Ao mencionar, no seu editorial de hoje do “Jornal de Negócios”, a “decadência da aristocracia cavaquista de há 20 anos”, Pedro Santos Guerreiro comete um erro - ou, pelo menos, uma imprecisão. Porquê? Porque o que caracteriza, em termos sociais, o período do chamado “cavaquismo” é o fim da influência dominante da aristocracia – do seu modo de vida, do seu “gosto”, dos valores e comportamentos privados, pessoais e nos negócios – quer directamente quer através da sua assimilação burguesa (Salazar e Caetano comportavam-se como aristocratas, Mário Soares e Cunhal “idem” e Alfredo da Silva casou a filha com um), na política, na economia e nos negócios, substituída por uma nova burguesia emergente sem passado - ou com passado suspeito – e, principalmente, na sua maioria boçal – “com muita terra ainda debaixo das unhas” - e sem grandes ou pequenos escrúpulos. Aliás, é contra essa emergência e dominância do “dinheiro novo”, que atropelava tudo e todos no seu caminho para o “sucesso” e riqueza, tão bem expressa na frase de Manuel Dias Loureiro “pai, já sou ministro!”, que, à direita, Paulo Portas e Miguel Esteves Cardoso combatem nas páginas do “Independente”. Esquecia, no entanto, Manuel Dias Loureiro algo de essencial: ao afirmar a sua nova condição de membro do governo do modo como o fez, estava ele próprio a desprestigiar o cargo a que tinha ascendido e, por extensão, a anunciar o fim de uma era em que, mesmo após o 25 de Abril, o cargo ministerial ainda tinha o peso e o prestígio do “jaquetão preto e calças de fantasia”, do Grémio Literário ou da Círculo Eça de Queiroz”.
Claro que entendo ao que Pedro Guerreiro se queria referir ao falar da “decadência da aristocracia cavaquista”. Mas se faz algum sentido falarmos de uma “aristocracia” quando nos referimos a grandes famílias burguesas como os Espírito Santo, os Kennedy ou os Rostchild, será que, salvaguardadas algumas distâncias e diferenças, podemos utilizar os mesmos termos para todo e qualquer outro género de “famílias”, na política, nos negócios ou em ambos?
Claro que entendo ao que Pedro Guerreiro se queria referir ao falar da “decadência da aristocracia cavaquista”. Mas se faz algum sentido falarmos de uma “aristocracia” quando nos referimos a grandes famílias burguesas como os Espírito Santo, os Kennedy ou os Rostchild, será que, salvaguardadas algumas distâncias e diferenças, podemos utilizar os mesmos termos para todo e qualquer outro género de “famílias”, na política, nos negócios ou em ambos?
5 comentários:
A este propósito convido a leitura do e-book, não totalmente legível - alguns cortes - mas com trabalhos interessantes completos.
Vale a pena tentar, o pouco que seja, Anciennes et nouvelles aristocraties de 1880 à nos jours, referência dirigida por Didier Lancien et Monique de Sant Martin, com prefácio do sociólogo, já falecido, Pierre Bourdieu, saída da credível Éditions de la Maison des Sciences de l’Homme, Paris, 2007.
Relativamente à referência que indiquei no meu comentário anterior, pareceu-me útil introduzir um resumo da obra.
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