segunda-feira, março 18, 2013

3 notas 3 sobre a actualidade política

  1. Passos Coelho vem novamente a terreiro com a "velha e relha" história da "oportunidade": o desemprego é uma "oportunidade", a emigração uma "oportunidade" é, a crise "idem idem" e agora o programa de rescisões amigáveis na função pública "aspas, aspas". Um destes dias, a morte será também uma oportunidade, quanto mais não seja para os herdeiros. Esta gente não aprende a mudar um discurso (uma "vulgata" retirada do jargão empresarial) que perdeu qualquer tipo de credibilidade.
  2. A propósito das rescisões amigáveis, espero estar cá para ver, na conjuntura actual, quantos funcionários públicos irão aderir ao programa. Aguardemos. As intenções parecem-me boas, mas temo os resultados venham a ser pífios. Para além disso, fala o primeiro-ministro em fazer "um levantamento exaustivo de todos os suplementos recebidos pelos funcionários públicos e de que (acho Passos Coelho queria dizer "do qual") deverá resultar uma simplificação". Ou seja, traduzindo, e embora admita e esteja mesmo convicto que muitos desses recebimentos não têm razão de ser e se destinam apenas a aumentar disfarçadamente o salário, estamos perante uma solução expedita para reduzir a massa salarial na função pública. Penso o tal levantamento tem toda a razão para ser feito e eventuais distorções causadas por tais suplementos corrigidas, mas resta saber não só da legalidade dos procedimentos, como se o racional em que se irão basear (cortar o mais possível) não irá introduzir injustiças gritantes e criar problemas escusados.
  3. Marcelo Rebelo de Sousa é conselheiro de estado. Se já me parece tal função pouco ou nada compatível com a actividade de comentador político ou animador de televisão (definição que me parece mais correcta), pior ainda se no "talk show" (ou será "stand up comedy"?) de que é animador se referir ao ministro das Finanças como "astrólogo". O pior é que perante a descredibilização de Vítor Gaspar e um país transformado num gigantesco "twitter" todos acham muita graça. Como conselheiro de estado e usando este tipo de linguagem, o que Marcelo Rebelo de Sousa está a fazer é a contribuir para o desprestígio das instituições da República, entre as quais o do próprio Conselho de estado a que pertence. Pobre país...

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