segunda-feira, julho 30, 2012

PCP, BE, sindicatos e a contestação

Continuo a julgar perceber da parte de muita gente ligada ao PS, ou que podemos incluir no seu campo ideológico (o da social-democracia europeia), alguma mágoa pela contestação dos sindicatos e da esquerda radical atingir normalmente níveis mais elevados quando o PS está no governo - sendo disso exemplo a contestação ao governo Sócrates pela Fenprof - do que quando estamos em presença de um governo de coligação formado pelos partidos da direita parlamentar, PSD e CDS. Não me parece ser algo que possa espantar. 

Em primeiro lugar, e no que diz respeito especificamente aos professores, Mª de Lurdes Rodrigues tentou, com a avaliação de desempenho, as quotas e a introdução estatuto de professor titular, isto é, introduzindo a diferenciação pelo mérito, atingir o âmago, o "santo dos santos" do poder dos sindicatos - baseado na indiferenciação bem expressa na frase "somos todos professores" - o que nunca poderia ser por estes tolerado ou muito menos aceite. 

Em segundo lugar, e em termos mais gerais, para PCP e Bloco de Esquerda os potenciais simpatizantes e votantes do PS constituem o seu "source of business", isto é, não existindo qualquer desejo ou hipótese de colaboração entre os dois campos políticos, dadas as diferenças programáticas e de actuação, será na área  do PS que os partidos comunista e da esquerda radical esperam ampliar a sua base de apoio eleitoral (mas não só), para  tal necessitando de enfraquecer o PS demonstrando que o partido funciona, na prática, contra as suas expectativas e interesses. E é quando está no governo, principalmente em épocas de crise, que o PS mais necessidade tem de se expor, enfraquecendo-se. Parece-me simples...

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