terça-feira, julho 03, 2012

Relvas, Sócrates, Zacarias e Zebedeu

As questões agora levantadas sobre a licenciatura do ministro Miguel Relvas sugerem-me os seguintes comentários, alguns deles que não serão por certo virgens neste "blog".
  1. Se alguém ainda tinha dúvidas, o problema das licenciaturas "à pressão" não é exclusivo de José Sócrates, como não o é de Miguel Relvas, de Zacarias ou de Zebedeu. É um problema comum a uma geração de políticos, oriundos das "jotas", aos quais faltou tempo, talento e/ou apetência para melhorarem os seus conhecimentos académicos. O drama é que estamos hoje em dia perante duas situações extremas: os académicos com escassa experiência política, de um lado (v.g Vítor Gaspar), e os políticos experientes sem qualquer formação académica (Relvas, Sócrates, etc), do outro. "Cruel dilema" diria Vasco Santana.
  2. Para estas licenciaturas "proveta" é indispensável a colaboração de várias universidades privadas criadas pelos vários governos através de processos nem sempre muito claros e leccionando cursos sem qualquer prestígio académico ou profissional, mas que esse mesmo Estado reconhece. É óbvio que os favores se pagam e "não há almoços grátis".
  3. Todo este sistema" é validado e potenciado por uma divisão de carreiras no Estado entre "técnicos" e "administrativos", o que significa que quem não seja licenciado, por muito competente que possa ser, nunca passará de funcionário administrativo e quem tiver uma licenciatura, mesmo que seja uma "besta quadrada" e tenha obtido um diploma numa área que nada tenha a ver com a actividade profissional que desempenha, passa de imediato para a "carreira técnica", com os privilégios correspondentes.
  4. Pior... No Estado tanto faz ser licenciado por uma universidade de prestígio e créditos confirmados como por qualquer outra de "vão de escada": para a sacrossanta "carreira" vale o mesmo.
  5. Por último, na base está um país ainda demasiado provinciano, onde, ao contrário do que acontece em outros países (alguém me diz qual a licenciatura de Reagan, John Major, Václav Havel ou Lula da Silva?) quem não é "doutor" (voltamos a Vasco Santana) não pode ser político. Pode até ser presidente de um grande Banco privado, como acontece com Fernando Ulrich, empresário bem sucedido, como Henrique Neto, ou gestor competente, como acontece com tantos. Político? Bom, sem o indispensável "canudo" isso é coisa de "comunas" e quejandos... País de tristes... 

5 comentários:

Rui disse...

Caro:
20 valores!
abraço

JC disse...

Thanks!

Anónimo disse...

Caro JC

Independentemente das licenciaturas "à pressão" (por falar em "à pressão" prefiro uma boa cerveja)e do post que está excelente, a questão é a mentira, a sem vergonhice, o desplante, agora do Relvas, antes do Sócrates numa total falta de pudor pelos lugares que ocupam.
Estamos entregues a esta corja... Não é de esperar coisa boa.

Já agora convém lembrar o que Relvas disse na altura quando a licenciatura (domingueira) de Sócrates saltou para os media.
"Eu no lugar do engº Sócrates tinha vergonha"

Enfim...

Cumprimentos

JC disse...

Infelizmente, o mundo e o país não são apenas povoados por gente decente.

Karocha disse...

Tem toda a razão JC!
Como sabe o meu rapaz é jota, e tirou o curso como deve de ser no ISEG, e detesta que lhe chamem Dr.
E tirou o curso a trabalhar.