Para começar, devo dizer - e quem faz o favor de me ler sabe-o bem - que não nutro quaisquer simpatias políticas, de personalidade ou pedagógicas (foi meu professor) pelo cidadão Aníbal Cavaco Silva, o pior Presidente da República da democracia. E nunca o escondi. Mas devo dizer também que tal não me impede de achar ignóbeis, para não dizer nojentas, as tentativas, expressas ou, pior, apenas sussurradas nas entrelinhas (ao estilo "da mulher de César), que de algum modo pretendem ligar a venda do Pavilhão Atlântico a um consórcio do qual faz parte Luís Montez a uma qualquer acção de favor pelo facto deste ser genro do antigo primeiro-ministro e actual Presidente da República. Luíz Montez - que, devo dizer, não conheço pessoalmente - é um empresário reconhecido da área da música e do espectáculo, um dos mais proeminentes do sector, o suficiente para, à partida, poder ser considerada como normal a decisão tomada pelo Estado. A sua situação familiar terá tido alguma influência na evolução dos seus negócios ao longo dos anos, enquanto empresário? Não faço ideia, mas arrisco a dizer que é provável: nada mais natural que o facto de ser casado com uma filha de Aníbal Cavaco Silva ter contribuído para lhe "abrir algumas portas", mesmo que Montez possa ter sempre feito questão de evitar usar demasiado esse "cartão de visita", facto que ignoro, ou que Cavaco Silva se tenha sempre esforçado por se manter à margem, o que também desconheço. Mas ter o nome certo ou cultivar os conhecimentos adequados (e a ligação familiar de Montez é conhecida) foi sempre um activo importante no mundo do empreendorismo e dos negócios (e não vejo mal nisso nem que tal possa ou deva ser evitado), e neste caso sempre se poderá dizer, em abono de Montez, que não consta alguma vez tenha herdado do seu sogro algum gosto ou embrião de empresa na área musical. Enfim, como já vem sendo habitual estamos, mais uma vez, no grau zero da política ou, pior ainda, na sua metamorfose em pura e simples calúnia.
Sem comentários:
Enviar um comentário