Quem, vindo de outro planeta, aterrar neste país nos últimos meses, se estiver atento aos “media” deve julgá-lo à beira da guerra civil. Não como em 1975, em virtude de valores, concepções ideológicas e formas de organização da sociedade antagónicas e irreconciliáveis, mas sim em função de pequenos (por vezes mesmo mesquinhos) e grandes poderes instituídos e inamovíveis, fomentadores do statu quo; da luta pela distribuição de benefícios e benesses várias, bem raro e escasso numa sociedade tradicionalmente protegida, e contra o incómodo de ter de se adaptar à mudança. Por isso, ao contrário do acontecido no “Verão Quente”, não se contam quartéis, soldados e espingardas, mas espaço, tempo, imagem e líderes de opinião, estes “pronunciando-se” contra ou favor deste ou daquele, desta ou daquela medida, quais velhos generais sul americanos viciados no método mas adaptados às circunstâncias.
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