segunda-feira, março 04, 2013

A "manif." de sábado

Há enorme ruído e existem demasiadas opiniões ditadas pelas barricadas onde cada um se entrincheira a propósito da manifestação do passado sábado. A movimentação popular foi grande e deve ser lida pelo governo como sintoma do descontentamento que grassa na sociedade portuguesa? Sem dúvida. É bom que os cidadãos participem e assim exprimam a sua revolta, contribuindo para mudar o actual estado de coisas? É mesmo indispensável, embora seja de opinião que o radicalismo do "slogan" "que se lixe a troika" possa contribuir para afastar muitos dos potenciais descontentes com o governo - e é pena pois a "rua" não pode ser monopólio da esquerda radical. Mas é também importante ter em conta duas coisas: a repetição do mesmo tipo de acções acaba por vulgarizá-las, enfraquecendo-as e conferindo-lhes um selo de "déjá vu"; e o facto de não existir uma medida concreta, de curto-prazo, a exigir revogação, como foi o caso da TSU em Setembro, que visivelmente caiu "ensanduichada" entre a movimentação popular e a contestação de uma parte significativa das elites políticas, pode também trazer consigo alguma frustração.

2 comentários:

Anónimo disse...


O que lá vi (falo de Lisboa), não era a "esquerda radical", mas sim muitas gente, mesmo muita, de todas as idades e sem a identificação partidária (na esmagadora maioria). Para muitos deve ter sido a primeira manifestação a que foram (eu não me lembro sequer da última a que alguma vez terei ido). A indignação e o protesto contra as politicas que estão a ser seguidas foi a motivação da maior parte dos presentes.
O slogan é o que é, e a maioria certamente esteve lá motivada por aquilo que "sente na pele" diáriamente.

Ignorar (pelo governo e pr) o que se passou no país no passado sabado, não me parece venha a dar bom resultado.

Acredito que a continuar assim, isto ainda vá acabar mal... e sem pacifismos-

O sistema politico bem pode tirar lições dos resultados das recentes eleições em itália.

JC disse...

Caro anónimo: não digo que só lá tenha estado a esqª radical. Mtº longe disso: com tanta gente na rua tal seria impossível. Disse apenas que o "slogan" "que se lixe a troika" pode afastar algumas pessoas mais "moderadas" (digamos assim) que estão contra a actual política. E, já agora, ter "identificação partidária" não é nenhum anátema: tomara eu que mais portugueses tivessem filiação partidária e desse modo tivessem participação cívica.