Em Portugal, existe a tradição de os políticos ostentarem um grau académico, normalmente, e no mínimo, a licenciatura. Até no PCP, “partido da classe operária” com uma tradição de forja de lideres dela oriundos, isso acontece pelo menos desde que Cunhal ascendeu a secretário geral, sendo a excepção, de muito fresca data, Jerónimo de Sousa, curiosamente, divergências à parte, um excelente político muito bem preparado para as funções que exerce. É natural que assim seja, não só porque se espera que sejam os melhores a governar, e a isso corresponderá em princípio uma melhor qualificação escolar, como porque os políticos são normalmente oriundos das classes “mais favorecidas” (digamos assim), o que facilita essa sua progressão na vida académica. As excepções, aqueles de meios mais pobres que ascenderam na sua formação escolar, servem para confirmar a regra, em princípio dados os seus dotes de excelência.
Mas há ainda mais. Em Portugal, o empreendorismo nunca teve, por razões históricas e de regime, grande prestígio, autonomia ou desenvolvimento. Industrialização incipiente e tardia, condicionamento de acesso durante a ditadura, anátema ideológico durante e no pós revolução são apenas algumas das razões. Também será difícil, reconheçamos, ou até mesmo impossível nos dias de hoje dadas as exigências, conciliar uma carreira política bem sucedida com uma actividade profissional no sector privado com igual sucesso. Mais uma razão, portanto, para não se estranhar que os políticos sejam maioritariamente oriundos de actividades ligadas ao Estado, e, por maioria de razões, da área académica. Não digo que isso seja desejável, limita-se a ser lógico e a acontecer de facto.
Mas o problema começa agora, quando os primeiros políticos oriundos das juventudes partidárias começam a aspirar ou a chegar a lugares de destaque. Iniciados na política da intriga e do aparelho desde muito novos (muitas vezes desde o secundário) pouco ou nenhum tempo lhes terá sobrado para uma carreira académica prestigiante numa universidade que requeira exigência de estudo e forme competências. E a alternativa aí está, em todo o seu esplendor: não querendo, possivelmente por acharem desprestigiante quando comparados com a geração ou gerações anteriores, assumirem essa sua situação, de facto, recorrem a licenciaturas de valor mais do que duvidoso, obtidas de um modo que se aproxima do clandestino em universidades privadas cuja actividade académica está muitas vezes longe de constituir o seu core business. E, aqui como em qualquer outro negócio ou actividade, todos sabemos que um almoço nunca é de graça!
Mas há ainda mais. Em Portugal, o empreendorismo nunca teve, por razões históricas e de regime, grande prestígio, autonomia ou desenvolvimento. Industrialização incipiente e tardia, condicionamento de acesso durante a ditadura, anátema ideológico durante e no pós revolução são apenas algumas das razões. Também será difícil, reconheçamos, ou até mesmo impossível nos dias de hoje dadas as exigências, conciliar uma carreira política bem sucedida com uma actividade profissional no sector privado com igual sucesso. Mais uma razão, portanto, para não se estranhar que os políticos sejam maioritariamente oriundos de actividades ligadas ao Estado, e, por maioria de razões, da área académica. Não digo que isso seja desejável, limita-se a ser lógico e a acontecer de facto.
Mas o problema começa agora, quando os primeiros políticos oriundos das juventudes partidárias começam a aspirar ou a chegar a lugares de destaque. Iniciados na política da intriga e do aparelho desde muito novos (muitas vezes desde o secundário) pouco ou nenhum tempo lhes terá sobrado para uma carreira académica prestigiante numa universidade que requeira exigência de estudo e forme competências. E a alternativa aí está, em todo o seu esplendor: não querendo, possivelmente por acharem desprestigiante quando comparados com a geração ou gerações anteriores, assumirem essa sua situação, de facto, recorrem a licenciaturas de valor mais do que duvidoso, obtidas de um modo que se aproxima do clandestino em universidades privadas cuja actividade académica está muitas vezes longe de constituir o seu core business. E, aqui como em qualquer outro negócio ou actividade, todos sabemos que um almoço nunca é de graça!
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