domingo, abril 22, 2007

"Conselho Nacional contra (???) a Violência no Desporto"

Na passada sexta-feira reuniu o “Conselho Nacional contra a Violência no Desporto”. Face aos graves acontecimentos registados no último Benfica-FCP, esperaríamos algumas medidas concretas e drásticas para eliminar de vez com violência nos estádios, na maior parte dos casos originada pelo comportamento das “claques”, algo que está manifestamente a prejudicar a indústria do futebol e a que os ingleses, na pátria do hooliganismo, puseram cobro há já mais de uma década. Optimismo a mais, claro está. Penalizar as claques que entoam cânticos obscenos e racistas e que contenham apelos à violência (do tipo “Oh, Pinto da Costa vai para o caralho”, “Eu só quero ver Lisboa a arder”, “Lagartos e tripeiros, todos paneleiros” ou “Em cada lampião, um cabrão”) nem pensar! Proibir a entrada nos estádios a símbolos para-nazis e ofensivos, o que é isso? Forçar quem tenha comportamentos e atitudes impróprias a abandonar o estádio, nunca jamais! Impedir a entrada nos estádios a quem tenha reiteradamente comportamentos neste âmbito, está na lei mas não se aplica. Penalizar pontualmente, ou com jogos à porta fechada, os clubes cujos adeptos incorram comprovadamente em comportamento violento e ilegal? Esqueçam. Saber exactamente o que se fez em Inglaterra e aplicar por cá? Ui, que susto!!!
Não. Os senhores do tal “Conselho Nacional contra a Violência no Desporto” decidiram que o combate passa por medidas tão "radicais" como o registo das claques e pela melhoria da formação dos stewards!!! Ah, e para que tudo se proceda “nos conformes”, no dia seguinte reuniram com os clubes, Liga e FPF pedindo ajuda para a legalização das ditas claques, o que é mais ou menos o mesmo do que pôr a raposa a tomar conta dos ovos e das galinhas! Resta acrescentar que o apoio dos clubes a claques não legalizadas (actualmente, todas) já pode ser sancionado com o impedimento de organizar eventos desportivos – lei nº 16/2004 – mas o CNVD acha não existe razão para agir. Toda a notícia, publicada no “Público” de ontem, seria uma verdadeira comédia, se não fosse, isso sim,trágica! Mas, digo-vos, vale como retrato de algo mais ou menos parecido com um país!

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