quinta-feira, julho 05, 2012

O fim do empréstimo de jogadores e alguns "escribas" de serviço

A proibição de empréstimos de jogadores entre clubes que disputam a mesma competição, decretada pela LPFP e desde sempre defendida neste "blog", é uma medida essencial para a garantia da chamada "verdade desportiva", e se quisermos importar linguagem do campo dos negócios, decisão regulatória fundamental para o normal funcionamento do mercado. 
  1. Em primeiro lugar porque garante uma saudável concorrência, em condições de maior igualdade financeira, já que deixam de existir clubes que, por via desses empréstimos, são autenticamente subsidiados por outros que actuam na mesma competição. E, mais uma vez, como não há almoços grátis...
  2. Depois, porque não faz qualquer sentido, é mesmo absurdo e presta-se a suspeição, um jogador actuar contra o clube com o qual tem contrato e lhe paga, total ou parcialmente, o ordenado.
  3. Por último, porque deixa de existir aquela "cena" habitual das falsas lesões para que um atleta não actue contra o clube com o qual tem contrato, criando condições de desigualdade com outros participantes na competição.
Claro que já vejo por aí escribas ao serviço daqueles a quem esta medida aparentemente prejudica, muitos sempre prontos a defenderem a verdade desportiva das "novas tecnologias", virem argumentar contra a medida em nome da luta contra o desemprego, das oportunidades para os jovens, etc, etc (sempre a mesma "cegarrega"...). A esses lembro o seguinte:
  1. O fim dos empréstimos é uma medida fundamental para assegurar a credibilidade da indústria e do negócio e, por via disso, do seu desenvolvimento e prosperidade, e tal deveria prevalecer sobre tudo o resto.
  2. A existência de equipas "B" serve exactamente para rodar esses jogadores mais jovens, numa Liga de Honra que se tem revelado bastante competitiva.
  3. Por último, o empréstimo de jogadores a clubes estrangeiros, como acontece já hoje com muitos clubes portugueses, permite que esses atletas conheçam e evoluam em realidades diferentes, provas muitas vezes mais competitivas, deixando, ao contrário do que acontecia há 20 ou 30 anos, de voltar para trás ao fim de quinze dias com saudades do bacalhau com batatas. E não me falem da impossibilidade de seguir de perto a evolução desses jogadores, pois muitos desses clubes de empréstimo têm portugueses, integrados nas respectivas equipas técnicas, com ligações aos clubes de origem, e a maioria destes clubes possuem já equipas de "scouting" estruturadas e presentes no terreno. 
Falta agora ir mais fundo e proibir as contratações, entre clubes que disputam a mesma competição no "mercado de Janeiro" ou com os campeonatos já a decorrer, bem como limitar o número de jogadores que cada clube pode incluir na sua folha salarial ou ter sob contrato.

4 comentários:

Anónimo disse...

Outra boa nova em prol da verdade desportiva é o facto da FIFA ter finalmente decidido implementar o sistema de validação electrónica dos golos prevenindo assim escandalosas decisões arbitrais como a que lesou a Ucrânia em relação à Inglaterra , logo no último europeu organizado por aquela, para não falar na Inglaterra no último mundial, e o historial continuaria mesmo com um árbitro de baliza.
Vão faltar foguetes no paiol para honrar tal decisão que só peca por muito tardia.

Na verdade, passados 65 anos da invenção do primeiro transístor e 62 do primeiro videotape, em plena segunda década do sec XXI em que qualquer Zacarias ou Zebedeu ( esta viola direitos autorais ) podiam já sindicar os lances no estádio com um mero smartphone, a FIFA logrou chegar atrasada em relação a tantos outros desportos.
Diria em futebolês que a FIFA marcou um golo quase ao acaso com a colaboração da defesa adversária em cima do final no tampo de compensações.

E não deve ficar por aqui uma vez que, aberto o caminho à electrónica, esta, tal como o jogo em si, não se pode confinar à baliza, mas também sindicar os lances decisivos como golos na sequência de offside ou falta inexistente sancionada com penalty, recorrendo-se ao vídeo mediante repto da equipa afectada que seria penalizada com um livre perigoso no caso de repto infundado.

Só de pensar no número de penalties infundados ou de golos na sequência de offside e, consequentemente, o número de tantos adeptos que deixaram de gostar de futebol por o investimento no bilhete sair defraudado, sou levado a admitir que a não evolução tecnológica após este facto ( e com os meios necessários já presentes no estádio) só pode ser um soberbo anacronismo que envergonharia a já tão contestada FIFA (e platínica UEFA).

Já agora também se anseia por uma liga de clubes europeus num sistema de franchising e de receitas comuns, além do “draft” na aquisição de jogadores privilegiado aos últimos classificados para não termos de nos conformar com uma ditadura europeia de cinco clubes para quem todos os outros são apenas calendário de teino ( pior ainda no campeonato português onde são em menor número os “ditadores” ).

Não vislumbro melhores modelos em prol da verdade, o tão propalado “fair-play” e competição desportiva.
Cumprimentos
JR

JC disse...

1. atenção: trata-se de uma tecnologia cara, que mesmo em Wimbledon (o "top" do ténis) apenas é utilizada (Hawk Eye) nos "courts" central e nº1. Por isso, não espere ver o sistema fora das grandes competições de FIFA e UEFA, pelo menos nos próximos anos.
2. Não me parece possível estender a "electrónica" a "penalties", "foras de jogo", etc, pois tal alteraria o normal fluir do jogo. Mesmo no "rugby", um jogo c/ mtªs paragens, o vídeo-árbitro s´+o é utilizado, a pedido do árbitro principal, em caso de dúvida sobre toque de meta. E, claro, tb apenas nas grandes competições.
3. quanto ao resto, e para já, contento-me com o que escrevi e proponho no "post", acrescentando-lhe a fusão de ligas nacionais. Enfim, é preciso dar os passos com cuidado.
Cumprimentos

Vic disse...

Bem, meu caro JC, ei-lo em campo absolutamente oposto ao dos responsáveis do seu clube, que querem a todo o custo que essas nova regra nunca entre em vigor. E o Rui Costa ainda teve a lata de dizer, que essa "lei" vai contra os interesses dos jogadores portugueses jovens, "esquecendo-se" que o seu clube tem uma equipa B. Pelos vistos, nisto o SLB e o FCP estão de mão dada.

Abraço

JC disse...

Bom, caro Vic veraneante, penso pela minha cabeça e se o meu clube não está de acordo... paciência.
Boas férias