"O moralista é normalmente um pecador. A moral vivida não se prega" (Vergílio Ferreira - "Aparição").
Quem se dá ao trabalho de acompanhar este “blog” sabe que não contribuo para o peditório da discussão “da” política (o que é diferente da “discussão política”) baseada em “casos” e em questões de ordem moral, ambas dominantes ao tempo do PSD m-l de Ferreira Leite e Pacheco Pereira. Para além de ambas as questões esconderem normalmente a ausência de ideias e projectos, ou o seu oportuno encobrimento, os “casos” são assuntos que compete à justiça resolver, e até trânsito em julgado de sentença proferida por tribunal competente todos são inocentes. Este é um princípio basilar do Estado de Direito Democrático do qual não abdico. Para além disso, por detrás e na base da política feita de “casos” esconde-se, na grande maioria das vezes, o populismo mais rasteiro. Quanto à “moral”, ou questões dessa ordem como “a verdade”, quando tende a dominar a vida política estamos a meio caminho (ou mais do que isso) do totalitarismo mais perigoso. Lembram-se da “superioridade moral dos comunistas” ou da subordinação da liberdade aos “superiores interesses da Nação” (assim mesmo, com maiúscula) e à “moral cristã?”.
Bom, exactamente por estes motivos saudei e admirei as atitudes de Luís Marques Mendes (o mais competente líder do PSD dos últimos anos) ao colocar a questão das “grandes obras públicas” no centro do debate político e ter definido o afastamento de alguns autarcas, envoltos em “casos”, não por via de qualquer lei ou princípio geral e abstracto mas usando de critérios puramente políticos. Do mesmo modo, saudei e soltei um "uff!.." de alívio quando, após a eleição de Pedro Passos Coelho e não deixando de manifestar as minhas concordâncias ou discordâncias com o que ele propunha, a política e a discussão de ideias tornaram a assumir o posto de comando no PSD e, por arrasto, na vida pública. Falando do PS e do governo anterior, estive-me completamente “borrifando” para o facto do primeiro-ministro José Sócrates ter ou não falado verdade ao país no “caso” PT, tendo na altura salientado, desde início, não necessitar de tal coisa para saber que um negócio com essas características e nessas condições, num país como Portugal, nunca poderia ser concluído sem o aval do Estado – e quem manda no Estado é o governo eleito pelos cidadãos. Mais ainda, acrescentei que muito mal andará um político que não saiba mentir ao seu povo sempre que necessário e as circustâncias políticas assim o exijam. Pobre Churchill, se nunca tivesse mentido!
Como é óbvio, não mudo de ideias por estar agora em causa, no chamado “caso” BPN, uma personalidade política pela qual nutro – e não o escondo – clara antipatia, e do qual me afastam concepções de vida (do seu conservadorismo, da superioridade moral que gosta de assumir, do ascetismo que gosta de evidenciar e do seu perfil de quem carrega aos ombros o peso do mundo) e políticas: sendo, gostaria de pensar que como ele, defensor da democracia, do Estado Social e da economia baseada na livre iniciativa, considero Cavaco Silva, e já por aqui, neste “blog”, tratei de explicar as razões, certamente um dos maiores responsáveis pelo modelo económico que nos conduziu “ao estado a que isto chegou”, pedindo a frase emprestada ao saudoso capitão Salgueiro Maia. Por isso mesmo, pouco ou nada me interessa a quem o actual Presidente comprou as acções da SLN e a quem as vendeu - desde que o tenha feito legalmente, claro - nem de tal necessito para tirar ilações políticas – friso: “políticas” – do assunto. E, assim sendo, quais serão elas? Bom, o que o caso BPN /SLN vem, mais um vez, evidenciar e trazer à discussão é aquela que foi uma das principais e mais nefastas características do chamado período “cavaquista”, seja, o assalto ao Estado e aos negócios por uma nova burguesia emergente e sem escrúpulos protegida e acolitada pela “nomenklatura” de então. Foi o “regabofe” do novo riquismo, da sociedade emergente em que o sucesso era apresentado com um fim que justificava todos os meios (lembram-se do Valentim Loureiro que levou o Boavista F.C. à bancarrota,do Isaltino autarca modelo e de muitos outros que continuam hoje a acoitar-se da “Comissão de Honra” do candidato Cavaco Silva?) tudo isto ancorado numa conjuntura nacional e internacional favorável, no legado do governo Soares/Hernâni Lopes (o melhor governo da democracia) e na abundância e esbanjamento dos fundos estruturais. São estas as responsabilidades políticas de Cavaco Silva que o assunto MPN/SLN veio trazer à luz do dia para quem andava distraído ou tem a memória curta, e é sobre elas, e não sobre a quem comprou ou vendeu as tais acções (desde que o tenha feito legalmente, repito), que deve ser questionado e responder politicamente, assumindo todas as suas responsabilidade. E digamos que a carga será bem pesada...
Quem se dá ao trabalho de acompanhar este “blog” sabe que não contribuo para o peditório da discussão “da” política (o que é diferente da “discussão política”) baseada em “casos” e em questões de ordem moral, ambas dominantes ao tempo do PSD m-l de Ferreira Leite e Pacheco Pereira. Para além de ambas as questões esconderem normalmente a ausência de ideias e projectos, ou o seu oportuno encobrimento, os “casos” são assuntos que compete à justiça resolver, e até trânsito em julgado de sentença proferida por tribunal competente todos são inocentes. Este é um princípio basilar do Estado de Direito Democrático do qual não abdico. Para além disso, por detrás e na base da política feita de “casos” esconde-se, na grande maioria das vezes, o populismo mais rasteiro. Quanto à “moral”, ou questões dessa ordem como “a verdade”, quando tende a dominar a vida política estamos a meio caminho (ou mais do que isso) do totalitarismo mais perigoso. Lembram-se da “superioridade moral dos comunistas” ou da subordinação da liberdade aos “superiores interesses da Nação” (assim mesmo, com maiúscula) e à “moral cristã?”.
Bom, exactamente por estes motivos saudei e admirei as atitudes de Luís Marques Mendes (o mais competente líder do PSD dos últimos anos) ao colocar a questão das “grandes obras públicas” no centro do debate político e ter definido o afastamento de alguns autarcas, envoltos em “casos”, não por via de qualquer lei ou princípio geral e abstracto mas usando de critérios puramente políticos. Do mesmo modo, saudei e soltei um "uff!.." de alívio quando, após a eleição de Pedro Passos Coelho e não deixando de manifestar as minhas concordâncias ou discordâncias com o que ele propunha, a política e a discussão de ideias tornaram a assumir o posto de comando no PSD e, por arrasto, na vida pública. Falando do PS e do governo anterior, estive-me completamente “borrifando” para o facto do primeiro-ministro José Sócrates ter ou não falado verdade ao país no “caso” PT, tendo na altura salientado, desde início, não necessitar de tal coisa para saber que um negócio com essas características e nessas condições, num país como Portugal, nunca poderia ser concluído sem o aval do Estado – e quem manda no Estado é o governo eleito pelos cidadãos. Mais ainda, acrescentei que muito mal andará um político que não saiba mentir ao seu povo sempre que necessário e as circustâncias políticas assim o exijam. Pobre Churchill, se nunca tivesse mentido!
Como é óbvio, não mudo de ideias por estar agora em causa, no chamado “caso” BPN, uma personalidade política pela qual nutro – e não o escondo – clara antipatia, e do qual me afastam concepções de vida (do seu conservadorismo, da superioridade moral que gosta de assumir, do ascetismo que gosta de evidenciar e do seu perfil de quem carrega aos ombros o peso do mundo) e políticas: sendo, gostaria de pensar que como ele, defensor da democracia, do Estado Social e da economia baseada na livre iniciativa, considero Cavaco Silva, e já por aqui, neste “blog”, tratei de explicar as razões, certamente um dos maiores responsáveis pelo modelo económico que nos conduziu “ao estado a que isto chegou”, pedindo a frase emprestada ao saudoso capitão Salgueiro Maia. Por isso mesmo, pouco ou nada me interessa a quem o actual Presidente comprou as acções da SLN e a quem as vendeu - desde que o tenha feito legalmente, claro - nem de tal necessito para tirar ilações políticas – friso: “políticas” – do assunto. E, assim sendo, quais serão elas? Bom, o que o caso BPN /SLN vem, mais um vez, evidenciar e trazer à discussão é aquela que foi uma das principais e mais nefastas características do chamado período “cavaquista”, seja, o assalto ao Estado e aos negócios por uma nova burguesia emergente e sem escrúpulos protegida e acolitada pela “nomenklatura” de então. Foi o “regabofe” do novo riquismo, da sociedade emergente em que o sucesso era apresentado com um fim que justificava todos os meios (lembram-se do Valentim Loureiro que levou o Boavista F.C. à bancarrota,do Isaltino autarca modelo e de muitos outros que continuam hoje a acoitar-se da “Comissão de Honra” do candidato Cavaco Silva?) tudo isto ancorado numa conjuntura nacional e internacional favorável, no legado do governo Soares/Hernâni Lopes (o melhor governo da democracia) e na abundância e esbanjamento dos fundos estruturais. São estas as responsabilidades políticas de Cavaco Silva que o assunto MPN/SLN veio trazer à luz do dia para quem andava distraído ou tem a memória curta, e é sobre elas, e não sobre a quem comprou ou vendeu as tais acções (desde que o tenha feito legalmente, repito), que deve ser questionado e responder politicamente, assumindo todas as suas responsabilidade. E digamos que a carga será bem pesada...
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