Para se analisar da correcção ou incorreção estratégica das campanhas eleitorais dos candidatos que se opuseram a Cavaco Silva será necessário, antes do mais, determinar quais os objectivos desses mesmos candidatos. Ora numa coisa todos estiveram de acordo: o objectivo seria obrigar Cavaco Silva a uma 2ª volta ou, nessa impossibilidade, diminuir a percentagem e número de votos do candidato incumbente. Eram objectivos realistas ou estariam sub ou sobre-dimensionados?
Bom, face à História da democracia portuguesa, das reeleições presidenciais, condições concretas em que se disputava a eleição, forças/fraquezas, perfis e apoios dos candidatos, números das sondagens, etc, etc, obrigar Cavaco Silva a uma 2ª volta seria bastante improvável, e os candidatos sabiam-no, do mesmo modo que também sabiam que para alcançarem esse primeiro objectivo ou diminuírem drasticamente o resultado eleitoral do candidato incumbente (objectivo secundário mas não contraditório com o primeiro) seriam necessários uma elevada abstenção e um crescimento acentuado do “voto de protesto”. Ora para isso, no curto-prazo de uma campanha eleitoral e tendo em atenção o descontentamento mais ou menos generalizado para com os “políticos” (na sua “honestidade”, “verdade” e coisas do género) e o pouco entusiasmo que o actual Presidente suscita em muitos dos seus tradicionais votantes, funcionaria sempre bem melhor junto dos indecisos uma campanha de “casos”, minando a credibilidade "moral" de de Cavaco Silva (e ele bem se pôs a jeito), do que a discussão política “pura e dura”, pouco eficaz junto da população menos politizada que sempre compõe maioritariamente o grupo dos que hesitam no destino do seu voto.
Tendo dito isto, e goste-se ou não (e eu não gosto e até acho prejudicial para a democracia) que a luta política quase se reduza a este esgrimir de “casos”, em face da percentagem e número de votos alcançados por Cavaco Silva e dos valores da abstenção e votos brancos e nulos temos de concluir que a estratégia, não conseguindo atingir o seu principal objectivo, em si mesmo quase impossível, acabou por se materializar num relativo sucesso: a percentagem e o número de votos mais baixos de sempre de um Presidente reeleito. No fundo, os candidatos que competiram contra Cavaco Silva fizeram um pouco como aquelas equipas de futebol que, reconhecendo não poder lutar de “igual para igual” com o adversário, jogando o “jogo pelo jogo”, optam por “estacionar” o já célebre “double decker” frente à sua baliza: é feio, mas por vezes funciona; pode não dar para ganhar, mas para empatar ou perder por poucos até pode ser que resulte. Pelo menos, é (foi) a única estratégia possível.
Bom, face à História da democracia portuguesa, das reeleições presidenciais, condições concretas em que se disputava a eleição, forças/fraquezas, perfis e apoios dos candidatos, números das sondagens, etc, etc, obrigar Cavaco Silva a uma 2ª volta seria bastante improvável, e os candidatos sabiam-no, do mesmo modo que também sabiam que para alcançarem esse primeiro objectivo ou diminuírem drasticamente o resultado eleitoral do candidato incumbente (objectivo secundário mas não contraditório com o primeiro) seriam necessários uma elevada abstenção e um crescimento acentuado do “voto de protesto”. Ora para isso, no curto-prazo de uma campanha eleitoral e tendo em atenção o descontentamento mais ou menos generalizado para com os “políticos” (na sua “honestidade”, “verdade” e coisas do género) e o pouco entusiasmo que o actual Presidente suscita em muitos dos seus tradicionais votantes, funcionaria sempre bem melhor junto dos indecisos uma campanha de “casos”, minando a credibilidade "moral" de de Cavaco Silva (e ele bem se pôs a jeito), do que a discussão política “pura e dura”, pouco eficaz junto da população menos politizada que sempre compõe maioritariamente o grupo dos que hesitam no destino do seu voto.
Tendo dito isto, e goste-se ou não (e eu não gosto e até acho prejudicial para a democracia) que a luta política quase se reduza a este esgrimir de “casos”, em face da percentagem e número de votos alcançados por Cavaco Silva e dos valores da abstenção e votos brancos e nulos temos de concluir que a estratégia, não conseguindo atingir o seu principal objectivo, em si mesmo quase impossível, acabou por se materializar num relativo sucesso: a percentagem e o número de votos mais baixos de sempre de um Presidente reeleito. No fundo, os candidatos que competiram contra Cavaco Silva fizeram um pouco como aquelas equipas de futebol que, reconhecendo não poder lutar de “igual para igual” com o adversário, jogando o “jogo pelo jogo”, optam por “estacionar” o já célebre “double decker” frente à sua baliza: é feio, mas por vezes funciona; pode não dar para ganhar, mas para empatar ou perder por poucos até pode ser que resulte. Pelo menos, é (foi) a única estratégia possível.
2 comentários:
O elevado abstencionismo não se deve ao candidato Cavaco em si mas sim ao desconsolo que os eleitores sentem por toda a classe política, onde Cavaco se inclui, claro!
Se ainda se apouca os poucos que se deram ao trabalho de ir votar e realça os muitos que não foram, não "estaremos" a apoucar a democracia em si?
Se os poucos que foram votaram maioritáriamente Cavaco o que se há-de fazer?
Que apareçam candidatos credíveis em quem o povo possa confiar!
Não há?
Então fizeram mal os que votaram olhando ao cenário que se lhes apresentou naquela folhinha que a mesa de voto lhes forneceu?
Não estou em Portugal, não sou Cavaquista.
Mas se estivesse e quizesse fazer uma cruz, consciente que pelo menos não estava a contribuir para mais aventureirismos, o que me sobrava?
Mas não digo no "post" que o abstencionismo se deva a Cavaco Silva nem estou a louvar o abstecionismo. Apenas afirmo que fomentar o abstencionismo, voto em branco ou voto de pretesto foi uma estratégia deliberada de alguns candidatos no sentido de tentar a 2ª volta ou a eleição de CS c/ o menor nº possível de votos. Nunca me abstive, nem domingo passado, apesar de já ter votado "branco" ou em candidatos "fantasma" (estilo Coelho ou Defensor)
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