terça-feira, julho 10, 2007

O debate

Algumas notas sobre o debate de ontem:
  • Começo por dizer que apenas resisti até às 23.15h – e foi tipo “cumprir promessa”. Concedidas as indulgências, retirei-me então discretamente.
  • O modelo “tipo refrão” (agora todos), claro, não funcionou, nem se esperaria que funcionasse; foi apenas o expediente usado pela RTP para justificar o seu estatuto de serviço público num caso em que a existência de duas listas independentes tornava inviável o recurso ao debate restrito aos partidos representados no executivo camarário. Assim, não foi debate – o que implica diálogo - nem entrevista individual, esta pressupondo uma certa “intimidade” entre entrevistador e entrevistado e uma certa proximidade com o espectador que não poderia existir.
  • O modelo “compartimentado”, isto é, com questões sectoriais pré-definidas é manifestamente castrador, ajudando àquele que tem sido um dos principais vícios da campanha: a não definição, por parte de cada candidato, de um modelo de cidade, a ele subordinando as políticas sectoriais propostas. Diga-se que apenas Garcia Pereira se manifestou contra, embora o modelo de cidade proposto (“Grande Capital Europeia”), se bem que possa massajar o ego de alguns portugueses e “alfacinhas”, esbarre com uma visão mais chã da realidade. Mais parece algo à medida de um Grande Líder...
  • Como seria de esperar, alguns candidatos de pequenos partidos em nada contribuem para a melhoria do debate(?). Estão neste caso os candidatos do PPM e do PNR, sem qualquer tipo de preparação para uma discussão séria. Mas é assim em democracia e, também por isso mesmo, saúdo a presença do candidato do PNR, apesar de não ter para com o seu partido qualquer simpatia, afinidade ideológica ou outra.
  • Por último, uma pergunta: o PSD decidiu escolher como seu candidato o “piorzinho” que por lá encontrou no partido? Era esse o requisito fundamental? É que, francamente, Fernando Negrão pareceu-me mau de mais para ser candidato por um partido com as responsabilidades do PSD à autarquia mais importante do país. Sim, eu sei que Santana Lopes já foi primeiro ministro, mas pensei fosse apenas um daqueles incontroláveis lapsos humanos e políticos momentâneos, facilmente reparáveis, reconhecendo ainda a existência de gente com qualidade lá pelo partido. Parece que quem tem qualidade não quis e quem quis não tem qualidade. “Cruel dilema”, diria o tão alfacinha “Narciso canalizador”.
  • E uma constatação:Maria José Nogueira Pinto é, decisiva e definitivamente, a candidata ausente/presente. Pois que volte em breve: Lisboa e a democracia precisam da sua contribuição.

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