quinta-feira, março 28, 2013

A entrevista "à vol d'oiseau"

Com razão em muitas coisas, evitando outras para si mais incómodas e onde a sua acção como governante poderia ter sido positivamente diferente, a entrevista de José Sócrates teve um mérito fundamental: "oficializou", deu força, impacto mediático e digamos que trouxe à luz do dia uma "contra-narrativa", até aqui apenas com expressão fundamental nas redes sociais, que contesta e contrasta com aquela que tem sido a narrativa (vamos lá utilizar a expressão da moda) dominante sobre a crise, a acção do Presidente da República e a actuação dos dois anteriores governos do PS e da então oposição do PSD. Nesse sentido, foi uma espécie de meteorito cujo impacto vai fazer estremecer tudo e todos aqueles que, de uma ou outra maneira, com mais ou menos "nuances", deram guarida, de modo quase exclusivo, à narrativa oficial: governo e partidos apoiantes, PS, Presidente de República e, de modo muito particular, comunicação social. Foi uma lufada de pluralismo e uma contribuição para o enriquecimento democrático que só se pode saudar.

Só uma pergunta: qual vai ser, a partir de agora, a atitude do PS de António José Seguro em relação a Belém? Continuará a dominar a ideia do PS voltar ao governo pela mão de Cavaco Silva ou alguma dignidade, que mesmo em política por vezes é boa conselheira, tomará o lugar que lhe deveria competir?

2 comentários:

Vic disse...

O que mais me divertiu foi o espancamento público (e merecido) que Sócrates aplicou em Cavaco.
Goste-se ou não da figura, esteve nesse aspecto muito bem, e teve a coragem de assumir em voz alta o que a maioria dos portugueses que não andam de olhos tapados (de uma ou outra forma) há muito pensam sobre o actual PR, um indivíduo mesquinho, sonso e que, clamando a sua "honradez", não se coíbe de colaborar (ou mesmo orquestrar) em armadilhas desleais destinadas a derrubar quem não faz parte da sua pequena corte de lambe botas, e que ele se encarrega de deixar engordar, mesmo que através de meios menos claros.

Abraço

JC disse...

Acho que você sabe que fui aluno de Cavaco Silva e até estudei a cadeira de "Finanças Públicas", entre outros, pelo seu livro "Política Orçamental e Estabilização Económica" (tive 12 valores, uma nota na altura um pouco acima da média). Conheço bem a "peça", portanto. Não vale a pena acrescentar mais nada ao que v. diz.
Abraço