Ontem, no programa “Os Pontos nos “is” (o programa seria bem melhor com um apresentador/moderador mais bem preparado), da RTP Memória, sobre o vigésimo aniversário da queda do muro de Berlim, a ex-deputada comunista Odete Santos retomou as teses pró-albanesas dos anos sessenta do século XX ao, recuando no tempo, responsabilizar a NEP e o “revisionismo” Khrushcheviano pela implosão da URSS e do bloco soviético em 1989. Não deixa de ser interessante, tal confissão, mas pergunto, colocando-me da pele de Odete Santos mas tentando ir um pouco mais longe: não teria sido a necessidade de implementação da NEP, nos anos 20, um sintoma de que já nessa altura o proletariado soviético, dirigido pelo seu auto-proclamado partido de “vanguarda”, o PCUS, se manifestava incapaz de fazer triunfar a revolução nos termos definidos e nas condições existentes? Não estaria esse mesmo proletariado já a perder na luta de classes, então travada, sendo obrigado a fazer concessões que, segundo Odete Santos, estariam na génese da sua derrota futura? Para Odete Santos, a ascensão de Stalin ao poder corresponderia àquilo que se depreende das suas palavras ser um reforço da linha bolchevique anterior à NEP ou ao triunfo de uma nova burguesia, sobre a pequenas burguesia da NEP, alicerçado nos planos quinquenais e na colectivização forçada? Tudo isto significa que Odete Santos admite que o PCP andou todos estes anos a defender uma linha política incorrecta ou só o terá feito após o XX Congresso?
Estas foram as questões interessantes levantadas por Odete Santos e que teriam merecido uma discussão substantiva (ninguém lhes pegou...), já que a “traição” de Gorbachev, as provocações da CIA e outros primarismos semelhantes não merecem sequer um segundo de atenção e só apoucam quem os profere. Fora isso, Medeiros Ferreira fez uma interessante incursão pelos meandros da política internacional de 45 a 89, o que se saúda.
Estas foram as questões interessantes levantadas por Odete Santos e que teriam merecido uma discussão substantiva (ninguém lhes pegou...), já que a “traição” de Gorbachev, as provocações da CIA e outros primarismos semelhantes não merecem sequer um segundo de atenção e só apoucam quem os profere. Fora isso, Medeiros Ferreira fez uma interessante incursão pelos meandros da política internacional de 45 a 89, o que se saúda.
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