desigualdades de rendimentos, o que é bem outra coisa e, por si só, é insuficiente para definir uma “classe social”) e os partidos políticos mais importantes do espectro político tenderam a transformar-se nos “catch all parties” que encontramos hoje em dia, perdendo alguma da sua identificação classista. Consequência disso, os seus militantes e, principalmente, dirigentes fecharam-se sobre si próprios e tornaram-se, salvo algumas excepções mais radicalizadas que mantêm ainda alguma ligação aos interesses da sua classe social de origem (o PCP, por exemplo), numa verdadeira “corporação” que, como é normal nesses grupos, tende a unir-se e agir quase exclusivamente em função da defesa dos seus interesses. Esse é um pouco o “drama” (digamos assim) que está na origem do actual distanciamento entre governantes e governados, entre cidadãos e a impropriamente chamada “classe política”.
Como resolvê-lo? Bom, francamente não tenho qualquer mezinha ou poder mágico, mas, identificado o problema, é bom que que se comece a pensar a sério no assunto.
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