No “Público” de hoje (sem link), o Tenente-Coronel Piloto-Aviador Brandão Ferreira interroga-se, a propósito do comportamento, considerado inadequado, dos militares britânicos capturados (ou raptados) pelo Irão, sobre se “estará a tropa inglesa de boa saúde”. A questão é um pouco mais profunda, e remete para a natureza dos exércitos, ideologias de suporte e guerras actuais.
O modelo de exército do século XX era, com maiores ou menores adaptações, o dos exércitos construídos após o fim do Ancien Régime, do recrutamento geral e obrigatório baseado na ideia de “defesa da pátria”, que lhe servia de suporte ideológico, um conceito também ele herdado da época áurea dos nacionalismos do século XIX. Foi este modelo que combateu nas guerras entre nações, desde Napoleão até à WWII, e é este modelo, em primeiro lugar através da crise da ideologia que o suporta, que começa a ser posto em causa nas guerras coloniais dos anos cinquenta (Indochina), e subsequentes (Portugal), ou nos conflitos localizados da guerra fria (Vietnam/USA e Afeganistão/URSS). Os resultados são bem conhecidos, tanto no campo estritamente militar como contestação e modificação dos comportamentos, até aí, tidos como “próprios” de um soldado numa situação de guerra.
No final do século passado, e, com especial incidência, nos primeiros anos deste século, após o fim da “guerra fria”, o modelo começa a mudar e o exército profissional toma conta dos teatros de guerra. Já não estamos perante o recrutamento obrigatório – o exército de “todo o povo” – nem “a defesa da pátria em perigo” é o cimento ideológico que lhe dá coesão. Estamos perante homens e mulheres que fazem da “vida militar” a sua profissão e se oferecem para os teatros de guerra por mor da melhoria das suas condições de vida (leia-se, financeiras), por vezes com algum gosto de aventura e de conhecer o mundo à mistura. É esta a sua motivação principal e, por via dela, os comportamentos esperados terão de ser necessariamente outros. De que modo irão os Estados enfrentar este problema e como poderão, nestas circunstâncias e em que condições, adoptar códigos de conduta militar adequados e passíveis de cumprimento? É este, efectivamente, o desafio actual.
O modelo de exército do século XX era, com maiores ou menores adaptações, o dos exércitos construídos após o fim do Ancien Régime, do recrutamento geral e obrigatório baseado na ideia de “defesa da pátria”, que lhe servia de suporte ideológico, um conceito também ele herdado da época áurea dos nacionalismos do século XIX. Foi este modelo que combateu nas guerras entre nações, desde Napoleão até à WWII, e é este modelo, em primeiro lugar através da crise da ideologia que o suporta, que começa a ser posto em causa nas guerras coloniais dos anos cinquenta (Indochina), e subsequentes (Portugal), ou nos conflitos localizados da guerra fria (Vietnam/USA e Afeganistão/URSS). Os resultados são bem conhecidos, tanto no campo estritamente militar como contestação e modificação dos comportamentos, até aí, tidos como “próprios” de um soldado numa situação de guerra.
No final do século passado, e, com especial incidência, nos primeiros anos deste século, após o fim da “guerra fria”, o modelo começa a mudar e o exército profissional toma conta dos teatros de guerra. Já não estamos perante o recrutamento obrigatório – o exército de “todo o povo” – nem “a defesa da pátria em perigo” é o cimento ideológico que lhe dá coesão. Estamos perante homens e mulheres que fazem da “vida militar” a sua profissão e se oferecem para os teatros de guerra por mor da melhoria das suas condições de vida (leia-se, financeiras), por vezes com algum gosto de aventura e de conhecer o mundo à mistura. É esta a sua motivação principal e, por via dela, os comportamentos esperados terão de ser necessariamente outros. De que modo irão os Estados enfrentar este problema e como poderão, nestas circunstâncias e em que condições, adoptar códigos de conduta militar adequados e passíveis de cumprimento? É este, efectivamente, o desafio actual.
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