Estranho país, este, onde uma aterragem “nem assim de muita emergência” de um avião da TAP em Luanda e os problemas da transportadora para conseguir hotel para todos os passageiros são notícia importante, com direito a vários passenger statement e tudo, de vários noticiários na rádio e televisão. Estranho? Não tanto assim... Restos, ainda presentes, de um país de emigrantes e de uma guerra colonial em que os aviões da TAP eram o elo de ligação e a memória presente de um país distante, mas onde se queria sempre voltar, com o qual de imediato o português se identificava e reencontrava mal os via estacionados na placa de um aeroporto de um país estrangeiro, mesmo que lhe dissessem que aquela terra também era Portugal. Assim se estabeleceu uma relação de afecto com algo que era “nosso”, tanto como o eram o Benfica dos relatos ao domingo à tarde (suponho que na “onda curta”), os chouriços que vinham "lá da terra", os espectáculos dos cantores populares ainda antes de serem “pimba” e a cerveja “Sagres” comprada – sei lá – na loja do bidonville... E agora digam lá que vão privatizar a TAP!... Por mim, não tenho nada de especial a obstar. Mas talvez primeiro tenham de convencer essas memórias e quem ainda as possui de que se pode privatizar o património de um país, um “pedaço da mãe-pátria”!
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