terça-feira, agosto 10, 2010

"Dica" de Verão (2)

Desde que começaram a aparecer no mercado português, para aí há uns vinte e tal anos (um dos primeiros – que me lembre – terá sido o “Terra Franca”, da Sogrape), que me tornei adepto dos rosés secos (não estou a falar daqueles um pouco adocicados, ao estilo “Mateus”) como vinhos de Verão. São frescos e frutados, como a estação requer (mas atenção: desde que comedidos no teor alcoólico), têm uma bela cor, acompanham bem as conversas junto à piscina, com ou sem aqueles aperitivos habituais, e a gastronomia mais ou menos fútil adequada aos calores estivais e a uns bons mergulhos refrescantes. Exemplo? Sushi” (pois claro!) ou uma daqueles saladas frias à base de “pasta” como, por exemplo, “fusilli” tricolor com pedaços e salmão e mexilhões (para peixe grelhado ou para aquelas bem agradáveis saladas gregas com queijo “Feta”, escolha um “branco”, sff).

Ainda por cima são vinhos baratos (também não se espera sejam grandes vinhos!), e aqui agora é que bate o ponto e começa a história deste “post”. Aqui há uns anos (três ou quatro, não me lembro) decidi experimentar um rosé da Cooperativa de Pegões que se vendia no P. de Açucar das Amoreiras a um preço ridículo (cerca de €1.50). Ao contrário do que acontece com tantas outras cooperativas, Pegões insiste em fazer bons vinhos e, pelo preço, este era quase oferecido. Resultado? Desilusão!... O vinho era, como esperava, bem feito mas algum açucar residual tornava-o um pouco enjoativo. Foi para o “index” e ficou de castigo!

Mas, coração generoso, passado esses anos de “nojo” resolvi dar-lhe uma segunda oportunidade e a surpresa foi total: vinho agora seco, frutado tanto quanto se possa esperar, fresco, a merecer os maiores encómios face ao preço proposto (os mesmos €1.50, mais coisa menos coisa). Um achado, este “Fonte do Nico” rosé (12.5º) feito por Jaime Quendera com base na casta Castelão, a dominante na região de Setúbal/Palmela. A provar, pois claro, que é possível fazer vinho “honesto”, para o dia a dia, a preços convenientes, e também que a crise não é desculpa (de mau pagador) para se abandonarem os bons hábitos. Vá lá, aproveite a "dica".

7 comentários:

pois disse...

Caro JC

Confesso que li estas duas dicas e se sobre salada (e cozinha em geral) não meto bedelho, no vinho ainda vou habilitando, mas Rosé não. Talvez seja preconceito pela cor e pelo deslavado mas é o que é. No Verão prefiro verde branco muito fresco e o mais próximo de Monção ali a roçar o Alvarinho.

Cumprimentos

JC disse...

Tb gosto dos Alvarinho, aliás os únicos "verdes" que bebo. O Deu-La-Deu é sempre um valor seguro a bom preço, mas o "Soalheiro" e os "Muros de Melgaço" e "Muros Antigos", estres últimos do Anselmo Mendes, talvez o melhor énologo dos "verdes" estão entre os melhores que já bebi. E quanto aos rosés, não será preconceito pela cor: sendo a maioria dos portugueses benfiquista, dessa maioria poucos bebem rosé!..
Já agora: estranhei não o ver por aqui a comentar a vitória do seu FCP...

pois disse...

Meu caro,

Uma provocaçãozinha cai sempre bem, mas os comentários sobre a vitória do meu FCP guardei-os para os meus FCP's.

Ver-me-à aqui mais fácil quando perder, ou a dar-lhe os parabéns (mais difícil) ou a arranjar uma desculpa, futebol

Cumprimentos

gin-tonic disse...

De acordo, Caro "Pois", Rosé não é vinho. Antes o capilé, gostosura da minha infância, casquinha de limão, com ou sem soda, Rua Barros Queiroz, frente ao "Pinóquio" (ou "Panchito?) em Lisboa.
De acordo também com os verdes brancos a roçar Monção. "Muralhas de Monção", um vinho honesto, qualidade preço. Dos Alvarinhos nunca consegui chegar ao verdadeiro e, penso, que vou partir sem lá chegar. Passa-se o mesmo com o "Carcavelos". Uma vez, a lomg tine ago, bebi um dedal e achei divinal. Também nunca mais lá cheguei. Memórias também do verde branco/tinto, de "Ponte de Lima". Já não é o que era. Ou se calhar sou eu que já não sou o que fui.
Caro JC, completamente a despropósito. Recebi mensagem do Filhote e ele diz: "O , Ramires faz falta, porém. se vier o Wesley ou o Elias, ficamos muito bem servidos, são jogadores do mesmo nível.”
Ele está no Rio, vê tudo e, se bem te lembras, mais ou menos há um ano disse-nos que Ramires era mesmo jogador de futebol. Viu-se. Ao ponto de já ter partido. Uma pena.

JC disse...

1. Quanto aos vinhos: És um conservador, Gin-Tonic. Então pq não é o "rosé" vinho? Ai, ai, estes conservadores... O "Muralhas" é de facto honesto, mas não é a "minha chávena de chá". Experimenta o Alvarinho Deu-La-Deu (pouco mais de €5 no super).

Quanto aos Elias e Wesleys, acredito no Filhote; mas comecem por pôr a equipa a jogar de forma adequada c/ os jogadores que cá têm e depois logo se vê.

JC disse...

Acrescentando, Gin-Tonic: existe um preconceito contra os vinhos "rosé" que tem uma origem claramente machista mas tb conservadora "stricto sensu". Em 1º lugar, os "rosé" tradicionais (do tipo "Mateus") eram, e são, vinhos c/ algum açucar residual, adocicados. Como, para além disso, são "rosados", são considerados, por essas 2 razões, bebidas femininas, quase como refrescos que eram as bebidas destinadas ás mulheres. Por outro lado, noutro plano, o vinho tinto tradicional, de "pipo", carrascão, era um vinho "pesado", oxidado, sem frescura, na antítese, portanto, dos "rosés", que são vinhos frescos e frutados. Por esse mesmo motivo, durante mtº tempo existiu algum preconceito tb contra os "brancos". Por último, quando Portugal era um país pobre e atrasado, quase s/ classe média, a maioria do vinho era consumido pelas classes baixas, na sua maioria rurais mas tb operariado. Fazia parte da alimentação e mtªs vezes o pagamtº dos trabalhadores rurais incluía 1L de vinho/dia. Era uma alimentação necessariamente mtº calórica - o trabalho era dura e consumia mtª energia - e que não mudava c/ as estações. O vinho tinto era assim bem mais adequado.
Abraço

pois disse...

Caro JC,

trailarailarailaria..."O vinho tinto era assim bem" melhor. E continua a ser.

Cumprimentos

Mas cada um que beba o que gostar mais