quinta-feira, março 28, 2013

Ainda a entrevista de José Sócrates

  1. José Sócrates tem toda a razão do seu lado nas afirmações que fez ontem sobre Cavaco Silva - acho Manuel Alegre já o disse. Mas como não são a razão ou a justiça que fazem "andar o mundo", essas suas afirmações não foram apenas movidas por uma questão moral e/ou de reposição da verdade, de defesa da sua imagem, embora isso esteja também bem presente. Ao confrontar as atitudes do Presidente da República com uma frontalidade que nem a esquerda radical e comunista têm ousado, José Sócrates está também a conquistar e ampliar o seu espaço político, capitalizando o desgaste do Presidente da República mais fragilizado e contestado em 39 anos de democracia e colmatando assim o "gap" existente entre uma opinião publicada demasiado "atenta, veneradora e obrigada" face a Belém e o pensamento mais radical de muitos portugueses sobre a actuação de Cavaco Silva. Política, pois claro.
  2. Tal como aqui tinha afirmado (sim, estou "fishing for compliments"), e contrariamente aos comentários que ouvi de muitos jornalistas "cãezinhos de Pavlov", José Sócrates pouco ou quase nada se referiu ao PS. Limitou-se a lamentar que ninguém tenha se tenha consistentemente oposto à "narrativa" dominante e mesmo assim teve o cuidado de integrar tal atitude do PS na normal necessidade de uma direcção recém eleita olhar preferencialmente o futuro. Mas o facto é que não precisa de se referir à actuação actual seu partido: basta conhecer as audiências de ontem das televisões, consultar hoje a imprensa e os "blogs"para concluir que - e usando uma feliz expressão de Francisco Proença de Carvalho - "um joga na Champions League e os outros andam pelas distritais". Digamos que todos jogam à bola, marcam golos, cometem erros e perdem jogos, mas a capacidade técnica, o ritmo e a intensidade de jogo e até a capacidade para produzir espectáculos atractivos são bem diferentes. Digamos que Zorrinho e Seguro se devem sentir hoje um pouco acabrunhados.   

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