Uma grande chapelada para a iniciativa do CDS sobre a venda de medicamentos em “unidose”. Inteligente e no tempo certo. Se não, vejamos: consegue o pleno da oposição, mesmo do PCP e Bloco de Esquerda; é uma iniciativa popular, mas não populista; corresponde a um problema que todos nós já sentimos, uma ou outra vez, nas nossas vidas e nas nossas pequenas ou grandes maleitas; vai ao encontro das medidas do governo de racionalização do sector da saúde; é, na sua essência, uma medida que nos habituámos a associar à esquerda, embaraçando assim o governo e colocando o PS numa situação incómoda face ao que se convencionou chamar a sua “ala esquerda”; permite fazer "brilhar" a sua deputada, Teresa Caeiro, com uma imagem mais liberal; por último, o CDS sabe que neste momento ela é inaplicável pelo governo, que não está em posição de abrir uma nova frente de contestação política na área da saúde, muito menos com a indústria farmacêutica, mas também não pode dizer que não concorda com ela. Trata-se de uma daquelas propostas típicas capazes de gerar vasto consenso, mas que um qualquer governo em democracia terá sempre dificuldades em conseguir reunir condições politicamente favoráveis para a aplicar. Neste momento, o governo Sócrates parece não as ter.
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