terça-feira, março 27, 2012

O SLB e a (não)rotação de jogadores

Está agora por aí muito na moda dizer que as dificuldades sentidas pelo SLB nesta altura da época (e das duas anteriores) se devem à ausência de rotação de jogadores (não) efectuada por Jorge Jesus. Devo dizer que, se Jesus tem algumas responsabilidades na queda de produção da equipa quando a época já vai alta, estou em desacordo tal se deva à não rotação de jogadores, quando o poderia fazer. Em primeiro lugar porque existem deficiências na formação do plantel que não permitem essa rotação se faça sem perdas importantes de eficácia (desnecessário citar quais). Mas, mais importante ainda, se verificarmos o que se passa, por exemplo, no Real Madrid, uma das duas melhores equipas europeias e dirigida por um treinador com qualidade acima de qualquer suspeita, e com um plantel com muitas soluções, verificaremos que, em condições normais, isto é, sem lesões ou castigos (verdade que têm tido ambos de sobra...), a rotação é apenas um pouco maior do que no SLB. Na defesa, Arbeloa, Pepe e Sérgio Ramos, em princípio e salvo as tais lesões e castigos, jogam sempre. Varia o defesa-esquerdo, entre Coentrão e Marcelo. Como "pivots defensivos, Xavi Alonso tem lugar cativo, rodando depois Khedira e Lass. Mais para a frente, sendo Cristiano inamovível, haverá alguma rotação entre Higuín e Benzema, Kaká e Özil, havendo por vezes lugar para Callejón e, muito mais raramente, Granero. E está feito, com excepção dos poucos jogos contra equipas menores na Taça do Rei.

Quanto a mim, o que acontece no SLB é bem outra coisa: adoptando um modelo de jogo que privilegia a rapidez, as transições supersónicas, a jogada individual "a romper", a necessidade frequente de recorrer ao jogo directo e que tem sempre a baliza contrária nos olhos, a equipa sofre um desgaste bem maior do que as que fazem da posse e circulação de bola, do jogo de "tabelas" e desmarcações, o seu modelo fundamental, sabendo gerir o jogo e "descansar com bola". Mais ainda: sofrendo a equipa muitos golos com este modelo de jogo, mesmo nos jogos em casa, raramente consegue ter o jogo controlado, permitindo-se então fazer baixar o ritmo de jogo e ao seu treinador efectuar algumas substituições em jogadores-chave sem risco de uma reviravolta deitar tudo a perder. Este parece-me ser, de facto, o problema estrutural da equipa que está na origem do abaixamento de forma nos finais de época. Acresce o "pequeno" pormenor que, não sendo a equipa o Real Madrid (por exemplo), tem de jogar sempre os jogos da Champions League no limite, o que, convenhamos, também em nada contribui para um menor desgaste. Talvez não fosse má ideia a direcção e equipa técnica do meu clube pensassem um pouco sobre este assunto. 

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