Maria de Lurdes Rodrigues não devia nada à beleza, vestia-se mal e, pelo menos de início, as palavras saiam-lhe com pouca fluência num discurso quase sussurrado. Mas tinha ideias, uma estratégia política para o seu sector e coragem q.b. para a pôr em prática. Isabel Alçada parece ser a sua antítese: é uma mulher interessante e charmosa, veste-se com bom gosto, o discurso é fluente mas, mesmo com esforço, difícil foi, na entrevista de ontem a Judite Sousa (RTP1), vislumbrar-lhe uma qualquer ideia política, por muito ténue que fosse. Minto: frisou que a avaliação deve ter repercussões na carreira dos professores. Esqueceu-se contudo que, actualmente, também tem, só que como todos são avaliados de igual modo assim mesmo, todos juntos para parecerem muitos, caminham ao longo de toda essa sua carreira.
Pois, dir-me-ão, a prioridade é “pacificar o sector”, como se uma boa dose de conflito controlado não fosse absolutamente necessária para que sociedades e instituições progredissem. Ah!, e negociar, dialogar, ouvir, perscutar. Esquece-se também, e o governo demonstrou-o bem ao fazer do seu programa eleitoral base de negociação governativa, que sem uma ideia estruturada de partida, uma noção clara daquilo que se pretende e do que, portanto, é essencial e acessório, parte-se sempre para qualquer negociação numa posição de fraqueza, principalmente tendo em conta que a parte contrária (a Fenprof; o resto está lá para enfeitar) tem – e sempre o teve – uma ideia bem clara do que pretende e do modo como a sua sobrevivência nela – nessa mesma negociação - se joga.
Pois o que a simpática e charmosa ministra Isabel Alçada deveria ter para nos dizer eram respostas a perguntas do tipo: concorda que a avaliação incida fundamentalmente sobre a prestação dos professores nas suas funções efectivas de ensino e outras actividades na escola e que seja efectuada maioritariamente pela sua hierarquia? Concorda que qualquer avaliação séria não dispense a existência de quotas? Concorda que cada professor (dentro de uma mesma categoria, claro) tenha uma classificação e um salário dependente fundamentalmente do seu mérito e esse salário seja mais elevado para quem leccione em áreas degradadas, zonas problemáticas ou onde, de algum modo, se esteja em presença de alunos com reais ou potenciais problemas de aprendizagem? Concorda em dotar progressivamente as escolas, após preparação nesse sentido, de maior autonomia na contratação e na definição (dentro de parâmetros pré-definidos) das condições salariais dos seus docentes? Também na sua gestão? Concorda com o fim do anacronismo que consiste em as direcções das escolas serem eleitas pelos seus pares e não nomeadas por quem (ministério, autarquia, instituição local, etc) tem a responsabilidade de apresentar resultados? Concorda em dar liberdade às escolas para, dentro de maiores padrões gerais de exigência mas excluindo qualquer ideia de regresso a um passado repressivo, estabelecerem os seus códigos de conduta? Concorda que, entre o populismo e demagogia reinantes entre o “povo da SIC” de que “quem não sabe “chumba” e já está” e o laxismo do aluno “bom selvagem” que é necessário acompanhar ad eternum, existe um enorme campo de actuação que pode ajudar, com êxito, a recuperar alunos com problemas mas que é preciso explicar isso claramente à opinião pública e mostrar os resultados obtidos?
Pois é, simpática e charmosa ministra Isabel Alçada, isto é exactamente o que preocupa este cidadão defensor de uma escola pública competente e formadora dos meus futuros concidadãos. Mas quando vejo e oiço o sindicalista Mário Nogueira, que, apesar das manifestações e juras em contrário, se está nas tintas para essa mesma escola pública e apenas pretende perpetuar o domínio do seu partido sobre ela, sair de uma reunião no Ministério ensalivando com o mesmo ar com que o Lobo Mau se apresta a deglutir os “três porquinhos” e, depois, a vejo na televisão numa acção de relações públicas onde as ideias estão ausentes, fico preocupado. Fico mesmo muito preocupado. E olhe, tem pouco tempo para demonstrar estou enganado.
Pois, dir-me-ão, a prioridade é “pacificar o sector”, como se uma boa dose de conflito controlado não fosse absolutamente necessária para que sociedades e instituições progredissem. Ah!, e negociar, dialogar, ouvir, perscutar. Esquece-se também, e o governo demonstrou-o bem ao fazer do seu programa eleitoral base de negociação governativa, que sem uma ideia estruturada de partida, uma noção clara daquilo que se pretende e do que, portanto, é essencial e acessório, parte-se sempre para qualquer negociação numa posição de fraqueza, principalmente tendo em conta que a parte contrária (a Fenprof; o resto está lá para enfeitar) tem – e sempre o teve – uma ideia bem clara do que pretende e do modo como a sua sobrevivência nela – nessa mesma negociação - se joga.
Pois o que a simpática e charmosa ministra Isabel Alçada deveria ter para nos dizer eram respostas a perguntas do tipo: concorda que a avaliação incida fundamentalmente sobre a prestação dos professores nas suas funções efectivas de ensino e outras actividades na escola e que seja efectuada maioritariamente pela sua hierarquia? Concorda que qualquer avaliação séria não dispense a existência de quotas? Concorda que cada professor (dentro de uma mesma categoria, claro) tenha uma classificação e um salário dependente fundamentalmente do seu mérito e esse salário seja mais elevado para quem leccione em áreas degradadas, zonas problemáticas ou onde, de algum modo, se esteja em presença de alunos com reais ou potenciais problemas de aprendizagem? Concorda em dotar progressivamente as escolas, após preparação nesse sentido, de maior autonomia na contratação e na definição (dentro de parâmetros pré-definidos) das condições salariais dos seus docentes? Também na sua gestão? Concorda com o fim do anacronismo que consiste em as direcções das escolas serem eleitas pelos seus pares e não nomeadas por quem (ministério, autarquia, instituição local, etc) tem a responsabilidade de apresentar resultados? Concorda em dar liberdade às escolas para, dentro de maiores padrões gerais de exigência mas excluindo qualquer ideia de regresso a um passado repressivo, estabelecerem os seus códigos de conduta? Concorda que, entre o populismo e demagogia reinantes entre o “povo da SIC” de que “quem não sabe “chumba” e já está” e o laxismo do aluno “bom selvagem” que é necessário acompanhar ad eternum, existe um enorme campo de actuação que pode ajudar, com êxito, a recuperar alunos com problemas mas que é preciso explicar isso claramente à opinião pública e mostrar os resultados obtidos?
Pois é, simpática e charmosa ministra Isabel Alçada, isto é exactamente o que preocupa este cidadão defensor de uma escola pública competente e formadora dos meus futuros concidadãos. Mas quando vejo e oiço o sindicalista Mário Nogueira, que, apesar das manifestações e juras em contrário, se está nas tintas para essa mesma escola pública e apenas pretende perpetuar o domínio do seu partido sobre ela, sair de uma reunião no Ministério ensalivando com o mesmo ar com que o Lobo Mau se apresta a deglutir os “três porquinhos” e, depois, a vejo na televisão numa acção de relações públicas onde as ideias estão ausentes, fico preocupado. Fico mesmo muito preocupado. E olhe, tem pouco tempo para demonstrar estou enganado.
Nota: nenhuma das televisões ligou o que quer que fosse à entrevista. O "povo da SIC" gosta é "sangue" e esse está nos "escândalos políticos" e nos "ricos e famosos".
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