Desconfio de unanimismos. Por sistema e por convicção. Sempre que vejo demasiado unanimismo em relação a um acontecimento ou a alguém, tendo logo a pensar no que estará mal, onde estará o problema. Acresce que Portugal é um país de unanimismo fácil, facto potenciado por uma comunicação social que tende demasiadas vezes a seguir a metodologia "copy/paste", venha a notícia original da Lusa ou de uma qualquer agência de comunicação (ou de ambas).
Vem isto a propósito do papel de João Rocha enquanto presidente do Sporting Clube de Portugal. Já tive aqui oportunidade para me interrogar sobre se a sua opção pelo ecletismo, independentemente dos êxitos desportivos nas modalidades ditas "amadoras" que indiscutivelmente trouxe ao clube a até ao país, terá sido a mais correcta para o futuro do clube; se, com essa opção, soube interpretar o "ar do tempo" ou não terá ela contribuído para acelerar, ou pelo menos para não conseguir inverter, um declínio que vinha já dos anos 60. Ontem, devo dizer que "en passant", ouvi algures, numa rádio ou num canal de TV, não me lembro, que durante a presidência de João Rocha o SCP tinha quadruplicado ou quintuplicado o número dos seus associados. Não duvido, claro está. Mas pergunto-me, referindo-me ao tempo e do modo como esse crescimento se terá processado (gostaria de saber, por exemplo, quantos dessas admissões não teriam acontecido apenas para os novos sócios poderem praticar ginástica e natação), se tal seria sustentável ou, contrariamente e como aconteceu em tantos outros casos, tal não passaria de um balão que se iria esvaziando à mesma velocidade a que tinha enchido. Porque digo isto? Bom, porque penso só existe uma estratégia para fazer crescer sustentadamente o número de associados de um clube, e essa estratégia assenta no investimento e nas vitórias e conquista de títulos no futebol. Parece-me ser também essa estratégia a única que transforma associados em espectadores casuais, estes em espectadores assíduos - de estádio e de TV - e, por fim, todos eles em consumidores de "merchandising". Aliás, foi deste modo, alicerçados nas conquistas nacionais e europeias das suas equipas de futebol, que SLB (nos anos 60) e FCP (nos anos 80) cresceram e se tornaram naquilo que são hoje. O facto do SCP não ter conseguido trilhar percurso semelhante e atravessar hoje graves e reconhecidos problemas devia, pelo menos, levar quem se debruça sobre estas coisas da "bola" a pensar se não existirá nisso uma relação causa/efeito. Mas isto de pensar parece estar mesmo pela "hora da morte".
2 comentários:
Só uma nota: se "só existe uma estratégia para fazer crescer sustentadamente o número de associados de um clube, e essa estratégia assenta no investimento e nas vitórias e conquista de títulos no futebol", como é que o SLB conseguiu sobreviver quando em 15 anos (de 1993 a 2010) o clube só ganhou um campeonato nacional?
Desculpe lá, caro VIC, só não entende quem não quer entender. Ora leia lá bem: "foi deste modo, alicerçados nas conquistas nacionais e europeias das suas equipas de futebol, que SLB (nos anos 60)...". Foi nos anos 60 e 70 - e graças a essas vitórias - que o SLB "deu o salto" e se tornou naquilo que é hoje. Acresce que apesar dos maus resultados na 1ª década deste século,o SLB esteve mesmo assim presente em 3 finais europeias nos anos 80 e 90. Em 82 (UEFA) e 88 e 90 (TCE). Por favor, não deixe que o seu sportinguismo, mais do que legítimo, lhe afecte o raciocínio.
Abraço
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