No actual governo existiam dois ministros que eram pedras basilares naquilo que se poderia chamar, utilizando um palavrão retirado do léxico do "marketing" e da gestão, o seu “posicionamento”, isto é, que eram essenciais à identificação e valores que este governo pretendia assumir perante os cidadãos, fossem ou não seus apoiantes, à sua identidade: a imagem e os valores da reforma e da mudança, da modernização do país e da luta contra as corporações. Estes eram o ministro da saúde e a ministra da educação. A saída de um deles constitui um golpe profundo e indiscutível naquilo que se poderia chamar a personalidade do governo e, logo, na credibilidade da imagem que construiu perante os portugueses e lhe tinha granjeado, segundo as sondagens, níveis de aceitação elevados, no limiar da maioria absoluta. É o primeiro erro significativo (enorme) do governo de José Sócrates – já de si, num contexto em que a reforma da Administração Pública parece esquecida -, na medida em que é o primeiro, descontando a saída de Campos e Cunha que se demitiu por auto iniciativa, que o atinge na sua própria essência. Mais ainda, revela-se exposto à chantagem de Manuel Alegre, à agenda mediática e à agitação de rua das novas Marias da Fonte. Vai portanto enfraquecê-lo, atingi-lo na perda de confiança e desânimo dos seus apoiantes, fortalecer a dos seus adversários e os resultados das sondagens futuras irão revelar isso mesmo.
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