Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
segunda-feira, abril 30, 2007
História(s) da Música Popular (41)
- Em primeiro lugar, neste capítulo apenas teremos os Beach Boys enquanto grupo dedicado à surf music. Quer isto dizer que a seu período mais criativo e importante, de “Pet Sounds”, Smiley Smile” e “Wild Honey”, das experiências de estúdio de Brian Wilson, ficará para mais tarde e terá também direito a capítulo próprio e bem mais desenvolvido. Merece. Não vão, pois, encontrar aqui temas como “Good Vibrations”, “Sloop John B”, “God Only Knows”, “Heroes And Villains” etc. É esperar pela altura própria; tenham lá paciência mas o rigor tem destas coisas.
- Em segundo lugar que não iremos transformar este capítulo da vocal surf music num repositório dos êxitos do grupo – que foram muitos; penso que todos os conhecemos demasiado bem e por isso não faria muito sentido. Prefiro não gastar muito tempo nem muito espaço no servidor com o assunto e, isso sim, focar preferencialmente mais algumas facetas e temas menos conhecidos.
Colocadas as coisas deste modo, aí vamos nós agora.
O grupo, formado em 1961 em Hawthorne, Baixa Califórnia, no seu line-up mais importante contou com a presença dos três irmãos Wilson (Brian, Carl e Dennis), do primo Mike Love (o mais velho do grupo, nascido em 1941) e do amigo Al Jardine, tudo isto com a supervisão e gestão do pai Wilson (Murray). Para ser verdadeiro, só um dos membros do grupo era surfista (Dennis) e mesmo assim dizem os meus amigos dedicados ao surf que não era lá grande coisa. No fundo, limitaram-se a cavalgar aquele que era o mundo um pouco fútil da Baixa Califórnia: surf, “miúdas” e festas de garagem. Digamos que parvos não eram de todo! Conta Brian Wilson que, um dia, o seu irmão Dennis (o único surfista, sex symbol do grupo e que regressava da praia e do surf) lhe propôs que compusessem algo sobre o assunto, e terá sido assim que tudo começou.
Depois de terem tocado e cantado sob vários nomes (Pendletones, Kenny and the Cadets), já como Beach Boys gravam “Surfin” (10/4/61), para a pequena etiqueta Candix (consta que o acontecimento rendeu $200 a cada um dos membros do grupo), que se torna um êxito local e lhes abre as portas da “major” Capitol. O resto é história, mas lá iremos já que por hoje nos ficamos por este “Surfin” que integraria o seu primeiro álbum, “Surfin’ Safari”, também nome do seu primeiro tema no hit parade (#14). "Surfin" foi composto por Brian Wilson e Mike Love, que é também o lead singer. O álbum inclui também uma versão de “Moon Dawg”, um original dos Gamblers que incluí no capítulo dedicado ao surf instrumental e que é tido como o tema que deu origem à surf music, e do célebre “Summertime Blues” de Eddie Cochran, que nada tem que ver com estas coisas do surf.
domingo, abril 29, 2007
sábado, abril 28, 2007
Camané e a Orquestra Sinfónica
Cinema e Rock & Roll (1)
Curiosamente, Bill Haley é um fenómeno relativamente atípico no mundo do rock e dos teenage rebels dos fifties, tendo passado um pouco ao lado do centro do movimento e a sua imagem pouco ou nada se identificando com ele, já que na altura era já trintão (nasceu em 1925), tinha um ar bem comportado e vinha do conservador mundo do country & western. Pode dizer-se que mais do que um genuíno rocker, Bill Haley como que “cavalgou” a nova música e a nova des-ordem emergentes.
O tema “Rock Around The Clock” (originalmente gravado por um tal Sunny Dae) já tinha sido editado por Bill Haley antes (1954) do filme ter sido rodado e exibido, não tendo obtido grande êxito, e foi a sua integração na banda sonora de “Blackboard Jungle” que o catapultou para #1 e para o êxito mundial – e Haley para a fama! Haley por pouco tempo, uma vez que a sua imagem e way of living and acting pouco se identificavam com o rock & roll. O tema viverá para sempre, tal como o filme de Richard Brooks a ele indissoluvelmente ligado.
Em Portugal, quando o disco foi editado, salvo erro pela Valentim de Carvalho, em 78 rpm, a loja aceitava encomendas, tal foi a loucura. Pelo menos tenho disso uma vaga ideia (era e seria ainda uma criança), por conversas captadas lá em casa aos “crescidos” e que são algumas das minhas primeiras memórias de vida, tal como o disco itself que os meus pais compraram sem eu nada entender do que se passava, claro está.
Pois aqui fica um pequeno clip, com o “professor” Glenn Ford, mais tarde na minha vida meu herói de alguns westerns e filmes sobre a WWII.
sexta-feira, abril 27, 2007
quinta-feira, abril 26, 2007
PS e PSD em luta pelo controle dos "media"
Aproveitando a maré, eis se não quando o PSD oficial (porque parece que no partido há quem não esteja de acordo) lançou a ideia da privatização da RTP (coisa em relação á qual, diga-se, não tenho qualquer oposição de fundo, mas, devo também dizer que a actual situação não me maçará assim tanto), tentando subtraí-la ao comando e controle do governo. O raciocínio era simples: pertencendo a SIC ao grupo Impresa (de Francisco Pinto Balsemão, militante nº 1 do PSD) a “partilha”, com a privatização da RTP e sua possível entrega a uma entidade “simpática” para a oposição, estaria mais composta, pelo menos em teoria, já que, na prática, para um Balsemão jornalista e empresário, talvez as coisas não fossem assim tão simples.
Pois estava o PSD nestas cogitações quando lhe entrou o inimigo pela porta das traseiras, na pessoa da TVI, da Prisa, do PSOE e do PS. E lá se foi a estratégia e o negócio... Fico muito confortável? Não, não fico. A sério que não, muito menos com Pina Moura por perto; não estou muito habituado a ver partidos a dominar os media e talvez não ache um bom princípio. Mais a mais, a memória do PREC e do pós PREC também não me ajuda lá muito. Mas ver os PSD’s “armados” em virgens vestais alarmados com a vinda dos lobos, confesso, dá-me vontade de rir! É que “isto” é como na tradução portuguesa do filme de Soderbergh: por muito que se esforcem, “ninguém sai mesmo ileso”!!!
quarta-feira, abril 25, 2007
25 de Abril, P.R. e A. R.
25 de Abril e a música popular
Curiosamente, a revolução e o pós revolução pouco trazem de interessante neste campo. A revolução, apenas o GAC – Grupo de Acção Cultural -, dinamizado por José Mário Branco e que nos trouxe dois álbuns inovadores de excelente qualidade, um pouco esquecidos e sem reedição em CD (tanto quanto sei): “Pois Canté” e “Ronda da Alegria”. O pós revolução, António Variações, já que considero o movimento do "novo rock português" musical e genericamente desinteressante e sobreavaliado pela crítica e meios; interessante, sim, apenas do ponto de vista sociológico, pois trata-se de uma das primeiras manifestações genuínas de cultura suburbana.
Quanto ao resto, saliente-se a revalorização e recuperação do fado, nos últimos anos, e de parte importante do seu espólio. De louvar, pois trata-se de um “género” único da música popular e uma das formas mais importantes de expressão da cultura popular portuguesa. Noutra dimensão, espero também se venha a reavaliar um pouco a obra de um autor incluído naquilo que se convencionou chamar de “nacional cançonetismo”, mas que, apesar disso, merece um olhar mais atento, pelo menos em parte da sua obra: Nóbrega e Sousa.
25 de Abril
Para a minha geração, nos últimos anos da adolescência e início da idade adulta em 1974, e para a o grupo social em que me inseria (burguês, urbano, cosmopolita, uma vida confortável e futuro mais ou menos garantido se não preguiçasse ou “asneirasse” demasiado) o antagonismo e contestação para com o regime nasce, fundamentalmente, dessa ausência de modernidade que o esse mesmo regime “oferecia”. Nuns anos sessenta e setenta de ruptura de ideias, ideais e valores, de formas e modos de vida, a ditadura negava-nos a participação nessa aventura que, aos soluços e pelas frestas, lá nos ia chegando da Grã-Bretanha, dos USA e também de França. A uma década de luta contra a guerra do Vietnam, do Maio de 68, do movimento Hippie e do LSD, da swinging London ou da marcha sobre Washington, o regime contrapunha a guerra colonial, a segregação sexual nas escolas, a imposição de valores e comportamentos sociais e culturais (até na música!) herdados de antes da WWII e que já não eram os nossos. Impunha-nos os filmes que podíamos ver (com “cortes” ou sem eles), a música que podíamos publicamente ouvir, os livros que podíamos comprar, os concertos a que (não) podíamos assistir e o modo como nos devíamos comportar. Por último, proibia ou dificultava as nossas idas ao estrangeiro antes da “tropa” e até nos sonegava alguns cursos que gostaríamos de tirar - principalmente aqueles que se situavam no campo das ciências sociais, pois claro. Por isso, para muitos de nós o 25 de Abril foi tudo o que não tínhamos tido fruído de uma só vez e de um só gole, e foi assim que o vivemos: foi o Maio de 68 e Woodstock, a marcha sobre Washington e o rock & roll e os swinging sixties, a rive gauche e a “libertação”, tudo temperado com uns “pózinhos” de revolução de Outubro. Foi o nosso tempo, não de sermos “rebels without a cause” mas de utopias e causas várias, muitas vezes vivido do lado errado, como saudavelmente seria de esperar e de louvar.
Talvez por isso estremeço quando vejo o PCP (hoje em dia talvez o partido onde menos reconheço qualquer resquício de modernidade e abertura) apoderar-se da iconografia do 25 de Abril e usá-la em seu proveito. Quando os vejo “afunilar”, sectariamente, os valores e ideias que estiveram na base da revolução e das suas tantas vivências, afastando os muitos que, nesse período, de muitas e várias formas e modos, hoje à esquerda ou à direita, nele reconheceram uma das suas “melhores horas”. Por isso apenas reconheço no desfile que todos os anos desce a Avenida da Liberdade comemorando (?) este dia, uma manifestação de um passadismo retrógrado, nos antípodas da modernidade e do futuro que foi Abril, dirigido e apropriado por um partido defensor de regimes por onde as ideias e vidas que nos levaram a antagonizar a ditadura de Salazar e Caetano nunca passaram, e eram tanto ou ainda mais antagonizadas do que no Portugal da ditadura. Reconheço o papel do PCP na luta contra a ditadura (embora não tão determinante como o próprio pretende fazer crer), a abnegação e heroísmo inigualáveis de muitos dos seus militantes, mas, felizmente, se a memória histórica molda os nossos valores culturais é com a inovação e a rebeldia que se constrói o futuro.
terça-feira, abril 24, 2007
Exércitos actuais e comportamentos militares
O modelo de exército do século XX era, com maiores ou menores adaptações, o dos exércitos construídos após o fim do Ancien Régime, do recrutamento geral e obrigatório baseado na ideia de “defesa da pátria”, que lhe servia de suporte ideológico, um conceito também ele herdado da época áurea dos nacionalismos do século XIX. Foi este modelo que combateu nas guerras entre nações, desde Napoleão até à WWII, e é este modelo, em primeiro lugar através da crise da ideologia que o suporta, que começa a ser posto em causa nas guerras coloniais dos anos cinquenta (Indochina), e subsequentes (Portugal), ou nos conflitos localizados da guerra fria (Vietnam/USA e Afeganistão/URSS). Os resultados são bem conhecidos, tanto no campo estritamente militar como contestação e modificação dos comportamentos, até aí, tidos como “próprios” de um soldado numa situação de guerra.
No final do século passado, e, com especial incidência, nos primeiros anos deste século, após o fim da “guerra fria”, o modelo começa a mudar e o exército profissional toma conta dos teatros de guerra. Já não estamos perante o recrutamento obrigatório – o exército de “todo o povo” – nem “a defesa da pátria em perigo” é o cimento ideológico que lhe dá coesão. Estamos perante homens e mulheres que fazem da “vida militar” a sua profissão e se oferecem para os teatros de guerra por mor da melhoria das suas condições de vida (leia-se, financeiras), por vezes com algum gosto de aventura e de conhecer o mundo à mistura. É esta a sua motivação principal e, por via dela, os comportamentos esperados terão de ser necessariamente outros. De que modo irão os Estados enfrentar este problema e como poderão, nestas circunstâncias e em que condições, adoptar códigos de conduta militar adequados e passíveis de cumprimento? É este, efectivamente, o desafio actual.
segunda-feira, abril 23, 2007
O Boavista F. C. e Valentim Loureiro: uma história exemplar
O Boavista foi, nas décadas de 80 e 90, o instrumento fundamental da ascensão ao poder de Valentim Loureiro, tal como o FCP o foi para o poder económico, empresarial e político emergente no Grande Porto após a normalização democrática do 25 de Novembro de 1975. Essa afirmação política e empresarial de Valentim Loureiro passou, em primeiro lugar, pela “lavagem” de imagem depois dos seus problemas com a justiça militar na fase final da ditadura, que nada tiveram que ver com a política mas sim com o seu comportamento e actuação enquanto oficial de Administração Militar. O ter ascendido a presidente do Boavista possibilitou, pois, não só a “lavagem” dessa imagem (tornando-o conhecido e permitindo-lhe o acesso fácil aos media), como, com a habitual complacência da normalmente subserviente, e pouco dada a críticas e investigações, imprensa desportiva, mostrar “obra feita” no clube, credibilizando-o e criando para si próprio uma imagem de “fazedor”, empreendedor e gestor competente. Foi alicerçado na imagem e poder assim conseguidos que teceu a sua teia de relações e tráfico de influências, que lhe permitiram a sua ascensão política e desportiva, levando-o a vice-presidente do PSD, autarca, administrador do Metro do Porto e presidente da Liga de Futebol Profissional (e por aí fora...). Mas, se foi a presidência do Boavista F. C. a base, o ponto de partida para a criação deste seu poder, foi esse mesmo poder, criado numa teia de relações que passou inclusivamente pelas ligações à Guiné Bissau, que lhe permitiu levar o Boavista F. C. a campeão nacional, investindo o suficiente no futebol do clube, quando isso foi indispensável para a prossecução dos seus objectivos, e dominando as estruturas de decisão desportiva, desde o ministro (José Lello) ao dirigente máximo da arbitragem (Pinto de Sousa), passando pela sua própria eleição como presidente da Liga. Foi esta estrutura, a teia gigante assim construída durante anos, que inclusivamente passou por ser o único dos “não grandes” a cometer a loucura de construir um estádio de 30 000 lugares (raramente mais de 5 000 estão ocupados) para o Euro 2004, que levou o Boavista F. C., mesmo com um treinador medíocre e iletrado (que a partir daí acumulou despedimentos e fiascos por todo o sítio por onde passou), a campeão nacional, cumprindo mais um passo no percurso traçado, para si mesmo, por Valentim Loureiro no seu projecto de poder pessoal. Uma vez conseguidos os objectivos fundamentais, de imediato o clube desinvestiu, pois nada no projecto indiciava sustentabilidade, e basta comparar, a preços constantes, os orçamentos dos seus anos dourados com os orçamentos actuais. Sobreveio, com a entrada na “zona euro”, a perda de poder do “norte”, a nível político e empresarial, e o “Apito Dourado”, retirando-lhe poder no seu partido, no futebol e nos media, foi uma machadada decisiva neste seu projecto.
É uma história exemplar do Portugal das últimas décadas.
domingo, abril 22, 2007
Eusébio, o telejornal e as eleições francesas
"Conselho Nacional contra (???) a Violência no Desporto"
sábado, abril 21, 2007
sexta-feira, abril 20, 2007
Disse "Inglês Técnico"?
O presidente do FCP
William Blake: "Songs of Innocence and of Experience" (11)
"The Ecchoing Green" (1ª parte) - poema e ilustração de William Blake para "Songs of Innocence and of Experience"
quinta-feira, abril 19, 2007
"Arte Popular" no "Estado Novo"
Sobre as formas de tratamento em Portugal: uma história simples
Mal roçávamos, na altura, os trinta anos e tratávamo-nos pelo primeiro nome e por você, numa empresa em que os títulos académicos eram, no dia a dia, ignorados ou desconhecidos e apenas constariam dos respectivos CV arquivados no departamento de recursos humanos. Pois um dia, o bom do B. (vamos chamar-lhe assim) decidiu perguntar-me: J, você que é português mas de cultura francófona é a única pessoa que eu conheço que me pode explicar uma coisa. Nós tratamo-nos por você e pelo primeiro nome, como à maioria dos nossos colegas que assim também nos tratam. Você e eu tratamos o presidente da companhia por você e pelo primeiro nome, mas você trata o motorista dele por Sr. A, a senhora dos cafés por Srª Dona X e permite que ambos o tratem pelo primeiro nome. Não percebo, confesso que não percebo!
Bom, lá tentei, o melhor que pude e soube, dar-lhe um curso acelerado sobre as formas e nuances de tratamento em Portugal. Inclusivamente, sobre o facto de uma das minhas avós, sua compatriota, apesar de viver em Portugal desde os dezoito ou vinte anos, nunca ter sido tratada - entre criadas, porteira, modista e comerciantes do bairro - por Srª Dona mas sim de “Madame”. Sobre a história dos Doutores e Engenheiros o pobre do B. já tinha sido há muito avisado, embora continuasse a fazer-lhe alguma confusão quando, fora da empresa mas na vida profissional, assim se lhe dirigiam. Sobre o resto, incluindo a diferenciação de tratamento ao motorista e senhora dos cafés, acho terá sido mais complicado, apesar dos meus reconhecidos dotes pedagógicos. Quem sabe ainda hoje estará para perceber!?
Um país de tristes...
quarta-feira, abril 18, 2007
O Portugal da "bimbolândia" (2)
18.04.2007, Carlos Dias
A instalação de uma cidade do cinema em Beja é o novo objectivo para a região baixo-alentejana e que acaba de ser anunciado pelo presidente da Associação Comercial do Distrito de Beja (ACDB), António Saleiro. O projecto está a ser dinamizado pelo actor Nicolau Breyner, natural do concelho de Serpa. António Saleiro disse ontem na Rádio Pax de Beja que já "convidou as forças vivas da região", sejam autarcas, empresários, agricultores e ainda a diocese de Beja para estarem presentes numa reunião que vai realizar-se no próximo sábado, para os incentivar a "abraçar o projecto liderado por Nicolau Breyner". O empresário está convencido do êxito da iniciativa, "se tivermos capacidade e engenho para avançar" com o projecto da instalação no concelho de Beja de uma cidade do cinema que Hollywood já anunciou querer instalar no espaço europeu, focando a grande vantagem de estar a ser construído o aeroporto de Beja, que considera "uma das melhores infra--estruturas em termos de mobilidade e ligação com o mundo". O presidente da ACDB revelou que Nicolau Breyner lhe comunicou a intenção de poder ali instalar a cidade do cinema. Como o actor "tem uma ligação muito directa com os homens do cinema americano", António Saleiro acredita que estes possam optar pela instalação em Beja em detrimento "de Marrocos, Argélia, Espanha ou até mesmo Montijo", referiu António Saleiro, destacando a disponibilidade já manifestada pela Câmara Municipal de Beja, governador civil e diocese de Beja de "abraçar a ideia", que, só por si, justifica a "razão de existir" do aeroporto, cujas obras arrancaram na segunda-feira. Sintetizando o que será a cidade do cinema em Beja, Saleiro explicou que é uma infra-estrutura "onde podem ser montados cenários e onde permanentemente temos actores e actrizes de todo o mundo a fazer filmagens" coordenados a partir de Hollywood.A partir do momento que os americanos revelaram interesse para instalar na Europa uma cidade do cinema, e como "nós estamos em condições para o poder fazer", só falta convencê--los "que é em Beja que deve ser feita", defende o presidente da associação de comerciantes de Beja. Saleiro enfatiza a vantagem de estar a ser construído o aeroporto de Beja, que garantirá ligação com o mundo".
No "aftermath" da derrota. Algumas questões s/ o futebol do Benfica (2) - Que fazer?
Partamos de dois princípios: não conheço o que se passa no balneário e nos bastidores e por isso não me debruçarei sobre o assunto nem tecerei teorias da conspiração tanto a gosto de alguns comentadores encartados; partirei do princípio que todos os 13/14 jogadores que têm sido mais utilizados por Fernando Santos continuarão no clube (incluindo Nuno Assis), não especulando sobre hipotéticas saídas. Vejamos então:
- Tal como uma empresa deve ter uma política de contratação e gestão de “recursos humanos” o clube tem de que ter uma política de contratações, salários, integração, etc, muito bem definida. Não pode contratar, como até aqui, um pouco casuisticamente, uma vez acertando, outras não, integrando ou não os jogadores na equipa consoante “o que a época vai dando”. Isso permitir-lhe- á errar menos e, assim, rentabilizar os seus recursos.
- Não vejo uma razão suficientemente forte para afastar o treinador, uma vez que não só não terá cometido erros que o justifiquem como iniciou algo que se revelava há muito necessário e que, numa primeira fase, constituiria um risco: a mudança do modelo e do sistema de jogo da equipa, passando de uma equipa de “espera” e contra-ataque, baseada num 4x2x3x1, para uma equipa que assume o jogo, de “ataque continuado” e circulação de bola, baseada num 4x4x2 em losango. É uma mudança essencial para quem terá de “assumir” o jogo em 95% das ocasiões, jogando contra equipas “fechadas” junto à sua área. Mesmo que a direcção do clube se decida pela mudança do comando técnico (o que, reafirmo, não constitui o key issue que levará à resolução dos problemas) deverá privilegiar a contratação de um treinador que perfilhe o mesmo ou um modelo de jogo semelhante, mantendo, tanto quanto possível, a identidade da equipa.
- Terá de emprestar Moreira para onde este possa jogar e evoluir – nunca vender o seu passe, pelo menos de momento. O clube não tem referências fundamentais vindas da “formação” e Moreira, até pela empatia que criou com os adeptos, pode vir a ser, no futuro, um activo importante.
- Terá de contratar um defesa direito mais consistente a defender, mais inteligente na integração do seu jogo com o colectivo, mais alto (o que permitirá melhorar o déficit da equipa neste campo e o jogo na sua área defensiva), mas simultaneamente capaz de se integrar com alguma facilidade nas acções ofensivas, questão essencial no actual modelo de jogo da equipa.
- A contratação de mais um central parece ser indispensável, até para uma ideal integração progressiva de David Luiz, que vem da 3ª divisão do Brasil e tem apenas 19 anos. Se for suficientemente polivalente para ser alternativa no lugar de pivot defensivo (o “trinco”), melhor ainda.
- Partindo do princípio que Rui Costa poderá jogar mais um ano, mas sempre limitado (fará 36 anos na próxima época) a 20 ou 30’ por jogo, e que Simão, Nuno Assis e até mesmo Karagounis (em último caso) poderão assumir o vértice mais adiantado do “losango”, a equipa precisa de um médio “box to box” que possa entrar “de caras” na 1ª equipa e um outro como alternativa.
- Mantorras, pelo seu passado no clube e pelo historial da sua lesão, pela ligação a Luís Filipe Vieira e pelas suas afirmações recentes, tornou-se num elemento “desestruturante” no grupo. Seria melhor emprestá-lo ou dispensá-lo.
- Por fim, a questão-chave: um striker que valha 15/20 golos por época, que potencie o poder fisico-atlético da equipa e a sua capacidade para jogar na área contrária, e um outro que possa constituir uma alternativa credível, mesmo que a prazo.
Para além disso, será importante que a direcção transmita para todo o futebol do clube, “para baixo”, um exemplo do seu relacionamento com os adeptos e de gestão do plantel mais baseados no rigor e menos num populismo de emoções certas no curto prazo, mas de ausência efectiva de resultados no presente e de credibilidade no futuro.
Estas são - em minha opinião, claro está - as verdadeiras questões a enfrentar. Tudo o resto serão elementos distractivos, que evitam a concentração no essencial e que, como tal, deverão ser evitados.
terça-feira, abril 17, 2007
"Personalidades": Valentim Loureiro, Alberto João Jardim e Jorge Coelho
Três exemplos. O comportamento grosseiro e rufia de Valentim Loureiro - cujos problemas com a justiça, civil ou militar, não são de hoje - a notória falta de educação que constitui sobrepor o seu tom de voz a todos os outros, interrompendo-os – e assim seria considerado se assumido por qualquer outro – é muitas vezes assumido como voluntarismo, como marca distintiva de empreendorismo, de alguém que é uma força da natureza na sua vontade de “realizar”, de não se deixar vencer. Como símbolo de quem não se deixa abater, de uma vontade indómita que até terá levado o seu clube a campeão nacional.
Já em outro desses exemplos, o de Alberto João Jardim, o seu verbo desabrido, por vezes (muitas) mesmo brejeiro e denunciando as alegrias e descontracção que o álcool contribui para libertar, é significado de proximidade com o povo, de intimidade com quem o considera “um deles” e não se revê nos “mouros” lá do “contenente”. É, no fundo, reflexo de comunhão com os seus, ou com aqueles que o próprio Jardim tenta erradamente apresentar como sendo seus iguais, no fundo desvalorizando-os. Por vezes, também, é visto como se fosse senhor de uma irresponsabilidade desculpável, um pouco como o “bobo”, o tonto da aldeia a quem quase tudo é permitido na medida em que isso contribua para nos divertir sem, no essencial, pôr quase nada em causa.
Por último, Jorge Coelho. Os seus discursos de uma demagogia eivada do mais rasteiro populismo, a sua aparente impreparação intelectual e déficit de cosmopolitismo quando comparados com os seus parceiros de debate, são interpretados como reflexo da sua proximidade e intimidade com as bases do partido, com o Portugal mais profundo onde tem a sua influência o que lhe concede o “dom” da capacidade mobilizadora das massas. Enfim, são considerados como o elemento positivo indispensável ao controle do aparelho, como se esse fosse constituído por uma massa acéfala só assim despertada e controlável. Por fim, a sua tantas vezes falta de pensamento próprio, de autonomia crítica, é apenas considerada como lealdade, quase sendo considerado como o guardião do Santo Graal partidário.
São análises erróneas, oriundas da nossa tradicional falta de rigor e de exigência e da condescendência para com a mediocridade. Do medo do confronto. Do debate ligeiro e superficial e da menorização da política e da estratégia. São, simultaneamente, sintomas e factores potenciadores do nosso atraso.
segunda-feira, abril 16, 2007
"Novas Oportunidades" - mais um caso de falta de profissionalismo
domingo, abril 15, 2007
"Pressões" jornalísticas e democracia
Claro que na ditadura de Salazar e Caetano o que acima se descreve não existia, pois havia a censura. Como também não existe nos países dos “queridos líderes”, sejam eles onde forem ou chamem-se eles o que se chamarem. Aí todos os “meios” são do Estado. Ainda alguém tem dúvidas sobre a escolha?
sábado, abril 14, 2007
sexta-feira, abril 13, 2007
O Portugal da "bimbolândia"
“A autarquia de Paredes vai construir um parque industrial para o sector automóvel. O objectivo é criar condições para a instalação de empresas do sector, escolas técnicas e ainda uma pista de automobilismo capaz de receber treinos de Fórmula 1. A pista deverá ser concebida pelos homens do patrão da F1, o conhecido Bernie Ecclestone. O investimento, numa primeira fase, é da ordem dos cinco milhões de euros.” (“Semanário Económico”, 13.04.07)
Acho que nada de melhor poderia existir para nos trazer imediatamente de volta, de modo brutal, a esta nossa realidade provinciana, da falta de rigor, do desperdício, do alheamento da realidade do mundo e da vida, das decisões centradas em ideias fantasistas de quem – lá na “terrinha” - se acha o centro do mundo e da inteligência indígena, perante os salamaleques dos subservientes do costume e a ideia, mil vezes repetida, de que “quer pôr Paredes no mapa”. Pois já viram bem o que seria ter o Fernando Alonso a curvar em derrapagem controlada lá em Paredes? Quantos espanhóis isso iria trazer lá do Principado das Astúrias que até nem é assim tão longe? De facto, talvez o “Semanário Económico” nos esteja a fazer um favor ao publicar a notícia, pois ela poderá muito bem ter o condão de alertar quem de direito para o enorme disparate, já que chamar à realidade luminárias de onde partiu tal ideia deve ser tarefa bem impossível, condenada ao insucesso.
Regionalização? Não, obrigado!!!
No "aftermath" da derrota. Algumas questões s/ o futebol do Benfica
- A equipa do Benfica apresenta um muito claro déficit de altura. Num normal escalonamento inicial, apenas três jogadores têm mais de 1,80m (Luisão, Katsouranis e Anderson ou David Luiz – todos eles centrais e um médio) e, pior ainda, a “moda” estatística aproxima-se perigosamente do 1,70m (Petit, Simão, Nélson, Leo, Karagounis e Miccoli – não falando já de Manu e Paulo Jorge). Em alta competição, já não se usa.
- Apresenta, também, uma enorme insuficiência de “presença” e de poder físico-atlético na área contrária, com a consequente incapacidade de nela jogar. Raramente Nuno Gomes ganha uma disputa aos defesas contrários, quer no centro quer nas alas, principalmente no jogo aéreo, o que também torna inútil o recurso ao jogo directo quando as circunstâncias do jogo o poderiam aconselhar. Essa insuficiência tem sido disfarçada com os remates de longe, os livres e o avanço dos centrais e de Katsouranis nas bolas paradas. Mas quando Luisão e o grego não estão...
- Ligado com o tema anterior, o Benfica não tem um verdadeiro striker desde os tempos de Van Hooijdonk e João Tomás. A nível interno a “coisa” lá se vai disfarçando, tal como quando a equipa, no tempo de Trapattoni e Koeman, jogava em contra-ataque. Jogando num 4-4-2 em losango, em circulação de bola e “ataque continuado”, a carência é por demais evidente. A ausência de convicção de Nuno Gomes no momento do remate é confrangedora. Com tantas contratações inúteis, não dá para compreender. Que raio, também não se pede um Drogba!
- As transições ofensivas e a criação de desequilíbrios no ataque dependem demasiado (ainda mais quando Simão está em menos boa forma) da acção atacante dos laterais, o que “descompensa” defensivamente a equipa, principalmente quando Luisão não está e Katsouranis (o grande pêndulo da equipa) está a meio gás. A situação piora porque Nelson não tem nem a ciência nem a experiência e inteligência de jogo de Leo, acabando as jogadas pelo flanco direito demasiadas vezes em centros “para o pinhal”, ou, pior ainda, perdas de bola infantis e passes para os adversários apanhando a equipa em “contra pé”. Independentemente de alguns fogachos e de tentar corrigir falhas no seu posicionamento defensivo e na sua integração no colectivo, dificilmente Nelson virá a ser um lateral de categoria.
E se a direcção e o treinador do Benfica pensassem a sério em resolver isto?
quinta-feira, abril 12, 2007
Recomendação
1º ministro, juventudes partidárias e carreiras académicas
Mas há ainda mais. Em Portugal, o empreendorismo nunca teve, por razões históricas e de regime, grande prestígio, autonomia ou desenvolvimento. Industrialização incipiente e tardia, condicionamento de acesso durante a ditadura, anátema ideológico durante e no pós revolução são apenas algumas das razões. Também será difícil, reconheçamos, ou até mesmo impossível nos dias de hoje dadas as exigências, conciliar uma carreira política bem sucedida com uma actividade profissional no sector privado com igual sucesso. Mais uma razão, portanto, para não se estranhar que os políticos sejam maioritariamente oriundos de actividades ligadas ao Estado, e, por maioria de razões, da área académica. Não digo que isso seja desejável, limita-se a ser lógico e a acontecer de facto.
Mas o problema começa agora, quando os primeiros políticos oriundos das juventudes partidárias começam a aspirar ou a chegar a lugares de destaque. Iniciados na política da intriga e do aparelho desde muito novos (muitas vezes desde o secundário) pouco ou nenhum tempo lhes terá sobrado para uma carreira académica prestigiante numa universidade que requeira exigência de estudo e forme competências. E a alternativa aí está, em todo o seu esplendor: não querendo, possivelmente por acharem desprestigiante quando comparados com a geração ou gerações anteriores, assumirem essa sua situação, de facto, recorrem a licenciaturas de valor mais do que duvidoso, obtidas de um modo que se aproxima do clandestino em universidades privadas cuja actividade académica está muitas vezes longe de constituir o seu core business. E, aqui como em qualquer outro negócio ou actividade, todos sabemos que um almoço nunca é de graça!
quarta-feira, abril 11, 2007
O 1º ministro e a entrevista
O 1º ministro na RTP
História(s) da Música Popular (39)
Ora, pois vamos lá voltar á surf music que já se faz tarde e Jan (Berry) and Dean (Torrence) não podem esperar. Pois Jan and Dean, ambos naturais de LA, Ca - muito menos conhecidos que os Beach Boys – foram autores de uma série impressionante de êxitos entre 1958 e 1966, ano em que um desastre de carro em Whittier Boulevard (não foi na “Dead Man’s Curve” – um dos seus maiores êxitos) quase matou Jan Berry. Eram colegas na equipa de futebol (americano, o nosso diz-se soccer) da Emerson Junior High School quando gravaram o seu primeiro single (“Jennie Lee”), mas o êxito chegou só em 1963 com o #1 “Surf City” escrito por Jan (Berry) e – imaginem lá!!! – por Brian Wilson (o dos Beach Boys, claro), responsável, mais tarde, pelo inesquecível “Pet Sounds”, um dos melhores álbuns de sempre (o melhor?) da música popular. Mas isso é já outra conversa, restando por agora acrescentar que Dean (Torrence) também canta no célebre Barbara Ann dos rapazes de Brian Wilson. Uma promiscuidade!
Mas depois de alguns êxitos – para além de “Surf City” ainda ouviremos por aqui "Little Old Lady From Pasadena" (#3, 1964) e "Dead Man’s Curve” (#8, também 1964), eis se não quando, em Abril de 1965, Jan (Berry) resolveu chocar com um camião a 100 à hora matando três dos seus passageiros e ficando (quase) amnésico durante anos. De tal modo que só em 1973 se passou novamente a lembrar das “letras” das músicas...
Mas pronto, para já aqui fica a “Surf City” de Jan and Dean, com um vídeo obtido com a colaboração do "You Tube" e de... Walt Disney!!! Até já!
terça-feira, abril 10, 2007
Os "estudos" do primeiro-ministro
segunda-feira, abril 09, 2007
Da arquitectura, dos estádios e dos bairros
Mas os tais 35’ a ver jogar só o Sporting deram-me espaço e tempo para pensar um pouco sobre aquele estádio de Braga, obra premiada e emblemática da arquitectura nacional e não só. Convém dizer que nunca lá assisti a nenhum jogo, e só vi o estádio em directo e ao vivo – isto é: no local – na fase final da sua construção, aí pelos finais de Agosto de 2003. A “coisa” impressionou-me, como já me tinha impressionado quando vi as primeiras maquettes da net. Mas os primeiros jogos via TV mergulharam-me de imediato em algumas pungentes dúvidas e interrogações que o tempo se encarregaria de confirmar. Como diria o tal senhor francês, um estádio de futebol serve para se jogar e ver o dito. Melhor ainda, serve de local onde se produzem espectáculos de futebol que se desejam ser o mais bem sucedidos e vendáveis possível. Cumprirá o estádio do arquitecto Souto Moura tais desígnios? Sinceramente, eu, que não consigo fazer um risco direito no papel, acho que não. Em primeiro lugar, porque o facto de não ter bancadas nos topos prejudica a proximidade do público, o “calor humano” (passe o chavão) tão necessário ao espectáculo. Basta ver que um dos segredos do êxito da “Premiership” é essa proximidade entre público e jogadores, essa “homogeneização” e simbiose dos intervenientes assim conseguida, quando Frank Lampard (por exemplo) corre para os adeptos a festejar um golo ou quando é focado o público atrás das balizas nos pontapés de canto e nos livres mais perigosos. O estádio de Braga torna o espectáculo frio e distante, e basta compará-lo com algum jogo no “Bessa” (um estádio nos seus antípodas em termos conceptuais) que tenha mais de 15.000 pessoas a assistir. Em segundo lugar, já houve queixas de que o lugar era frio e desconfortável, o que não estranho, pois, para além de uma situação em zona de ventos (pareceu-me), a inexistência de bancadas atrás das balizas contribui não só para o ambiente emocionalmente frio como também (imagino) para uma maior exposição do público ao frio e ao vento.
Penso estarmos perante mais um caso de arquitectura inimiga do utilizador (o contrário de user friendly) o que é, infelizmente, bem mais comum do que seria desejável. Durante anos vivi na zona da avenida de Roma/ avenida EUA, e algo de semelhante é aí também verificável. A Avenida EUA foi considerada durante muito tempo um exemplo de urbanismo moderno, com os seus prédios assentes sobre “estacas”, perpendiculares à rua, com espaços verdes entre eles e sem comércio. Pelo contrário, a avenida de Roma é um exemplo típico de urbanização tradicional, com prédios paralelos à rua, sem espaços verdes e o comércio situado nos pisos térreos integrando-se com a habitação. Hoje é uma zona segura, onde milhares de pessoas passeiam diariamente entre lojas, cafés e “dois dedos” de conversa e vizinhança. Pelo contrário, a avenida EUA é mais insegura, fria (em temperatura e ausência de peões) e ventosa, pois a disposição urbanística permite que o vento circule com mais facilidade e a ausência de comércio não contribui para potenciar o “passeio” e o tornar agradável. Acresce que os espaços verdes são pouco utilizados, excepto para a actividade higiénica (?) canina, como é tão habitual em Lisboa.
Enfim, esta história da arquitectura faz-me lembrar um pouco o festival de Cannes do filme publicitário: os filmes que ganham prémios muito raramente cumprem o seu objectivo de publicitar eficazmente uma marca, e por isso nunca os vemos passar na televisão ou no cinema, pois o seu objectivo último joga-se apenas nesse mesmo festival...
sábado, abril 07, 2007
Outras Músicas (22)
sexta-feira, abril 06, 2007
A propósito do Espanyol-Benfica
Do "TGV"
Justifica-se, portanto, que tanto Espanha como França, ainda por cima países com uma mais moderna e sofisticada estrutura empresarial, possuam, ou estejam a construir, uma rede de comboios de alta velocidade para ligar essas cidades, o que antes só era possível fazer com rapidez utilizando o avião como meio de transporte. Pelas mesmas razões se justifica que Lisboa se conecte a essa rede através de uma linha que a ligue à cidade mais importante da península, distante 600 km, e, cada vez mais, o seu mais importante centro empresarial e de negócios: Madrid. Nesse caso, colocando Madrid e Lisboa à distância de + ou - 2h, o comboio de alta velocidade será competitivo com o avião.
Distando Lisboa e o Porto apenas 300km (e já não falo da distância ridícula entre o Porto e Vigo ou da efectiva importância das duas cidades enquanto centros de negócios), essa distância pode ser perfeitamente percorrida em menos de duas horas pelos comboios pendulares, com uma linha adequada, tornando a utilização do comboio perfeitamente competitiva com o automóvel ou o avião. Não consigo encontrar, portanto, qualquer justificação para a construção de uma linha de alta velocidade entre Lisboa e Porto ou, muito menos, entre esta cidade e Vigo. Será apenas, uma vez mais, megalomania, vício de novo rico(?) ou uma cedência a vaidades locais e tráficos de influências vários que todos teremos que pagar?
quinta-feira, abril 05, 2007
Chelsea...
Muito para além da licenciatura de José Sócrates
Passámos também a saber, e não só a desconfiar - embora a desconfiança fosse muita, tipo “rabo escondido com gato todo de fora” – que essas mesmas universidades privadas, além de espaço privilegiado para lavagem de dinheiro e negócios muito obscuros, são também campo para a concessão de licenciaturas fictícias e tráfico de influências com o Estado e a governação, o que não deixa de nos levar a pensar nas “facilidades” que esses negócios ilícitos podem assim obter em esferas, no mínimo, próximas da governação.
Quem anda na vida dos negócios e das empresas (privadas) também sabe há muito o que valem essas licenciaturas como garantia de saber científico e proficiência profissional, pelo que quem as apresenta como credencial básica de formação escolar é normalmente relegado para o esquecimento quando se trata de processos de admissão.
Mas atenção: há uma área em que as coisas se passam diferentemente, e essa área é o Estado e a Administração Pública. No funcionalismo público existem duas carreiras estanques, a carreira administrativa e a técnica, sendo que esta última é reservada a licenciados (mesmo que a sua licenciatura nada tenha a ver com o trabalho ou tarefa a desempenhar). Quem apresente uma licenciatura, mesmo que em “Sociologia da Vida dos Morcegos” atribuída pela universidade da Parvónia de Baixo, tem ingresso imediato e automático na “carreira técnica”, com todos os benefícios e regalias inerentes incluindo a habitual progressão automática. E como a progressão é mesmo automática, a partir daí não importam essas medíocres ou “forjadas”, ou outras bem melhores, qualificações ou desempenhos. Pelo contrário, quem não possui qualquer licenciatura está condenado a ser “administrativo” toda a vida, mesmo que seja um funcionário exemplar e manifeste capacidades para o exercício de outras funções de maior exigência e qualificação. É um resquício de um corporativismo medievo, sem qualquer razão de existência no século XXI e sem paralelismo no sector privado. Será certamente origem de injustiças e de disfuncionalidades várias que não contribuirão, em nada, para a eficácia e modernidade da Administração e do país.
quarta-feira, abril 04, 2007
William Blake: "Songs of Innocence and of Experience" (10)
terça-feira, abril 03, 2007
Estranho país, este...
segunda-feira, abril 02, 2007
Benfica-FCP
- Apesar de toda evolução verificada e de Eriksson (primeiro) e Mourinho (depois) terem destruído de vez o mito do futebol de “trazer por casa” de José Maria Pedroto - o grande responsável por anos de atraso do futebol indígena - o futebol português ainda é demasiado “burilado”, demasiado “habilidoso”, muito “bola no pé”, relativamente pouco dinâmico e objectivo nos seus processos de jogo e, principalmente, apresenta ainda um claro déficit em termos fisico-atléticos e de presença atacante na área. Atente-se no facto de nos últimos FCP-Sporting e Benfica-FCP todos os golos terem sido marcados de “bola parada”, em remates de longe ou por defesas centrais - ou com clara interferência directa destes. O mesmo se verificou com o golo da selecção portuguesa na Sérvia e com os escassos dois golos marcados pelos “ponta de lança” portugueses na fase final do Mundial de 2006. Mais ainda, o melhor marcador do campeonato português não é um “ponta de lança” e apenas marcou, até agora, 10 golos! Compare-se com o que se passa nos principais campeonatos europeus...
Só isto explica que um jogador como Nuno Gomes, que não ganha uma disputa de bola com os defesas contrários, apresenta uma total desconcentração competitiva, ausência de convicção frente à baliza contrária e marca um golo “todos os de vez em quando” depois de falhar vários, continue a ser titular do Benfica e da selecção nacional...
- Parece que, de novo, mais alguns membros das Sturmabteilung do presidente do FCP (os mesmos que assobiaram o minuto de silêncio em memória de Manuel Bento) provocaram distúrbios no Estádio da Luz, tendo mesmo ferido algumas pessoas. Gostaria de saber se, no próximo e seguintes jogos do FCP, continuarão a ser autorizados a frequentar os estádios e a aterrorizar quem gosta de futebol e dos seus clubes. No local onde os instalaram no estádio, já lá vi esta época adeptos do Celtic (dez mil), do Man. United e do F. C. Copenhaga sem que nada de negativo (bem antes pelo contrário) se tenha passado. Entretanto, já ouvi hoje José Guilherme Aguiar (o mesmo que é comentador residente de um programa da SIC Notícias sobre futebol que parece uma viagem ao passado), qual Ernst Röhm sem a sua Nacht der Langen Messer, declarar que a responsabilidade era dos organizadores do jogo. Aceito que tenham alguma responsabilidade no sucedido (como entraram very lights para a bancada???); mas como é que gente desta ainda é autorizada a assistir a jogos de futebol?