terça-feira, novembro 10, 2009

5 estórias fúteis 5 do tempo do "muro" (1)

Checoslováquia, 1988.

Chego ao aeroporto de Praga vindo de Viena. Apanho um táxi para o hotel, perto do centro da cidade. Estávamos em Junho e disputava-se a fase final do Europeu de futebol, aquele que a Holanda ganhou com o célebre golo de Van Basten. Primeira preocupação, claro, já que estava em turismo e, portanto, tinha todo o tempo livre: saber se poderia ver na TV os jogos mais importantes. Tento junto do taxista, que “arranhava” algum inglês. Resposta: “sim, pode ver no seu hotel”. “Eu vou ver num Sony a cores. Só meu!”. Percebi logo uma coisa: como era taxista conseguia divisas para comprar produtos importados nas lojas exclusivas. Minutos depois tive a confirmação: quando chego à porta do hotel e lhe pergunto o preço da “corrida”, diz-me um preço em coroas (a moeda local). Mas, ao ver que tinha na carteira “shillings” austríacos, de imediato acrescenta: “olhe, mas se me der essa nota (ao câmbio oficial, um valor significativamente inferior) também serve.”

No hotel, de 4 estrelas, percebi logo a excitação da Sony a cores - só dele: apenas no "lounge" existia um aparelho de TV a cores. Nos quartos, o preto e branco era a norma. Mas lá vi o golo de Van Basten, e espero o mesmo tenha acontecido com o meu simpático taxista.

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